“ Homem Fronha ”

Mais coisas há “do que eu quero ouvir”
Em toalhas de papel d’almoços ou cotos
De grandes D’outos julgando-se de grãos-vizir
Gordos, tufados nas nádegas e tais novos


Ricos e ditos sufragados no usufruir.
O pensamento não sobrevive lavado,
Estagia, nas cubas da’ira. Por seu lado,
O homem fronha, já está “matado” no dormir


Sem ira, sem emoção...


Já mordemos palavras, “revoltas”, pelas ruas
Muralhas, agora nos silêncios deslavados,
Vagos, crescem as prisões, como veias,
Pulsam as Interrogações, “-onde falhámos?”


Já gastámos as ânsias, meias paredes
Entre as demências e as ideologias,
Nada sobrou das orgias inteligentes
E das utopias lançadas das ameias.


Restam coisas madrastas, sem ira, sem emoção…
“Homens Fronha, todos nós, incapazes de dizer NÃO



JORGE MANUEL MENDES DOS SANTOS
(01/2010)                                                                                                                                          

"O ser que sei não sou"




Tanto e tanto do que sei,
Sei-o - nem como nem sei -
Do ser que sou e prevejo,
D’um vulgo e curto bocejo,
No ser fiel de mim mesmo,
Não no eu e que escrevo,
Se de meu não suporto,
Certo enigma do desejo.

Tanto e tanto do que sei,
Sonha com o pior vento,
E causa de tudo q’temo,
Ser narrado, a propósito,
Do’eu ter fome no infinito,
Seja vencedor, ou vencido
Nos planos da derrota.

Tanto e tanto do que sei,
Foi ser, do medo, carcereiro,
Quando m’sonhei infanto,
Encarnando o ponto q’traço,
Mas, sendo curto, o braço,
E o seixo, pesado, nã’não sei
Se vida, é ilusão ou, se sonhei
Eu, mais uma vez, acordado.


Jorge Santos

Luto



Já gastámos as palavras pelas ruas
Muradas, os silêncios deixados
Vagos, crescem paredes meias
Com a Interrogação, onde errámos!?

Já gastámos a ânsia e a demência
Não sobrou nada...


Jorge Santos 

(Os Míseros não Têm Mando)






















Na Pascoa, a morte do Cristo.
Tenho penas, se não suporto
Ter, da ruim, a culpa e, s’isto
É por si, frágil, não respondo
Nem ao Outro,“de ar divino”.



Vis, estes sacros sacrilégios,
Se mal penso no Ser que enfrento,
Inocentes  nus, sacrifícios
Para uns, erros crassos,d’outros,
(Os míseros não têm mando)
Aqui quem julga, é juiz eterno.
De seu mandato, soberano.



Ah, deixem-me dormir a sonhar,
Não me mintam ou me lembrem,
Se não me quero, d’Ele lembrar,
Quero eu, que outros nem’lembrem,
Nos sonhos, de me vir acordar,
En'vestidos da santa Sé, também.



Joel Matos
(2010/01)

Da paixão


Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Dizei-me, se o tenho eu, no coração,
Se tão distante, é da razão, esta dor
Sentida  fundo, se inspirada desse não.


Senhoras, vós todas, que  da dita entendeis,
S’a vires, dizei s’dela tem a tal gémea,
Que tanto s'fala e sonho, em noites tais,
Ou é mito, apenas  d’meu Lado fêmea.


Será errado, em todas vós, achar beleza,
Não send’a tela dono, nem mestre pintor,
Todas invento, sob leve penugem, a fresa,
No toque, na cor e em meus olhos, sem pudor.



Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Perdoai , por assim declarar-me , d’paixão,
E , Se culpa for d’alguém, seja d’Ele, Criador
Do belo d'olhar e coração d'est'artesão.


JOEL MATOS
(2010/01)

Tempo Cego


Sinais do tempo


Um Sinal do Tempo sentia,
Na página fim, de lés a lés,
Cerrada , a noite, mas lia,
Cego, página a página,
Talvez na luz, que m’ilumina,
No rosto e , ao cego, que lê,
Quem, não sei ao cert'o 
Seu nom’meu, seu fogo posto,
Num corpo, deitado no lixo,
Mas, não era uma vela, 
Que o guiava a ele, Era
Um sismo, abismo, por sinal
Um vento, um final de rua,
Na palavra, Talvez mesmo, o 
TEMPO. Por isso, eu corria, 
Pela pagina fim, adentro,
E , procurando fugir , dele,
Do tempo , q' aí vem , cego.
































Jorge Manuel Mendes Dos Santos
(2010/01)

Floresta de Sophya




Dentro , no terror  da noite, 



No raízedo d’meias coisas 
Atrás do latejo das veias
Não em redor mas d’entro
Transfiguro-me, não d’gente ,

Entro no luar , a sombra 
É ali , a minha alma alcatruzada 
Secreta , eriçada e negra
Quando  tocada nela 

E as árvores me despiram 
Os seus ramos me taparam
E da evitada floresta regresso


Dos sinais, quebrados em ecos



Que , dos silêncios todos , bebi.

Jorge Manuel Mendes dos Santos

(2010/01)

Meu coração Soldado


Meu coração parou,
Morreu,
Corri de vez a branca porta,
Calado,
Já fui, um dia, poeta,
Como tu,
Agora sou, de vontade,
Levado,
Para lugar bem ermo, verde,
No céu…


Meu coração parou,
Morreu,
Trancado, a chaves, oito,
Selado,
Marquêz d’mil e um leito,
E Réu,
Entre pedras, mais d'quatro,
Sem lado,
P’ra nascer, nem sei, nem onde,
Se eu...

Meu coração parou
E Morreu...Soldado.

Jorge Manuel Mendes Santos  

(2010/01)

Volto já


Volto já

Hoje respiro a custo,
Preciso um pouco , de
Vinho e d’meu mosto.
Hoje choro por nã’ter
Secreto, um só momento
Meu, hoje sinto sangue,
A escorrer por d’entro meu
Dedo- preciso urgente
D’meu tempo. Pareço
Exausto, mas sinto-me
Por dentro como Fausto,
Que vend’a alma ó
Nefasto, em dia desleal,
Preciso fugir daqui,
Preciso de tempo, p’ra mim
Mesmo, preciso, preciso…
 Escrever, correr no vento…                  
(Volto, venho, num momento)

Jorge Manuel Mendes dos Santos
(2010/01)

L'avenir de l'Homme

L’avenir de l’Homme

“Parle-moi de la pluie qui’ci  tombe”,
Enquanto caminhamos, ignorando,
À beira do fim, como quem o sabe,
E apenas finge, ter esquecido:


-A poeira galga, que and’á solta,
No deserto d’sede, depois irrompe,
Na auréola duma lua lamacenta
-Nestes sinais da extinção a galope


E não longe d’uma sinistra ameaça.
-O homem parido aqui já sem crença
No cosmos seja lá ond’ele acabe.


Dis-moi de l’arme de Ceres qui’ci tombe
Lúcida e calma, todas…mansas e breves
Filhas das guerras e caindo a nossos pés.


Jorge Santos

Parle moi de:





L’avenir de l’Homme

“Parle-moi de la pluie qui’ci  tombe”,
Enquanto caminhamos, ignorando,
À beira do fim, como quem o sabe,
E apenas finge, ter esquecido:


-A poeira galga, que and’á solta,
No deserto d’sede, depois irrompe,
Na auréola duma lua lamacenta
-Nestes sinais da extinção a galope


E não longe d’uma sinistra ameaça.
-O homem parido aqui já sem crença
No cosmos seja lá ond’ele acabe.


"Dis-moi de l’arme de Ceres qui’ci tombe"
Lúcida e calma, todas…mansas e breves
Filhas das guerras e caindo a nossos pés.


Jorge Manuel Mendes dos Santos
(2010/01)

Adverso

Ou controverso


O verso que fiz (meu)
Barro queimado,
Nem o vendi caro,
Na tenda, mercado,
Verso mineral,
Baralho marcado
Nã ‘ baralho mais
Se não o sentir,
No forno, a arder,
Estalar no sangue,
(dos meus dedos, dez).


O verso que fiz (meu)
Foi alugado,
Ao mês e barato
Algures furtado
Por um gaiato,
Na loja do lado
E; passo em falso,
Cai na sarjeta,
Ficou molhado,
Não quero mais,
Versos escorridos
(pr’ós lamber na sede)

O verso que fiz (meu)
Dito por maldito,
Bem m’orgulho se,
Rasgado e roto,
Repudiado, mas,
Na estante, vivo…
Melhor, Se estorvar
Por nã’estar morto,
Apesar de plebeu,
É porque é meu,
E é controverso
(deix’ó falar).


Jorge Santos

Pátria minha




A minha Pátria


“A minha pátria é a língua portuguesa”
 Nomeio as palavras que no friso panteão fogem
Em que descubro as promessas por dizer, às avessas
do “se não digo nada de jeito” é no peito que desatino
De um amor que não prescreveu. “Eu ouvi ou ouvi eu”
E eu senti que em meu texto, no meu tempo
Existe o teu jeito e em minha voz o teu sotaque

Às vezes soa também a um hino alegre,
Soa a um riso solto, soa a um grito louco,
E troco a minha vida por um dia de escrita
troco minha vida por um mergulho de voz Lusa
E Nós, quase uma canção d’mar e por findar,
Do fado,” eles me doaram a voz que me dói”
Eu adorei ouvir tua voz e não tive sossego,
Mas tive vontade e, como diz Pessoa , por outra,
“E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz”

Porque “A minha pátria é a língua Portuguesa”

Jorge e outros sotaques

Panfleto


Panfleto

Um dia, direi no que acredito
E virei a praça, e em publico,
Proclamar de um banco, o pensamento,
Escondido no bolso, deste casaco.

Olho nos olhos, estátuas de pedra
Dura, com vergonha, mordi lábios meus,
Senti-me profeta d’algibeira,
Vergastado, num qualquer Altar, sem Deus.

E eu mentiria, se meu protesto,
Não fosse do meu peito, panfleto,
E d’alto gritado, como quem diz:-pára,

“Parem de cavar um poço fundo,
Entre o deles e este nosso mundo,
Ou a voz dos muitos cedo será”


Jorge Santos

tradutor

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