A maneira de me sentir vivo...


Á minha maneira, estar sozinho
É escutar a noite vasta
Como pardal sem nicho,
Aguardando a tua volta.

Á minha maneira, tud’o que existe
Dentro do teu olhar me faz falta
E me deixa doente
De claridade tanta.

Á minha maneira, levo-te céus
Á espera que os preenchas,
Com os dedos teus
E cheiro de rosas nossas

Á minha maneira, a medida exata
Do tempo são nossos corações a bater,
De Igual, até à fatal data,
Em que o primeiro de nós, morrer…


A minha maneira,
Parecendo afastada,
É sincera
E ardente, Parecendo apagada…

Mas, a minha maneira
De t’amar tem de ser revogada,
Se depois de deitar tudo por terra,
Tento salvar tu’alma afogada.

Se é a maneira de me sentir vivo,
Que tu ocupas plenamente…
Eu, sem ti, sou uma linha desenfiada...

Jorge Santos (11/2012)

Ou o mau barbeiro casado com a tesoura...




Criei um beco e multipliquei por três o incómodo
Vivo das expressões mais básicas do pensamento
E a renúncia não é mais que um omnipresente fardo.
Desloco-me constantemente ao quadrado, consinto

O exílio dentro destas quatro paredes. A súplica
Não é mais temível que a incerteza de um caco
Em voltar a ser vasilha ou calçada pública;
Consequentemente não reajo e aqui me fico,

Inconsciente ao facto de haver real vida lá fora.
Tenho um hábito que se pode considerar prazer,
Fingir não haver hoje, nem aqui nem agora,
Cansei-me de tudo, até de não entender

O gesto automático e uso a função de negar a tesoura
Como uma figura de estilo do que não quero ser,
Um lugar fracassado no deve e haver,
Ou o mau barbeiro casado com a censura. 

Jorge Santos (2012/11)

tradutor

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