O dia em que decidi morrer.





Hoje decidi que quero morrer,
Curioso é nunca ter pensado antes nisso,
Mas a vida tornou-se uma sala de estar, sem cor
E o privilégio que dela se deve possuir, não o sinto.

Tenho na alma uma sensação de descompromisso,
Como se viver fosse o corredor da morte e o estar preso
E pra’lém disso, tudo fosse sossego e calma,
Mutilantes as lembranças acaso cortassem.,

Os crepúsculos, (essência distante
Do que ficou para trás), não passam disso, ilusões…
O vazio constante que se acumula, onisciente,
Ingrato, incógnito, que faz desistir o querer.

Sim, só hoje decidi que quero morrer,
Por isso falo com saudade dos céus roxos,
Da sala estreita, onde vago, meu lirismo
Vagueia, cheio do que pode fazer lembrar, o doer.

Quantas vezes o sol-se-pôr no meu sonhar veio,
Quantas vezes comecei um sonhar p’lo meio,
Quantas vezes convenci a consciência que era tudo real
Por isso hoje decidi morrer de morte natural.









Jorge Santos (01/2013)

3 comentários:

Anónimo disse...

Se for preciso morrer...
Que a morra a falta de fé
A falta de ilusão
A falta de inspiração
Que morram e não deixem saudades,
para que se dê lugar a um novo viver.
Poesia linda, Jorge!
Abraços

namastibet disse...

Há quem afirme serem nove as musas. Que erro!
Pois não vêem que Safo de Lesbos é a décima a contar do Norte
— Platão

Susana Rodrigues disse...

Muito bonito, Jorge. Adorei a forma como acaba o poema.
Abraço,
Susana

tradutor

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