(a monte)


                                                                                                                                                             
Abarrota o meu peito, num campo claro,
O cheiro dos fenos, todo me rendo, aos montes
Subindo as colinas, bebendo em renascidas fontes.
No canto d’este olho, uma lágrima d’avaro,



Tal regato de Agua, preso á cintura, trago
Saudoso e oiço flautas, apenas, segredar
Silêncios intensos, nas palavras de ar,
Que me inundam e alargam o fôlego,  


Nesta erva viçosa, que me solta e prende,
Dispo-me de conceitos e finjo dela fazer parte,
E já não sou eu quem foge, sou levado
A monte, Carpindo fogo e suor, suave e cálido,


Sou a montanha que me foge, na tarde.


Jorge Manuel Mendes Dos Santos
(2010/01)


“ Homem Fronha ”

Mais coisas há “do que eu quero ouvir”
Em toalhas de papel d’almoços ou cotos
De grandes D’outos julgando-se de grãos-vizir
Gordos, tufados nas nádegas e tais novos


Ricos e ditos sufragados no usufruir.
O pensamento não sobrevive lavado,
Estagia, nas cubas da’ira. Por seu lado,
O homem fronha, já está “matado” no dormir


Sem ira, sem emoção...


Já mordemos palavras, “revoltas”, pelas ruas
Muralhas, agora nos silêncios deslavados,
Vagos, crescem as prisões, como veias,
Pulsam as Interrogações, “-onde falhámos?”


Já gastámos as ânsias, meias paredes
Entre as demências e as ideologias,
Nada sobrou das orgias inteligentes
E das utopias lançadas das ameias.


Restam coisas madrastas, sem ira, sem emoção…
“Homens Fronha, todos nós, incapazes de dizer NÃO



JORGE MANUEL MENDES DOS SANTOS
(01/2010)                                                                                                                                          

"O ser que sei não sou"




Tanto e tanto do que sei,
Sei-o - nem como nem sei -
Do ser que sou e prevejo,
D’um vulgo e curto bocejo,
No ser fiel de mim mesmo,
Não no eu e que escrevo,
Se de meu não suporto,
Certo enigma do desejo.

Tanto e tanto do que sei,
Sonha com o pior vento,
E causa de tudo q’temo,
Ser narrado, a propósito,
Do’eu ter fome no infinito,
Seja vencedor, ou vencido
Nos planos da derrota.

Tanto e tanto do que sei,
Foi ser, do medo, carcereiro,
Quando m’sonhei infanto,
Encarnando o ponto q’traço,
Mas, sendo curto, o braço,
E o seixo, pesado, nã’não sei
Se vida, é ilusão ou, se sonhei
Eu, mais uma vez, acordado.


Jorge Santos

Luto



Já gastámos as palavras pelas ruas
Muradas, os silêncios deixados
Vagos, crescem paredes meias
Com a Interrogação, onde errámos!?

Já gastámos a ânsia e a demência
Não sobrou nada...


Jorge Santos 

(Os Míseros não Têm Mando)






















Na Pascoa, a morte do Cristo.
Tenho penas, se não suporto
Ter, da ruim, a culpa e, s’isto
É por si, frágil, não respondo
Nem ao Outro,“de ar divino”.



Vis, estes sacros sacrilégios,
Se mal penso no Ser que enfrento,
Inocentes  nus, sacrifícios
Para uns, erros crassos,d’outros,
(Os míseros não têm mando)
Aqui quem julga, é juiz eterno.
De seu mandato, soberano.



Ah, deixem-me dormir a sonhar,
Não me mintam ou me lembrem,
Se não me quero, d’Ele lembrar,
Quero eu, que outros nem’lembrem,
Nos sonhos, de me vir acordar,
En'vestidos da santa Sé, também.



Joel Matos
(2010/01)

Da paixão


Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Dizei-me, se o tenho eu, no coração,
Se tão distante, é da razão, esta dor
Sentida  fundo, se inspirada desse não.


Senhoras, vós todas, que  da dita entendeis,
S’a vires, dizei s’dela tem a tal gémea,
Que tanto s'fala e sonho, em noites tais,
Ou é mito, apenas  d’meu Lado fêmea.


Será errado, em todas vós, achar beleza,
Não send’a tela dono, nem mestre pintor,
Todas invento, sob leve penugem, a fresa,
No toque, na cor e em meus olhos, sem pudor.



Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Perdoai , por assim declarar-me , d’paixão,
E , Se culpa for d’alguém, seja d’Ele, Criador
Do belo d'olhar e coração d'est'artesão.


JOEL MATOS
(2010/01)

Tempo Cego


Sinais do tempo


Um Sinal do Tempo sentia,
Na página fim, de lés a lés,
Cerrada , a noite, mas lia,
Cego, página a página,
Talvez na luz, que m’ilumina,
No rosto e , ao cego, que lê,
Quem, não sei ao cert'o 
Seu nom’meu, seu fogo posto,
Num corpo, deitado no lixo,
Mas, não era uma vela, 
Que o guiava a ele, Era
Um sismo, abismo, por sinal
Um vento, um final de rua,
Na palavra, Talvez mesmo, o 
TEMPO. Por isso, eu corria, 
Pela pagina fim, adentro,
E , procurando fugir , dele,
Do tempo , q' aí vem , cego.
































Jorge Manuel Mendes Dos Santos
(2010/01)

Floresta de Sophya




Dentro , no terror  da noite, 



No raízedo d’meias coisas 
Atrás do latejo das veias
Não em redor mas d’entro
Transfiguro-me, não d’gente ,

Entro no luar , a sombra 
É ali , a minha alma alcatruzada 
Secreta , eriçada e negra
Quando  tocada nela 

E as árvores me despiram 
Os seus ramos me taparam
E da evitada floresta regresso


Dos sinais, quebrados em ecos



Que , dos silêncios todos , bebi.

Jorge Manuel Mendes dos Santos

(2010/01)

Meu coração Soldado


Meu coração parou,
Morreu,
Corri de vez a branca porta,
Calado,
Já fui, um dia, poeta,
Como tu,
Agora sou, de vontade,
Levado,
Para lugar bem ermo, verde,
No céu…


Meu coração parou,
Morreu,
Trancado, a chaves, oito,
Selado,
Marquêz d’mil e um leito,
E Réu,
Entre pedras, mais d'quatro,
Sem lado,
P’ra nascer, nem sei, nem onde,
Se eu...

Meu coração parou
E Morreu...Soldado.

Jorge Manuel Mendes Santos  

(2010/01)

Volto já


Volto já

Hoje respiro a custo,
Preciso um pouco , de
Vinho e d’meu mosto.
Hoje choro por nã’ter
Secreto, um só momento
Meu, hoje sinto sangue,
A escorrer por d’entro meu
Dedo- preciso urgente
D’meu tempo. Pareço
Exausto, mas sinto-me
Por dentro como Fausto,
Que vend’a alma ó
Nefasto, em dia desleal,
Preciso fugir daqui,
Preciso de tempo, p’ra mim
Mesmo, preciso, preciso…
 Escrever, correr no vento…                  
(Volto, venho, num momento)

Jorge Manuel Mendes dos Santos
(2010/01)

L'avenir de l'Homme

L’avenir de l’Homme

“Parle-moi de la pluie qui’ci  tombe”,
Enquanto caminhamos, ignorando,
À beira do fim, como quem o sabe,
E apenas finge, ter esquecido:


-A poeira galga, que and’á solta,
No deserto d’sede, depois irrompe,
Na auréola duma lua lamacenta
-Nestes sinais da extinção a galope


E não longe d’uma sinistra ameaça.
-O homem parido aqui já sem crença
No cosmos seja lá ond’ele acabe.


Dis-moi de l’arme de Ceres qui’ci tombe
Lúcida e calma, todas…mansas e breves
Filhas das guerras e caindo a nossos pés.


Jorge Santos

Parle moi de:





L’avenir de l’Homme

“Parle-moi de la pluie qui’ci  tombe”,
Enquanto caminhamos, ignorando,
À beira do fim, como quem o sabe,
E apenas finge, ter esquecido:


-A poeira galga, que and’á solta,
No deserto d’sede, depois irrompe,
Na auréola duma lua lamacenta
-Nestes sinais da extinção a galope


E não longe d’uma sinistra ameaça.
-O homem parido aqui já sem crença
No cosmos seja lá ond’ele acabe.


"Dis-moi de l’arme de Ceres qui’ci tombe"
Lúcida e calma, todas…mansas e breves
Filhas das guerras e caindo a nossos pés.


Jorge Manuel Mendes dos Santos
(2010/01)

tradutor

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