Cinza cinza ...
Extraio coisas tão pequenas,Que nem ausência possuem,Quando apenas nuvens, antesDe se integrarem no que devemSer e são em mim peculiares,Assombrosas velhas/vestes, sonhoO Evereste e só de pensar oDestruo, ao que me pareceAcanhado e estranho, despidoTal e qual um peixe-triste,Extraio coisas tão pequenas,Quantas o mundo me deixe,Ecos sem qualquer crença,Ou semelhança no fundo Ao sentido que se diz "ser tudo",Meu próprio papel e embrulho,Me convenço depois de nada ser,Apenas ausência de claro/escuroQue tod'a presença em mim possui, Excepto cinza, cinza e escuro,Nunca tive a arte da tinta fresca,a alquimia da cor certa, estimula-meO cinzento, embora consiga pensarA preto nos mundos que criei, improviso,Pinto cinza inclusive a luz do sol,Inevitávelmente a nudez humana,Cinza o que não me fizeram ser,As avessas do meu ver,Coisas tão pequenas, a repetiçãoDos dias sempre iguais, a competiçãoDe um relógio parado, com a paredeEm frente, cinza escuro.Jorge Santos (04/2018)http://namastibetpoems.blogspot.com
Nada se faz cantando
Nada acontece -a única veleidade é no que digo,
Importância -a falácia menos feliz fútil do mundo,
A felicidade -uma incongruência ilógica, falsa,
De certos loucos, nada me faz encanto,
Excepto a certeza na minha ínfima percepção de fim,
Sinto o que vejo tal como um escaravelho
Empurrando uma anónima vida passada
Como que por engano, sem cura. Ternura ou medo
São elementos consumíveis tal como um cabelo,
Um milhão de velas acesas não evita uma guerra
Nuclear tal como um prego não serve de casquilho,
Frente a frente a realidade é bizarra e bizantina
Tal como toda a liga que não se liga a nada
"Is this the end", Nada se faz cantando,nada me faz
Cantar, é um prazer que não volta, gozo não
É cura para o que sinto, baço sonho e efeito.
Apalpo o destino como num tempo outro, antes
De acabarem os Deuses, antes mesmo de haver nada,
E é com isso que lido por loucura ou medo,
Constipa-me a deslocação do ar e o mínimo
Bocejo me contenta, nada muda o que basta,
Nada se faz cantando, quando pouco falta para
O fim do mundo, acima fica o que sinto,
Já nada se faz sentindo, tudo me faz cansaço ...
(Nada faz sentido)
Jorge Santos (04/2018)
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Qualquer brisa de ar me serve,
Mas balouçar no trigo o olhar,
Minh'alma não consegue,
Nem este obedece ao qu'digo,
O mistério são as fontes,
E o que penso a sós comigo,
Sopra-as "Ítalo", o vento grosso
Ou a sombra rente ao chão,
Minha catedral é uma
Caverna escura, loucura
A crença que nem a religião
Daquela forma suspensa,
Sem vestes me veste, largo
Um coração que trago,
Amargo, amarrado junto
Ao crâneo que não é mágico
Quanto o de "Shakespeare",
Evoco um Rei deposto oculto,
Certo que voltarei um outro
Rosto, aposto à luz ou ao luar,
Qualquer brisa breve serve,
Meu sonhar amarelo-pálido
Trigo, leve minh'alma sofre
Um sofrer que não vem só,
Mas obedece ao castigo divino,
Assim seara ceifada a foice,
Como fosse erva da mina,
Ou de uma velha seca fonte.
(Meu lar é uma taberna)
Jorge Santos (04/2018)
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Que m'importa a idéia sem o Dólmen ...
Que m'importa o Dólmen sem a aldeia,
Viriato sem o entusiamo e um coração
D'Vate duma nação que nunca foi triste,
Não sei que pense ou se me entristeça,
Ser feliz é desejar sê-lo e a idéia é a ultima
Que morre, não o homem nem a justiça,
À ilusão se chamará esperança, o Homem
Não significa nada sem a voz humana,
Nem Roma se escreve como o nome de Creta,
César sem crença seria Roma sem o recinto,
Viriato sem o entusiamo d'uma nação ou Tito
Sem "Partisans", não teria unido a Jugoslávia,
Poder comparar é um mito, a Torre de Babel
Um pensamento, o novo testamento apenas
Um livro mal escrito se não houver convicção,
Que importa a mim a idéia sem o Homem novo,
Um Dólmen sem povo - o Asterix e o Druída -
Cristo sem Césares não teria nome, seria brisa
Eu talvez nem seja paisagem, mas sou aquele
Que se inquieta e mistura o pau com a bandeira
Na alma pra construír uma idéia da lava
Menos calma, a partir da aldeia em chamas,
Que m'importa o Dólmen, (Vive la France)
Morra a indiferença, (Morra o Dantas, Pim ...)
Pam-Pum ...
Jorge Santos (04/2018)
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