Veias do meu rosto




Correm lá fora, veias que desconheço eu,
Sem outro sentido para mim, senão os dos ventos
Que vêm e vão num sussurro de quem se perdeu   
Na distância, ouço-as por entre os maus pensamentos

E nos meus ouvidos amplos de paz e solidão,
Não me interessa outro ser por companhia,
Se nem conto tão-pouco com o meu coração,
Que me censura, em vão, desde o primeiro dia,

Não encobrindo o ar de desapontamento.
Se eu pudesse ter na vida, a alegria
Que têm as veias que correm lá fora, neste momento,
Até com os ventos corria e ria…ria,

Iria, desde o nordeste, até ao barlavento,
No entanto, sinto uma dor na nuca e um travo de boca,
Que se espalha pelos ossos todos e nas maçãs do rosto,
A dor que deve ter, (penso eu) quem a vida hipoteca,

Ou então alguém que, de bravio tem coisa pouca, quase nada...
Correm vidas lá fora que desconheço,
Poderá a alma que conheço, ser também levada,
Pró’além, de que falam e eu não conheço...não conheço ...

Jorge Santos (04/2011)

O sonho que se opôs a que eu vivesse,


O sonho que se opôs a que eu vivesse,
Se viesse ver-me, na cinza fosca do inferno,
Veria que nada de novo acontece
E nem nas pequenas coisas eu m’empenho,

Na esperança que quis que eu acordasse,
Com os olhos cegos dos enigmas que abarcam,
No medo e na dor me vence, pois é a de quem nasce,
Sem começo, nem a casta certa dos que por cá andam.

E no amor fictício, como se este nunca acabasse,
Do qual falava e o qual invejava, 
Por não ter por quem o sonhasse…
Fiz da pouca fé, minha escrava e serva,

 A glória eterna, vandalizei-a na face,
E vi, na cesura pálida, os que morreram,
Sem nome, sem que a memória descrevesse,
Quanto de quantos sonhos, sonharam eles.

Jorge Santos (04/2011)

tradutor

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