O risco


É um risco, por onde vou, decerto
Não preciso ir, mas alma bravia e cigana
Não tem estadia certa, quer chão
Duro como almofada e sem fronha,

Brando, o corpo, sem dúvida (decerto)
O pó da estrada o tornará bruto
E deserto, tal qual aragem seca do bocejo
De equilibrista antes de cair morto

No chão. É um risco, por onde vou,
Decerto vou encontrar das mesmas
Estrelas com que povoo a imaginação
E os povos das fábulas e das lendas…

Se esperares por mim, voltarei,
Com todos os sonhos, num saco gordo
Dessas estrelas, com que eles se fabricam,
Noutro mundo.


Jorge Santos (05/2013)

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