sonho ou pesadelo


Tudo Tudo Tudo

Quanto roço se transforma em limo,
Faça o que faça, errei na farsa,
Se, até de mim me tornei sinónimo,
Fosso e palco de uma mesma peça.

Realço o facto de só continuar
Caminho por medo, daquele escuro,
Do lado escabroso, no ir,nã’voltar,
Da cova que, d’ver tremo e esconjuro.

Limei d’mil arestas, senti no casco
A rudeza do martelo e do maço
Só o facho, acarreto por engano

Numa daquelas vielas paralelas
Em que as moradas são, nem caiadas,
Nem, de vê-las, vi despertar meu sono.

Joel Matos

Pessoa Talvez



Tal me fez Pessoa

É talvez o último dia da minha vida,
Tida e sorvida de um único fôlego,
É tal-e-qual ver no escuro, a vereda,
Por, e onde vou, e no quando, cá chego,

Já, e de noite; eu relembro o dia,
- Por ser o último - nem é tristo, nem contento,
Dele que, de fugidia f’rida, invadia,
Não tanto a carne, mais o espírito.

E nem estrebucho, s’esse Tal me fez Pessoa,
Temperado, quanto-baste, até que doa,
Aí, no suspiro do ultimo ai m’apego.

É talvez a mim que vim mentindo, por último,
Em fim de dia; daqueles que mais lastimo,
Se até no dizer, de resto sou Ingrato.

Joel Matos

Tal me fez Pessoa.



É talvez o último dia da minha vida,
Tida e sorvida de um único fôlego,
É tal-e-qual ver no escuro, a vereda,
Por e onde vou, e no quando, cá chego,

Já, e de noite; eu relembro o dia,
- Por ser o último - nem é tristo, nem contento,
Dele que, de fugidia f’rida, invadia,
Não tanto a carne, mais o espírito.

E nem estrebucho, s’esse Tal me fez Pessoa,
Temperado, quanto-baste, até que doa,
Aí, no suspiro do ultimo ai m’apego.

É ,talvez a mim que vim mentindo, por último,
Em fim de dia; daqueles que mais lastimo,
Se até no dizer, de resto sou Ingrato.

Joel Matos

Florbela



Nadas de eternidades, nadas às tonas d’água,
Tudo se afunda, neste t’mor posto em palavras,
Nos tons que me desarrumam, desta tua míngua,
Vestem-me , o drama no eco de pressintas sombras.



Estendo um braço, d’outro grudado ao casco,
Fixo no rasto fedido, deste reles luto,
Em que m’iludo, é com ele que me espanco,
Co’meu cliché mastigado já e sem talento.



Vejo-me neste mundo-sem-ti , num fumo insonso,
Creio apagado o meu lume aceso
Nadas, ao luar ,nas dunas d’aguas  , nas fúrias do mar,



Agonizo em fobia, enraizo d’vegetal,
Bela d’flor intemporal, voos de lástimas e cal
Pura, em que me emprestas, esse orgulho d’amar.



Jorge Santos


As manhãs de manhas.



Do torso e de meu poleiro sou manhoso e
de nuvens me escondo,sou traiçoeiro,
infame até ao peitilho,
nem de conto sou,(valho quanto valho)

e do velho herege e falcoeiro nem vê-lo,
invejo ninfas e vejo pombos sou d'tombos

mas inspiram-me e pronto,todas e todos
mesmo os mortos,
no inferno deste tempo longo

vejo um braseiro plano piano
e o travesseiro bolero bolano

não tem de pranto igual
por ond'ando vulgo eu e dano 

e dano o mote suevo e forte
em noite mundana de faena

 minha pena rasgada de meu flanco
na carreira curta e em de fim-de-ano ,

a minha'avena
é ser termo ,fiquei  aí sem poema 

e se m'apagarem a vela
e se m'desenterram em noite inverna
de lua-cheia.
nas vastas terras de rua 

em que declaro ser musas todas ,todas
as que minh'alma crua persegue 

sendo tuas são todas todas minhas musas
sendo tantas são poucas sempre ,

são minhas manas,minhas manhas
e sendo tuas são belas ,(elas ,as blusas)

porque sao ventos sao tempestades
as cavalgadas por onde me insurjo e fujo
do meu ego se me persistem e perseguem nos trotes
seja em brisa ou cavalos de vento
ou voos de aves rasantes
mas é alma minha sempre e não a vendo

nem que me paguem nem que o garrote m'esmague
o farol o saleiro e os dedos por inteiro.

Jorge Santos

O que sei não sou






Tanto e tanto do que sei,
Sei-o- nem como nem sei-
Do ser que sou e prevejo
D’um vulgo e curto bocejo
No ser fiel de mim mesmo
Não no eu e que escrevo
Se de meu não suporto
Certo enigma do desejo

Tanto e tanto do que sei,
Sonha com o pior vento,
E causa de tudo q’temo,
Ser narrado, a propósito,
Do’eu ter fome no infinito,
Seja vencedor, ou vencido
Nos planos da derrota.

Tanto e tanto do que sei,
Foi ser, do medo, carcereiro,
Quando m’sonhei infanto,
Encarnando o ponto q’traço,
Mas, sendo curto, o braço,
E o seixo, pesado, nã’não sei
Se vida, é ilusão ou, se sonhei
Eu, mais uma vez, acordado.

Jorge Santos

Me & Sophy




Nunca os deuses capazes de os viver




Néctar Sabido, de soro e luar sorvidos,
Julgamos saber amar, depois, em rubor,
Crescemos, em escritos, a escritor
E banidos dos jardins dos Bacos.


Mas em secretos tomos eles vêem,
O céu da luz ,morrer em seus braços,
Apagarem-se ,vícios in descritos,  
Originais ,como só eles bem o sabem


Nas Boreais auroras , eles tomam
Os mantos de Deuses e fantasmas,
Banham-se nos corredores Olimpos,
Felizes , no só serem , e apenas humanos.




Jorge Santos

tradutor

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