Meu país breve


Vago sussurro me leva,
Através deste breve país,
Que nem me louva,
Nem me indulta, como juiz,

Mas condena à tristeza,
Como sentença do que não fiz,
(Valia mais cear com o demo à mesa,
Tão bastardo como estas leis).

Breve sussurro me leve,
D’outra e outra vez,
Breve e branco como neve,
Pisada por meus pés,

No silencio de quem não me ouve,
No rumor débil que hasteio,
Ao ouvido de quem não me vê,
E ao meu olhar raro e alheio.

Vago sussurro me leve,
Nas vagas leves, nas marés
Do destino que m’envolve,
De heróis e almirantes.

E assim vogo entre desencantos,
Amores e saudades d’antes,
De migrados nostálgicos,
E exilados, outrora senhores,

De terras e campos.
Breve sussurro me leve,
Ao régio do que fomos,
Nas penas da mais famosa ave,

À  herança que perdi
E á memória d’elefante,
Tudo o que era antes, eu esqueci,
Excepto que não sou, de todo, inocente.

Jorge Santos (05/2011)

1 comentário:

Sónia M. disse...

Um breve sussurro me trouxe,
poesia de um país perdido...
um país que me esquece...
e que eu não consigo esquecer...

Belíssimo poema!
Abraço
Sónia

tradutor

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