Não sei se meu...ou Dele.


Pudesse eu, daqui en'diante,
Fitar-me, frente a frente 
E reconhecer quem sou.

Semelhante a quem ?
Ao Demo ou a um  santo crente?

Estou louco, é evidente,
Mas quão louco é que estou?

É por ser mais poeta
Que gente, que sou louco?

Ou é por ter completa,
A noção de ter tão pouco de gente?

Não sei, mas sinto morto
O ser vivo em que me prendo,

Nasci como um aborto,
Salvo na hora e no tamanho.

Tenho dias de desejar, 
Em que tento fugir e me prendo,
Devagar, por debaixo, da baixa porta,

Não aprendo com os erros,

Tenho tantos... 

E outros em que fujo,
Muitos em que finjo aprender,
Pra, por fim, me perder,
Nem longos nem curvos, na distância
De um eco.

Farto de fingir vitória.

Tenho dias murchos,
Nem distos nem curtos,
Preso às rochas,
Como as cordas na garganta.

Cujos em que escrevo, não pra mim,
Mas pra outros, tampouco,

Tenho dias de deixar passar
O que sinto,
Em que não creio, 
No muito que a mim.. minto,

Tenho dias lisos e frios, 
Como o fio da derrota,
E um sonho urgente,suspenso
No mito que em mim crio, 


"Não será errado desejar ser gente" 
Mas é todavia erro, 
Não desejar ser, o que mais importa,

-Gente como outra qualquer, gente
Que passa sem se fazer notar,
à minha humilde e modesta porta...

(nem sei se eu ou outrem 
o escreveu ma,s se não for meu, sinto-o 
tão como se meu fosse...)

Jorge Santos

tradutor

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