Amantes






Dois amantes felizes, não têm fim, nem morte,
Nascem e morrem tanta vez, enquanto vivem,
Eternos, como a natureza, o seu dote
É o trapézio e o circo; malabaristas sem


Feira, com esteiros de brilhos, nos olhares,
Em restos de cometas e, sem eira nem beira,
Escondem os cios, nos baldios e arredores,  
Bêbados, cultivam contínua bebedeira.


Nas multidões, choram e riem a duas vozes,
Com tições e suor se perfumam, os amantes.
Orgasmos sem fim esganam de tal maneira
Que a morte, não tem ali nem artes, ou partes,


Nem deixas. Quando chega, o fim da idade,
É pelos dois, que os sinos, tocam e rebatem,
Diz-se, na cidade, que os seus olhos brilhavam,
Cheios, da louca felicidade, que viveram,




Aqui, em toda a parte; e nasceram, outra vez.


Jorge Santos

Avesso D'alma








No Vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Onde meu pensamento vai morar,
No bico afiado do ouriço-do-mar,
Em torvelinho, no areal furibundo,










Meu coração insiste, não pára,
Pregado no corpo, apesar de negado,
Por não o achar mais no prado fundo,
Nas ravinas do abismo, minha beira,










De vácuo profundo e tristeza , pousa,
Breve , em imponderável resma de papel,
Almaço , rasurado à pressa , na mesa,      
Voa , da janela , no espaço , sob a pele.










Turvo , vento torpe, galopas meu salmo,
Sem rei nem roque; Leva-me para longe,
Onde o areal , ondeante e o mar , seja calmo,
Aqui, no canto estou e tudo me foge.










Dispersa, Ó vento , este corpo , em cinza,
Imolado de cal e ira , em Saturno,
Venta , num peito , sem veto e sem premissa,
Como tu, vendo o nada e estou nu.










No vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Ond’eu fui d’avesso morar, meu lar,
No côncavo mar, me deixa , pois , lembrar,
Se , aqui é o meu lugar, longe e mudo.






Jorge Santos


Verde






Estátuas e guaritas,estradas infinitas,dizei-me,
Dizei-me se na minha vida tudo é verde,
Se é verde a vida ,se é verde a s'trada que garimpo,
Se é verde o vinho , que sobeja na taça e a taça que verto , também é verde.


Se ver-te verde , azul ou vermelho é miopia,
Dizei-me estátuas garridas , lages e avenidas,torres,
Se vejo verdes , guaritas e torrões castanhos,torreões , castelos,
Quando verdes seriam teus olhos claros,e cabelos.
Verdes são meus sonhos guardados,verdes são minhas mãos,
Verdes os meus sonhos,verde , minha pele escamosa.


Verdes as minhas princesas à espreita,
Não têm olhos verdes nem castanhos ,são olhos
De todos os tamanhos ,seguem-me nos sub terminais,
No metro suburbano, nos subterrâneos ,nas masmorras,
Dizei-me princesas se verdes são meus olhos,
Escamosa minha pele e ventosas

 Jorge Santos

Meantime




MEANTIME

Far away, far away,
Far away from here...
There is no worry after joy
Or away from fear
Far away from here.

Her lips were not very red,
Not her hair quite gold.
Her hands played with rings.
She did not let me hold
Her hands playing with gold.

She is something past,
Far away from pain.
Joy can touch her not, nor hope
Enter her domain,
Neither love in vain.

Perhaps at some day beyond
Shadows and light
She will think of me and make
All me a delight
All away from sight.

(19??)Pessoa


Intervalo

Fiel no Dizer




Dizem que finjo ou minto, 
Tudo que escrevo, 
Não, Eu simplesmente sinto,
Com a imaginação, Não uso o coração 
nem lamento o que escrevo,(ou não)
Nem sinto,mais flores sair,
ilesas, desta mão por isso, 
Desta raiva , do não sentir mais.


Sou mais fiel no dizer que a mim,
Dizem que finjo ou minto , 
no que risco ou imito, 
Mas sinto um véu de purpura seda,
Que me cobre  a razão, 
E pelo sim pelo não 
Escrevo no correr da mão,fiel ao prazer.


Jorge Santos

Desleal D 'alma






A minha tristeza,
É chama tal,
Que depois d'acesa queima ,
Até m'acabar (é uma fortaleza impossível)
Minh'alm'ardente crepita,
Até no acreditar,
E é um vento solto,
Perdido no ar,
E a mim completamente desleal.



Jorge Santos

Fé Silvestre




A flor Silvestre
Para dormir desperta em Mãe-Terra
 Na orla da floresta frágil d’azinheiras
Havia que permanecer de raízes por terras, nuas,
Admirar Vega em noites sofismadas
Na sombra vaga ,nas margens d’azinhagas,
Da grande serra do Risco.


E os fogos-de-santelmo vieram
Na noite terna (sem nuvens) despertar
O Homem da flor silvestre
Cansado de repetir-se.
A flor Silvestre d’aragem sem pressas
Sopra em trigos e searas perenes,
Selvas ainda densas
Sussurrará sempre uma mensagem
De fé da Terra-Mãe.


           Jorge Santos


pregos e blocos




O meu prego


É moscovita,


Num dia torce


Para a direita,


No outro não entorta


Nem a crista.


É bolchevique


E fundamentalista,


Rasputine  e encapuzado,


Por vezes ,o prego,


Sente-se ilhota e desencantado,


Outras, um Lorca fuzilado,


O meu prego,


É artista , da cidade


Dos comediantes


E dos segredos,


Nem ele sabe ,


O que sussurram,


Nus ,em negros becos,


Escondidos,


Com medo


Dos sem dedos,


Os Espíritas.


O meu prego mendiga,


Mechas de cabelo,


Com o filho cego.


O meu prego,


Esconde-se na sebe


E nos rochedos,


Tem ego de elefante


E ADN de mostrengo,


È Moscovita.


Jorge Santos

Oração




A um Deus Anão


Procuro castigo puro,


Porque Profanei o tumulo


Destinado do destino


E a Mansão do Emílio Zola.


Procuro quem me iluda,


Dedo aponte ao proscrito,


Traslade do garrote,


Armadilho em Covil de Zorra.


Procuro castigo duro,


Carga de rinoceronte


Ou Cornada de bisonte,


Abate contra o muro


Como um Goya fuzilado.


Procuro castigo rasgado,


Pelo corte picotado,


Missiva de Degolado reles,


Enxertado nos baldios


Dos infernos dos montes


Dos Perdidos.


Procuro rastilho


Curto de explosão


Rápida em paiol


Procuro lábios de sangue


E segmentos de enxofre


Que chamem a atenção


Procuro castigo puro


Por saquear a vala comum


De um Deus anão.



JORGE SANTOS

Pessoa

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto



E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Pessoa

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto



E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.


Joel em PESSOA




"Sou daquelas almas
Que as mulheres dizem que amam,
E nunca reconhecem quando Encontram,”
Daquelas que, se elas as reconhecessem,
Mesmo assim não as reconheceriam.


Pra ser franco sinto perto uma linha que me divide
Entre o concreto e o metafísico, e uma dor extrema no peito.


“Sofro a delicadeza dos meus sentimentos,”


De alquimista e maquinista dos invernos


“Com uma atenção desdenhosa.


Como dos caracóis recolho-me e d’eles


“Tenho todas as qualidades,
Pelas quais são admirados os poeta românticos,
Mesmo aquela falta dessas qualidades, pela
Qual se é realmente poeta romântico.


Encontro-me descrito (em parte) em vários romances
Como protagonista de vários enredos;
Mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é
Não ser nunca protagonista."


É antes ser autista quando preferiria ser artista e quiçá igual ao
Anarquista do conceito quando afinal sou grosseiro.


"O cais, a tarde, a maresia entram todos,
E entram juntos, na composição da minha angústia.
As flautas dos pastores impossíveis não são mais suaves
Que o não haver aqui flautas e isso
Lembrar-mas."


Lembrar-mas nos ermos que lasquei fascinado
Sem encontrar uma clave de Sol e os tesouros
Que valem ouros prosados e vícios fenícios.


Me levem daqui pós migrados de aves de voo
Tantas vezes replicado no sul.
Os paióis de minhas explosões são artefactos
Caseiros e artes que não detonam.
Sou sequelas d’almas com rasgado sorriso
Que se transmuta em ouriço
E parte para outro orifício , outra angústia.


Joel em PESSOA

Águas Mil



No que sobeja d'águas Caim


E magos em prados e cutelos,


Até que um rio correndo


M'arrastou e despiu d’árvore ,


Me envolveu d’folhas ,


Protegeu do frio , no sobejo


d'fraguas fortes , caí protegido ,


Caíam de mim , arrastadas no borborejo


Da fonte e cresci defronte ela


(minha amante), a fonte era distante


Mas soube-me a sede.


Descobri-me dum pouco no mar semfim


O acordeão lânguido, ritmado,


Das ondas salgadas,


O saguão pintado,bruxelante,


Refúgio das horas fundas,


No sobejo de águas-furtadas


Jorge Manuel Santos


Jorge Santos

Odin

OUTONO








Furioso, Odin levanta a vara que o ampara
E lança o feitiço apontando o espaço
O ar cresce de negro, rastilha o trovejar disparando raios
Em todas as direcções, às cegas.


Nas pregas da serra arde a urze e ilumina a cena
Que orquestra o mago.
Na recôndita vila maldita cantam os galos pretos
A lenha crepita e irrita os olhos defumados


E ajeitam-se os alhos em galhos e varais nos vãos portais.










PRIMAVERA






Amainado o vento, Odin pousa a vara que o ampara
Faz refulgir os pântanos infectos, derrota os vândalos
E os profetas da desgraça, dá asas alegres às borboletas
Harmonia às trombetas de guerra.
No castelo de Montsegur ressuscitam os bonshomens
Tudo é verde no mundo dos Cátaros


Odin regressou no ramo verde e no rumo dos bravos, dos pássaros e dos patos
Que grasnam e voltam sempre ano a-seguir a ano.




Pr’a ficar furioso de novo no Outono






JORGE SANTOS

Caravelas Pandas



O cheiro que tinha um dia o próprio vento.
Esse cheiro que o vento traz e diz saudade,
No despertar da Esperança, ao fim e ao Cabo
Pressente-se o regresso das caravelas inchadas,
Sentindo mais pesadas as perdas nas ondas pandas prenhas.


Dulce, sentada na areia,
Demora-se, ansiosa, espraia,
Folheia um livro de poemas,
Sentidos. Dos olhos,
Amêndoas de sereia
Derrama sal, e saudosa,
Espreita nas ondas e nas conchas
O som cheio no vento trazido.
Ele era um soldado
Embarcado, desgraçado,
Desterrado nas naus
Pelo alcaide-mor,morto.


A jovem Dulce, prenha espera
E desespera a chegada
das caravelas inchadas,
com um orfão nas entranhas.
estranhas vindas e idas das caravelas pandas.


Jorge santos

A oliveira torcida


A oliveira.


Retorceu-se e revirou-se,
Tinha Consciência do pressagio,
Tão só ficou no monte vazio,
Longe da villa e das gentes,
As terras eram lavouras grandes,
Os campos transformaram-se,
Veio então torcido o vento grosso,
Empurrou-a pelas folhas,
E pelo tronco outrora forte,
Abanou-a como vassoura,
A raiz teimosa gemeu,
Mas não cedeu,
A chuva pesada veio, levou tudo,
Os grandes trigais por ceifar,
E as oliveiras com ela,
A terra ficou mais cinzenta,
E as noites nos lugares de casas,
Mais negros, negros nos rostos
E nos pratos rasos,
Sem mais azeite,
As candeias às avessas,
Com as oliveiras nos montes.




Jorge Santos

Bonfim



No fim da Alameda do Bonfim,tem uma vereda,na entrada morreu parte de ti,mas foi a parte que não conheci,a outra escondi...só pra'qui vir todos os dias..chorar na tua frente.


Jorge Santos

D'azur







Lá da Quinta do Parnaíso


Lindas, aprazíveis, ocultam


Por despido sorriso
Tons raros anil repétulas
Sortilégio d’enfeitiço
D’ázur infinito e pérolas
Adiei verbos despedir ,
D’mais outonais,
Por crer ver-te florir,
Pr’aí p’los quintais,
Ai,Ai flores d’azur Ai,ai.




Jorge Santos

Barc'azul.




Barc’azul








Sonhava navegar de azul,


No barquito ali do lado,


Cavalgar brancas cristas,


Ser Surfista de muitas praias,


Quando corria, pl’as ameias


De passageiros castelos ,


Construidos de leves areias,


No vai-vem ,nas ondas


Dos mares , norte e sul,


Feitos e refeitos em utopias.


Sonhava mudar tudo,


Ser um che-Guevara barbado,


Hasteando rubras bandeiras,


Gritei“Revoluçion ó muerte”,


Mas ,metade de mim, ficou


No barquito azul sonhado.






Jorge Santos

Torto retrato meu/seu.



Por vezes, me dá, um
Arrepio, não de frio,
Mas com o que escrevo,
Como se, minha não fosse,
A brisa soprada no ouvido
Ou a voz docil que entra
Pela porta virada ao mar,
Ou outra nas traseiras
Ao lado da serra deserta.
Quem vês?grito do virar da'squina.




Nem sei, se disperso,o que nesta
Súplica resta, se,minhas frases
Arrasam ou se, as misérias,ele
screve e devora só'minh’alma
Rota e fosca, tantas vezes repetida
Vida opus vida. Realmente não mereço,
Que mais dei?que nunca diz,
Nada e ninguém,
Que derramei ou não fiz,
Nem frases feitas me descubram,
Da volúpia, do medo e lado feito,imoral,
Nos ardendo corpos,nus deitados
No sol, nem sei,se suas ninfas sejam,
Nem sei, mesmo assim,mudo,o'screvo,
De texto,Jorge Santos

Joel Matos

Torto retrato meu/seu.




Por vezes, me dá, um
Arrepio, não de frio,
Mas com o que escrevo,
Como se, minha não fosse,
A brisa soprada no ouvido
Ou a voz docil que entra
Pela porta virada ao mar,
Ou outra nas traseiras
Ao lado da serra deserta.
Quem vês?grito do virar da'squina.




Nem sei, se disperso,o que nesta
Súplica resta, se,minhas frases
Arrasam ou se, as misérias,ele
screve e devora só'minh’alma
Rota e fosca, tantas vezes repetida
Vida opus vida. Realmente não mereço,
Que mais dei?que nunca diz,
Nada e ninguém,
Que derramei ou não fiz,
Nem frases feitas me descubram,
Da volúpia, do medo e lado feito,imoral,
Nos ardendo corpos,nus deitados
No sol, nem sei,se suas ninfas sejam,
Nem sei, mesmo assim,mudo,o'screvo,
De texto,Jorge Santos

Joel Matos

Procissão de fé.



Acalento, aromas de romãs e flores,
Crentes de processionais andores,
Prostíbulos cerram meias portas,
Na travessa dos senhores doutores,
De rendas e cabeças cobertas,
Demoiselles ejectas e escorridas,
Suas excelsas filhinhas,
Miram de soslaio, o belo e jovem pastor,
A procissão anuncia-se com o estridor,
Dos foguetes na praça da igreja,
Chiiii …Chibum …chiii…bum…bum,
Sinos repimpam, rebitem tlin/tlon…tlin/tlon
Assoma o andor á porta e todos se dobram,
Logo emerge o sacristão, jactante na multidão
Seguido do Padre, nariz grande cor de cereja,
Já com as hóstias na bandeja e as velhas no beija mão,
Segue-se a ralé, vindos de longe, a pé,
Pois os cavalos, só se permitem aos senhores,
E assim, segue a procissão de fé,
Até ao cair de noite, perdendo-se no rufar distante,
Distante, dos tambores…


Jorge santos

Frágil...Frágil.



Por vezes, dou contigo,
No umbral da porta,
Fixando as estrelas,
Ouço-te perguntar,
Se há vida aí fora,




Se abrimos aqui Pandora,
E a caixa dos medos,
(dizes, de olhos largos)
Há que a fechar agora,
Antes que seja tarde.




Ouço-te perguntar,
A razão do ódio
Que mata por matar,
Fácil, frio e doentio.




Não respondo ágil,
Apoio, na pedra do postigo,
A cabeça e Penso comigo,




Que humanidades estas,
Capazes, por pura vaidade,
Colonizar outros planetas,
E incendiar esta frágil “TERRA”.


Jorge Santos.

Eva doce.



Cheiro a Eva despida,
Vara Verde
E erva cortada,
Recente,
No jardim da frente,
Do prazer…


Cheiro a Eva Suada,
Molhada
E quente,


Rebolada , nua
Na relva ,
Pele rosada,
Ansiando
Ser tocada.


Quando, enfim
Se funde,
Névoa e madrugada,
É vê-la deitada ,
De costas, nas rochas
De qualquer costa,
Enseada.


Eva amada, sem frio,
Nas noites de lua quente,
No areal, à beira rio,
E em todo o lado,
Por toda a gente.


Sempre Eva, satisfeita….


Jorge Santos

Parido..



O lápis Partido,



Não, não se vende mais, se dá,
Mas somente a quem o agarra,
Mente, sim, para ter atenção,
Enrosca-se e transforma-se,
De víbora anã, em imensa Boa,
De acto inacabado, parte e voa,
Igual a negro Dragão alado,
Fugido ,da prisão ,de mil anos.


O Lápis partido


No pântano perdido, submerso ,
Até bem perto ,do umbigo,
Amaldiçoa, rosna e maldiz,
Tudo o resto ,que não versa,
Protesta cada raiz, trespassa-o,
Pelo nariz, a vaga mandrágora,
E um universo brilhante ,de pirilampos
Vivos ,nos cabelos feitos de limos.


O lápis partido…O lápis…parido

Jorge Santos

Chic...



Chic vai ,chic vem,
Mostra-te bem,
Sua vaidosa,
Pinta-te, com baton
Cor-de-rosa,
Usa Perfume bom.
Finge-te difícil.


O Chip-chap do vestido,
Na galeria do shoping,
Soa ao lençol de seda
Esta manhã rasgado,
Por aquele que ao teu lado
Dormia, Quem seria?
Não sabes?
Fui eu ...

(Jorge Santos)

Porta Fora...


Silêncio e escuridão ,
Porta dentro,porta fora,
Algo caminha,lento,nesta rua,
Alguém que brada e chora,
Abro a porta ,a medo,
Porque na porta ao lado,
Outro eu o ignora,
Sou eu que entro,
Porta dentro,porta fora:
-Ha alguem aí dentro,
Grito e brado:
-alguém que me ignora,
Afinal sou só eu ,
Porta dentro porta fora,
Quem brada e chora.
Sou o único que aqui ,
Nesta rua,mora.

Joel Matos

Porta Fora...



Silêncio e escuridão ,
Porta dentro,porta fora,
Algo caminha,lento,nesta rua,
Alguém que brada e chora,
Abro a porta ,a medo,
Porque na porta ao lado,
Outro eu o ignora,
Sou eu que entro,
Porta dentro,porta fora:
-Ha alguem aí dentro,
Grito e brado:
-alguém que me ignora,
Afinal sou só eu ,
Porta dentro porta fora,
Quem brada e chora.
Sou o único que aqui ,
Nesta rua,mora.

Joel Matos

Sete Mares,Sete Cais...



Sete luas navegando,
Sete mares sem rosto,
Sete estrelas traçando,
Sete destinos sem rasto.


Perdidos em lendas,
Linhas de horizontes,
Ondas e sereias
Cantantes.


Perdidos, nós,
Sem alma,
Naufragada…e voz,
Cansada,que chama:


- Navegantes,
Onde estais,
Que luares e lugares
Navegais…




-Que
Cego nevoeiro vos dissolve
-Que
Cega Cruzada vos envolve
-Que
Cego sino ouvides tocar:


-Por Sete noivas vazias,
Sete campas viúvas,
Sete colinas…
Sete vidas
Perdidas…
Sete cais.

Jorge Santos

Os Anjos


Meio altos ,meio magros
Pairam, pálidos, no ar…


Hoje soltaram-se das sombras,
Transformam-se as máscaras
Hoje tempera-se a sal
Caldeiras infames,
Calam-se as bruxas…


Entrega-lhes este bilhete,
Diz-lhes que estou aqui,
Conta-lhes que me perdi
No nada ,na sombra,
No limbo transparente,
Já não choro,
Já não grito,
Morri por dentro.


Meio altos, meio magros
Pairam ,pálidos…e eu vou…
Não sei para onde …

Jorge Santos

Paranoia...



Sob as pimenteiras doces
Dançam velhas, soam tambores,
Crescem raízes, longas como
Cabelos e me roçam manso,
Perfuram-me, não um ramo,
Mas dez dedos espetados,
De outros tantos, Santos mortos,
Que lançam lanças certeiras,
Fogo quente e fogueiras
Neste corpo cru de dores.

Jorge Santos

tradutor

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