Escolho ...

 



Escolho
Fugir da translação do trapezóide q’gira
Para um universo paralelo, imaterial 
Antes que aos domingos me culpem 
Da desgraça humana e da oca terra,
Mais funda que o ser de sombra sou,
Sou um ser de vidro verde fosco, roxo
Nem a respiração na cara uso, o oposto
É um acto de humildade de que fujo
Deste pra esse outro mundo, doutor
No repúdio e nas estacas dizendo frouxo
Pois não muito a pleura do rosto deixa e dá
Que a sensação de algo mais que de mim
Sou, cópia de “Orc” imundo, “Ogre” russo,
Óscar do indulto a mim próprio, o insulto 
Me delicia como numa contrição curva e fujo 
Da exterioridade absoluta como o Cristo
Sumido da Cripta cova depois do sétimo dia
Ao lusco-fusco, íntimo da dor, a sova uma 
Carícia mórbida e o sorriso um falso esgar 
Que usa ao Sábado na cara e no Carnaval
Se deita fora, oxalá o crepúsculo dos deuses
Não seja adiado e eu não tenha privilégio 
De escolha por via de ter um resfolgar
Divergente do resto dos rostos criados
Do barro e na boca torta donde me vem 
Impuro, poluto o ar … a mão e a terceira
Falange completa o eixo, pai, filho e espírito-
-Santo, âmen … 



Jorge Santos (05/2018)



Sem comentários:

tradutor

center>

Arquivo do blogue