Amor S'Tanqueiro.

Amor Xtrangeiro.


Será vivo ? o sol
Que vive prescrito
Dentro do peito?
Será a dor;amor?
en'que sitio d'certo?
Em jeito d’Açor,
Boa encoberta,
Fugida do credor,
Dentro do peito?
Será a dor;amor?
A dor que pressinto,
Ou será só ardor,
No voar secreto,
Em penas de condor
Caídas do d’serto
Apenas d'louro?
Simples penas d’amor?
Será meu? Grito,
Ó’ grifo cantor,
O poema d’amor,
Que levas no bico,
(será meu)
Serei um proscrito,
Ou credor,deste
Amor,de sol perto?
Amor sem jeito.
Deste mal de amor,
Amor xtrangeiro


Jorge Santos

Às vezes



Às Vezes Tenho dias Felizes


Às vezes, tenho dias felizes,  
Em ideias , nas palavras também,              
Que naturalmente me perseguem,
Vidas de diferentes raízes,


Alinham-se-me todas na mente,
Sem uma só razão aparente
E grudam-se ao céu-da-boca,
Como a pastilha elástica,


Algumas são inconsistentes
E nem por isso surdos as ouvem
S’até entre linhas se dissolvem
E n’outros dias gregos, nem me tentes.


Às vezes tenho dias cinzentos,
Saídos dos contos, em remendos
D’ era uma vez e, ás duas por três,
Dou de caras com as mesmices

Alimentadas de bazófias,
Banhando-se nas pantanas brumas
Dos dias pretos do tanto me faz
Ser refrão d’alcatrão ou alcatraz

Às vezes tenho ditos fetiches
E dias rascas de sangue frio,
Outros nem em mim acredites,
Tenho dias que nem em mim confio

Tive outrora dias fieis,
Que regressam felizes nos sonhos
Em dias festivos delicados,
Mas dias feios foram mais.

Às vezes tenho seis dias f’ lizes
Com os céus sem pontas de ventos,
Outros uivos, matilhas de lobos
Ós’montes,irados ,sem estrofes.


Jorge Santos

Às vezes




Às Vezes Tenho dias Felizes




Às vezes, tenho dias felizes,  
Em ideias , nas palavras também,              
Que naturalmente me perseguem,
Vidas de diferentes raízes,




Alinham-se-me todas na mente,
Sem uma só razão aparente
E grudam-se ao céu-da-boca,
Como a pastilha elástica,




Algumas são inconsistentes
E nem por isso surdos as ouvem
S’até entre linhas se dissolvem
E n’outros dias gregos, nem me tentes.




Às vezes tenho dias cinzentos,
Saídos dos contos, em remendos
D’ era uma vez e, ás duas por três,
Dou de caras com as mesmices


Alimentadas de bazófias,
Banhando-se nas pantanas brumas
Dos dias pretos do tanto me faz
Ser refrão d’alcatrão ou alcatraz


Às vezes tenho ditos fetiches
E dias rascas de sangue frio,
Outros nem em mim acredites,
Tenho dias que nem em mim confio


Tive outrora dias fieis,
Que regressam felizes nos sonhos
Em dias festivos delicados,
Mas dias feios foram mais.


Às vezes tenho seis dias f’ lizes
Com os céus sem pontas de ventos,
Outros uivos, matilhas de lobos
Ós’montes,irados ,sem estrofes.


Jorge Santos

Tenho dias





Às Vezes Tenho dias Felizes



Às vezes, tenho dias felizes,  
Em ideias , nas palavras também,              
Que naturalmente me perseguem,
Vidas de diferentes raízes,



Alinham-se-me todas na mente,
Sem uma só razão aparente
E grudam-se ao céu-da-boca,
Como a pastilha elástica,



Algumas são inconsistentes
E nem por isso surdos as ouvem
S’até entre linhas se dissolvem
E n’outros dias gregos, nem me tentes.



Às vezes tenho dias cinzentos,
Saídos dos contos, em remendos
D’ era uma vez e, ás duas por três,
Dou de caras com as mesmices,




Alimentadas de bazófias,
Banhando-se nas pantanas brumas
Dos dias pretos do tanto me faz
Ser refrão d’alcatrão ou alcatraz.




Às vezes tenho ditos fetiches
E dias rascas de sangue frio,
Outros nem em mim acredites,
Tenho dias que nem em mim confio




Tive outrora dias fieis,
Que regressam felizes nos sonhos
Em dias festivos delicados,
Mas dias feios foram mais.




Às vezes tenho seis dias f’ lizes
Com os céus sem pontas de ventos,
Outros uivos, matilhas de lobos
Ós’montes,irados ,sem estrofes.





Jorge Santos

Amantes






Dois amantes felizes, não têm fim, nem morte,
Nascem e morrem tanta vez, enquanto vivem,
Eternos, como a natureza, o seu dote
É o trapézio e o circo; malabaristas sem


Feira, com esteiros de brilhos, nos olhares,
Em restos de cometas e, sem eira nem beira,
Escondem os cios, nos baldios e arredores,  
Bêbados, cultivam contínua bebedeira.


Nas multidões, choram e riem a duas vozes,
Com tições e suor se perfumam, os amantes.
Orgasmos sem fim esganam de tal maneira
Que a morte, não tem ali nem artes, ou partes,


Nem deixas. Quando chega, o fim da idade,
É pelos dois, que os sinos, tocam e rebatem,
Diz-se, na cidade, que os seus olhos brilhavam,
Cheios, da louca felicidade, que viveram,




Aqui, em toda a parte; e nasceram, outra vez.


Jorge Santos

Avesso D'alma








No Vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Onde meu pensamento vai morar,
No bico afiado do ouriço-do-mar,
Em torvelinho, no areal furibundo,










Meu coração insiste, não pára,
Pregado no corpo, apesar de negado,
Por não o achar mais no prado fundo,
Nas ravinas do abismo, minha beira,










De vácuo profundo e tristeza , pousa,
Breve , em imponderável resma de papel,
Almaço , rasurado à pressa , na mesa,      
Voa , da janela , no espaço , sob a pele.










Turvo , vento torpe, galopas meu salmo,
Sem rei nem roque; Leva-me para longe,
Onde o areal , ondeante e o mar , seja calmo,
Aqui, no canto estou e tudo me foge.










Dispersa, Ó vento , este corpo , em cinza,
Imolado de cal e ira , em Saturno,
Venta , num peito , sem veto e sem premissa,
Como tu, vendo o nada e estou nu.










No vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Ond’eu fui d’avesso morar, meu lar,
No côncavo mar, me deixa , pois , lembrar,
Se , aqui é o meu lugar, longe e mudo.






Jorge Santos


Verde






Estátuas e guaritas,estradas infinitas,dizei-me,
Dizei-me se na minha vida tudo é verde,
Se é verde a vida ,se é verde a s'trada que garimpo,
Se é verde o vinho , que sobeja na taça e a taça que verto , também é verde.


Se ver-te verde , azul ou vermelho é miopia,
Dizei-me estátuas garridas , lages e avenidas,torres,
Se vejo verdes , guaritas e torrões castanhos,torreões , castelos,
Quando verdes seriam teus olhos claros,e cabelos.
Verdes são meus sonhos guardados,verdes são minhas mãos,
Verdes os meus sonhos,verde , minha pele escamosa.


Verdes as minhas princesas à espreita,
Não têm olhos verdes nem castanhos ,são olhos
De todos os tamanhos ,seguem-me nos sub terminais,
No metro suburbano, nos subterrâneos ,nas masmorras,
Dizei-me princesas se verdes são meus olhos,
Escamosa minha pele e ventosas

 Jorge Santos

Meantime




MEANTIME

Far away, far away,
Far away from here...
There is no worry after joy
Or away from fear
Far away from here.

Her lips were not very red,
Not her hair quite gold.
Her hands played with rings.
She did not let me hold
Her hands playing with gold.

She is something past,
Far away from pain.
Joy can touch her not, nor hope
Enter her domain,
Neither love in vain.

Perhaps at some day beyond
Shadows and light
She will think of me and make
All me a delight
All away from sight.

(19??)Pessoa


Intervalo

Fiel no Dizer




Dizem que finjo ou minto, 
Tudo que escrevo, 
Não, Eu simplesmente sinto,
Com a imaginação, Não uso o coração 
nem lamento o que escrevo,(ou não)
Nem sinto,mais flores sair,
ilesas, desta mão por isso, 
Desta raiva , do não sentir mais.


Sou mais fiel no dizer que a mim,
Dizem que finjo ou minto , 
no que risco ou imito, 
Mas sinto um véu de purpura seda,
Que me cobre  a razão, 
E pelo sim pelo não 
Escrevo no correr da mão,fiel ao prazer.


Jorge Santos

Desleal D 'alma






A minha tristeza,
É chama tal,
Que depois d'acesa queima ,
Até m'acabar (é uma fortaleza impossível)
Minh'alm'ardente crepita,
Até no acreditar,
E é um vento solto,
Perdido no ar,
E a mim completamente desleal.



Jorge Santos

Fé Silvestre




A flor Silvestre
Para dormir desperta em Mãe-Terra
 Na orla da floresta frágil d’azinheiras
Havia que permanecer de raízes por terras, nuas,
Admirar Vega em noites sofismadas
Na sombra vaga ,nas margens d’azinhagas,
Da grande serra do Risco.


E os fogos-de-santelmo vieram
Na noite terna (sem nuvens) despertar
O Homem da flor silvestre
Cansado de repetir-se.
A flor Silvestre d’aragem sem pressas
Sopra em trigos e searas perenes,
Selvas ainda densas
Sussurrará sempre uma mensagem
De fé da Terra-Mãe.


           Jorge Santos


pregos e blocos




O meu prego


É moscovita,


Num dia torce


Para a direita,


No outro não entorta


Nem a crista.


É bolchevique


E fundamentalista,


Rasputine  e encapuzado,


Por vezes ,o prego,


Sente-se ilhota e desencantado,


Outras, um Lorca fuzilado,


O meu prego,


É artista , da cidade


Dos comediantes


E dos segredos,


Nem ele sabe ,


O que sussurram,


Nus ,em negros becos,


Escondidos,


Com medo


Dos sem dedos,


Os Espíritas.


O meu prego mendiga,


Mechas de cabelo,


Com o filho cego.


O meu prego,


Esconde-se na sebe


E nos rochedos,


Tem ego de elefante


E ADN de mostrengo,


È Moscovita.


Jorge Santos

Oração




A um Deus Anão


Procuro castigo puro,


Porque Profanei o tumulo


Destinado do destino


E a Mansão do Emílio Zola.


Procuro quem me iluda,


Dedo aponte ao proscrito,


Traslade do garrote,


Armadilho em Covil de Zorra.


Procuro castigo duro,


Carga de rinoceronte


Ou Cornada de bisonte,


Abate contra o muro


Como um Goya fuzilado.


Procuro castigo rasgado,


Pelo corte picotado,


Missiva de Degolado reles,


Enxertado nos baldios


Dos infernos dos montes


Dos Perdidos.


Procuro rastilho


Curto de explosão


Rápida em paiol


Procuro lábios de sangue


E segmentos de enxofre


Que chamem a atenção


Procuro castigo puro


Por saquear a vala comum


De um Deus anão.



JORGE SANTOS

Pessoa

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto



E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Pessoa

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto



E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.


Joel em PESSOA




"Sou daquelas almas
Que as mulheres dizem que amam,
E nunca reconhecem quando Encontram,”
Daquelas que, se elas as reconhecessem,
Mesmo assim não as reconheceriam.


Pra ser franco sinto perto uma linha que me divide
Entre o concreto e o metafísico, e uma dor extrema no peito.


“Sofro a delicadeza dos meus sentimentos,”


De alquimista e maquinista dos invernos


“Com uma atenção desdenhosa.


Como dos caracóis recolho-me e d’eles


“Tenho todas as qualidades,
Pelas quais são admirados os poeta românticos,
Mesmo aquela falta dessas qualidades, pela
Qual se é realmente poeta romântico.


Encontro-me descrito (em parte) em vários romances
Como protagonista de vários enredos;
Mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é
Não ser nunca protagonista."


É antes ser autista quando preferiria ser artista e quiçá igual ao
Anarquista do conceito quando afinal sou grosseiro.


"O cais, a tarde, a maresia entram todos,
E entram juntos, na composição da minha angústia.
As flautas dos pastores impossíveis não são mais suaves
Que o não haver aqui flautas e isso
Lembrar-mas."


Lembrar-mas nos ermos que lasquei fascinado
Sem encontrar uma clave de Sol e os tesouros
Que valem ouros prosados e vícios fenícios.


Me levem daqui pós migrados de aves de voo
Tantas vezes replicado no sul.
Os paióis de minhas explosões são artefactos
Caseiros e artes que não detonam.
Sou sequelas d’almas com rasgado sorriso
Que se transmuta em ouriço
E parte para outro orifício , outra angústia.


Joel em PESSOA

Águas Mil



No que sobeja d'águas Caim


E magos em prados e cutelos,


Até que um rio correndo


M'arrastou e despiu d’árvore ,


Me envolveu d’folhas ,


Protegeu do frio , no sobejo


d'fraguas fortes , caí protegido ,


Caíam de mim , arrastadas no borborejo


Da fonte e cresci defronte ela


(minha amante), a fonte era distante


Mas soube-me a sede.


Descobri-me dum pouco no mar semfim


O acordeão lânguido, ritmado,


Das ondas salgadas,


O saguão pintado,bruxelante,


Refúgio das horas fundas,


No sobejo de águas-furtadas


Jorge Manuel Santos


Jorge Santos

tradutor

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