Tenho saudades do que me lembro



Tenho saudades de quase tudo,
Sobretudo do que não esqueci,
Tenho saudades de querer morrer por ti,
E por ti morreria mesmo, de amor,

Tenho saudades do que não li,
Por falta de tempo e não só,
Mas tenho saudades de tudo,
O que ainda me lembro,

Tenho saudades de escutar o vento,
Em tardes de ventania,
Tenho saudades de estar perdido,
E nem saber rezar uma “ave-maria”

Tenho saudades de me encantar,
Em tudo o quanto sonhava,
E do tempo que perdi sem apreciar,
Os serões em que o tempo não contava,

Tenho saudades de jogar ao pião,
Do alarido da rapaziada, da porrada,
Tenho saudades do “tudo ou nada”,
Quando soube ser na esquerda o coração.

Tenho saudades das noites sem dormir
Em que acariciava, na imaginação,
O cheiro que eu supunha ser teu, ou do jardim,  
(Repeti vezes sem conta aquela declaração)

Mudava de opinião com um estalar de dedos,
Fazia “trinta por uma linha”, desde rasgar o guião
E com raiva, escalar longínquos penedos,
(Nem sei se pela altura, ou por mera paixão…)

Tenho saudade de ser tabela sem cesto,
Mas campeão em consciência, desde o berço,
Mesmo no que escrevo, ainda insisto,
Nesta paixão louca que não esqueci

…e que jamais esqueço…

Jorge Santos (11/2011)

1 comentário:

João Julião disse...

fantástico...

tradutor

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