O infinito pode nem ser leal...



Amo o poente e o anoitecer, por não ver utilidade
Na noite velada pois em todas morro um pouco.
Amo o mito por ter rejeitado a verdade 
Como a água rejeitou o arrabalde árido e seco.

A luz ambígua do inverno vem sempre aliciar-me
Quando assoma, parece falsa, fictícia…sem importância.  
Mesmo fechando os olhos como que me consome e delicia
Como aconteceu ontem no areal da praia enorme,

(inda nem lhe dei nome , nem sei porque lá me demoro eu.)
Quando escuto com atenção o luar, soa-me uma melodia
Que me enche de inspiração e logo se preenche o céu
De lucidez, mas a minha estranha alma permanece vazia

(Parece um sol-pôr empunhado p’lo facho do tempo)
E crê enfim em quase tudo, até nos poentes gastos em que m’evado
E neste feudo d’alva espuma em rio estreito, encarnando
Num rosto vulgar a consciência dum tolo,

Sugiro vária vias a planos que depois não têm saída,
Para mim o sentido da vida é não ter de todo, complô comum
Entre o que aceito no fim da tarde e a palestra adiada:
-O infinito pode nem ser leal (um pouco como cada um)


Jorge Santos (Outubro 2012)
http://joel-matos.blogspot.com

tradutor

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