Sou d'tod'o tamanho...










Sou de um tamanho que já não mais
Existe,”o desolado d’um comunista”
Em subtítulo (porque o rotulo m´falta)
E imposto p´los partidários rituais,

Nas greves, manifestações, etc,etc.
Ser apelidada de “pecadora original”,
É, d’alguma forma bastante formal,
P’ra t’soltares no látex pl’a quantia certa.

“Operárias sem trabalho” na manchete,
No suplemento, fotos em pele e osso .
No meu tamanho d’reles Pass’o-
-Tempo de cela, sô mascado c’mun’chiclete.

Mas de resto , s’é marginal não s’publica .
Se sou do grand’a tamanho, destacável
No “hemiciclo” ,tod’o crime m’é passível
D’respeito, se (made)in “diário d’república”,

E nomeado Doutor “honores causa”.
Do tamanho mediano, corro’ risco,
De ser roubado e devorado p’lo fisco,
S’alcunhei  d’casa,a fossa ,”campa rasa”.

Aí (ai aí…) …fico de tal maneira desmedido,
Na vontade cruel, d’estripar os ratos
Poderosos e Senadores prostitutos,
Que nem as vossas prisões me metem medo.

Nem o vendido lacaio, jornalista.
Sou de um tamanho, que não mais
Existe, não sou (ainda) título de jornais,... (mas)
Ai, d’ político podre,  que conste na lista.


Jorge Manuel Mendes Dos Santos
(2010/10)

Muda Esperança



Permanece muda, a bonança
Nesta alma e venta contrária,
Do mar, da perdida esperança
Que canta, em conto de sereia...

A viva saudade, do que não sou,
Nem pretender ser, pareço.
Quando se calar tudo, tudo,
(até do temporal o vento),
Num breve e surdo mundo,
(Desconfio que mudo também),
Poderei, (num segundo), gritar,
E em múltiplo, tudo o que aqui sinto.

Pois, se tudo em mim é torrente, rio
E enchente, cataclismo, guerra ou abalo de sismo,
Nem serei vazio de mágoa, nem de orgulho cheio,

(Como Homem)
Receio que permaneça muda,
A esperança.

Jorge Santos (10/2010)

"y Grego"



Faço meus os versos e males deles todos,
Os mais ateus os sós e os desencantados,
Os Atentos beatos e os de rostos desiguais,
Todos d’essa solidão em riste dita “dos imortais”

Se na garganta o sangue lhes escorre tinto                           
(se bem não seja tinta a cor do desalento)
Em jorros, do barril, como na infame tasca,
O vinho que derramo no chão de terra rasca

E noja . M’arrojo de borco, rebolo nas abstractas feridas
Como se verdadeiras fossem e veias da minha jugular
Depois refúgio–me (de molusco), na praia das pedras soltas
Da miúda chuva e invento frases mudas sopradas no ar. 

Desfaço-me dele -todo meu mal em perversos
Manifestos da respiração e penhoro a decisão no prego,
No coração, na mente e nos arrabaldes do corpo.
Faço da Causa “Emérita” fábula de Esopo y grego.

(depois abastardo-a em desprezíveis versos)


Jorge Santos (2010/10)
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"Palavras meias"






"meias Palavras"




Vivo uma vida de certo bruxo insecto,
presente no ceu da minha quase boca,
Quase seca,infértil,inacabada,sem sabor,
Que,com a ponta destas asas ,quase toco,
Na minha voz quase vidro,tampouco rouca
E de meu corpo ,quase sem roupa.

Em andrajos m'arrasto e praguejo
do tosquiado obelisco torto pelo vento
com as estrelas apagadas e o sino do tempo,
No invicto céu,aquele que duvido seja meu
Porque em tudo de meu eu entrar evito
                      (Mas todavia entro por debaixo da maldita porta)
Ou divido entre a alma e a esta roupa suja
E essa eu não mudo aqui sem que fuja
Do que digo (talvez sem tino)
E isso se cola ao ouvido esquerdo
E a um véu de linho quase cru
Em forma de asa de grifo , "gralha"
ou insecto crisal que o valha.

Sou adivinho de meias palavras,
E de um belo discurso,que duvido seja meu,
Quero entrar pela baixa porta e sem roupa,
Porque vestido de veludo não m'a'visto,
Nas velhas frases ditas em "lua meia" de verdade.

Mas vivo deste lado... (d'uma vida destemida de insecto caseiro)...



Jorge Santos (2010/09)
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Cordéis,seis...



Tenho seis cordéis, em vez de veias
Tesos assim como da guitarra, as cordas,
Prendem ‘est ‘alma ao céu-da-boca,
Tenho Tons, desarmónicas e fugas
De mi menor, mas não fujo d’esta paixão louca,
Que sinto no fundo das entranhas,
Quando os céus se pintam, de bege fugaz
E os cordéis me levam, por veredas estranhas,
De luscos-fuscos e cavalgadas, em trote de corcéis
Marinhos com crinas da cor do mar-da-prata,
E, Em vez de voz tenho o rolar das marés-vivas,
Do mar menor, desfazendo-se em espumas brancas,
A segredar -“tem cuidado ou ainda te afogas como as sereias”
Mas, os seis cordéis, em vez de veias,
Tesos como a guitarra de cordas, amarram-se
Com força aos céus de lisos de púrpura
E às pingas de chuva com cheiros de terras molhadas.

Tenho seis cordéis que me prendem às madrugadas.

Jorge santos (09/2010)

Bebe da minha alma




Toma,bebe...
Toma,
Bebe d'estas pétalas d’rosas,
Soltas, frias, das pálpebras e prosas,
Nem sei se seixos são,
Quantos Flutuam nos desejos de mãos e dedos.

Toma, bebe do meu fálico copo que treme,
Que o meu mando tem apenas da serra o cume e o termo,
Sendo, são minhas cinzas ao vento e meu ermo.

Toma, bebe o que ainda encerro
Em terras de pó e barro.

Toma,e mesmo assim não temas o sorvo do cântaro escuro
Até que na míngua o convença eu,
Que é estorvo e turvo,
E, por mais que o pise nesta,
É na terra da crença que o derroto.

E são esses os motivos do nada e do tudo,
Que deves beber desta taça, mas bebe das pétalas de ar lúcido,
Bebe apenas o beijo que,quieto nos meus lábios,
De água transparente viaja,
Viaja com destino Distante…

Toma,Bebe do encanto que ainda
Consome o meu peito.

Joel Matos (05/2010)
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Na pressa de Chegar



(do nada)
O vento revirado avistou alguém nas estradas
De multi-centenário pó
Este alguém julgava ser incapaz, na véspera,
De caminhar esfarrapado e morrer sem dele próprio
Ter do mais ruim senão igual dó.

Soprou-lhe as feridas num prado de erva-de-são-roberto,
Junto a um riacho imperfeito e feito das escuras penas
Como quem lava leve rasto de si e impróprio.

Desamarrou-lhe dos costados os estrambólicos fardos
Para que descobrisse noutros sopros
Outros palcos destas ou doutras crenças
Revisitadas por velhos ventos sagradas
Descritos nos “Oráculos dos templos”

O vento revirado avisto-o de novo nas estradas
Mas agora já sem vulgares rumores por perto.

Jorge Santos
(2010/09)

Farol



Sendo eu navio transponho o brilho escuso do mar e fujo do olhar

tão rápido como o louco muda de esgar.

Sendo um nado vivo transporto comigo fachos de lucidez comum,

como obrigações e estas ilusões de vida sem nada de verdade para partilhar,

se nem lúcido consigo de razões fogos-fatus empunhar.

Por quem me tomas...

se nem me importo que me reconheças logo

como perdido ou resgatado ,

eu faroleiro...espiando o navio no nevoeiro denso

como um louco marinheiro longe do mar.

Agora ,ao raspar da solidão o sal e a pele áspera

nada mais me resta que esta carne em sangue-viva

e uma intensa sensação de dor como de quem espera

na floresta e nu ser amarrado e rasgado por silva brava.



Jorge Santos

À margem de ti



Nada se passa em mim sem Ti,

" irmã coragem"

nadas longe...ou ficas na margem insegura,

sem amarra...

"ao Deus dará" ,nem digo:-- "vai", ou desminto o destino

que me colhe todos os dias mais uma,outra,... e outra hora

e que nem me falte essa tua ancoragem

de "Porto sem medo"

lá , onde nem me encalho nem me perco,

sendo eu , só miragem de ti ,

nado no destino dos teus restos de Luas irmãs,

irmã coragem ,

sê a minha margem, senta-me no teu colo

e conta-me uma historia infinita

onde nada se passe..nada,

depois descreve-me em surdina,

isso que nos céus se passa e nos rodapés

desenha-me amanheceres com quentes cores ,

e nas margens rudes

e cavadas

e nos afluentes talhados dos mares sem fundo...

onde nada se passa ,

deixa-me repousar à tua margem...


Jorge Santos

08/2010

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Elegia ao silêncio



Não digas hoje mais nada
que não irrompa no liquido ar
como seja um simples grasnar
de ave no lago,escarapantada
pelos bandos prestes a migrar,
bravos,belos e livres ainda...
não digas hoje nada mais
que interrompa nos tolos poisos
o viscoso peixe com pés,
dos lodaçais quietos
e dos pacatos pegos...
não digas nada...


Jorge Santos
Agosto 2010
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Sei o motivo



Sei os motivos das chuvas,
Porque o meu coração cala,quando ela pára,
Porque a minha respiração enfurece,quando ela galopa
Porque a minha pulsação cresce,quando m 'imola na rocha crua,
Quando receio a chuva e o frio,
Vento,e Irrompo descalço e nu p´lo espaço vazio,
E entrego tudo às chuvas,e ...de cheiros fortes encho o peito,
E, nestes cadernos, lavado em lágrimas me entrego ao delírio,
E aos amados motivos dos seios prenhes e d'águas doces planas.

Quando cinzelo de palavras, teu corpo de lama imerso
A sons perfeitos que malho a maço e martelo,
Sei do motivo das chuvas fortes,
E irei ao fundo do delta e ao cabo
Sem contudo conseguir "elegir o vibrato" certo
Que dilua a chuva avessa e fenda o granito
De tua face de sede e invento,
Sendo eu fogo e algemado ao intento
De te roubar por fora e por dentro
Como desterrado por ser tara, intruso e Elfo.

Sei os motivos das noites e dos dias
Mas sei tão pouco das tuas magias…



Jorge Santos
(2010/05)

Tear




Alguma coisa me chama “bem-vindo”
E em forma de halo ou anseio
Reúno-me na teia, nomeio
Os corpos magros e com eles m’afundo,

Tão pálido que nem me reconheço,
Na poça inunda à lua feia.
Alguma coisa vã me desafia,
Do poço sem vontade em que me fixo

E dele transbordaria se chorasse
Ou fosse destes ombros despojado
Como casta de gente que em mim cesse

E vejo a mestra do esconcavado
Tear como fosse vivo e falasse
Da rede morta que me vai cercando.

Jorge Manuel Mendes dos Santos
05/05/2010

Na orla da noite



"Na sombra da noite,
fachada onde as estrelas imitam luz,
Nela venho mascarado,
única coisa minha igual frente e verso,
Que tomo de corpo e alma,
faço parte desse seu vulto denso
Onde eu me perco
e, de mera sombra,
me torno num outro
e noite dentro também,
Mas sem sonhos por perto,
que não sejam as estrelas
paradas em cima de mim,
Nem sou nem mais fui esperado,
na orla da penumbra sem fim"

Jorge Santos
04/2010
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Frases

 partidas


Tenho muitas frases, como aquela da “lua fundida”
Entre o cais e a maré,
Frases do andar por andar “da gente” na rua despida
De frases fundeadas e sem pé,
Frases que querem vir para a frente do título e desmenti-lo
Depois em rodapé.
Perdido estou em magras frases da minha rasca vida !
Rendida  em contadição
Perdido na mansão ou corredor temporal da frase sem sal
De facto, não,
Não tenho agora frases que sirvam de verdade a todos e tudo,
Elas, por um nada mentem,
Tenho umas outras frases que se me avizinham
E me enfrentam,
Frases fininhas, em tiras, na mente, que me vêm e vão,
Frases singulares,
Em gatafunhos secretos e sinais na fase do sermão
Aos peixes,
Que um mero filósofo (ares a fidalgo da rua) de único sentido
(Ainda que extranho) Inventou de repente, para meu intimo e vão uso.
E rondo frases à roda da tabuleta melancolia,
Seu interminável e redondo uso!
Não me encontro com ninguém que me louve
Ou me sublime,    
(tenho fases, como a lua, “aquela lua fundeada entre o cais e a maré”.)
No dia em que alguém perguntar ser minha
A frase que “algum pessoa” leu,”não é dia de eu ser só eu”
E, quando chegar esse dia,
O outro “eu” liberto de cada pagina  em tiras fininhas cortada,
partiu e, então “comigo, já viveu”.

Joel Matos
04/2010
http://joel-matos.blogspot.com

Ao contrário





Que aconteça o contrário
do inventor ainda não inventado,
nem que o sino toque no campanário
o "reqiem" vezes sem conta badalado, 
o pau de canela adoçante no chá,
saiba só a chocolate ou café forte,
que o erro gramatical seja predicado,
e o ordenado na conta do pobre
seja bem mais aumentado,
que o mundo gire as avessas,
até ficar de cabeça tonta,
que eu por essas travessas,
batendo de porta em porta,
com o boné ao contrario,
encontrarei um poeta,
que escreva por linhas tortas.


Jorge Santos
03/2010 


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O medo instituído



Esconjuro e dano as forças do universo
que do fogo inútil forjaram este imundo prodígio
por dentro , por fora e ainda do avesso
e este vulgar Homem profeta (absurdo e doentio)

desde o "ghetto" à Medina de Mecca ele rezou,
balbuciou as Thora's enquanto Germanizou o medo,
ignorou a desgraça e deserdou o livre pensamento,
estropiou a humana emoção , jurou segredo,

com lábios cosidos, sobre aquele sujo e imenso degredo.
(é branco o livro sagrado que encosta ao peito)

JORGE MANUEL MENDES DOS SANTOS
27/03/2010
http://namastibetphoto.blogspot.com 

Flores do prado

trago em mim todos os estudos desenhados,
"croquis ",mas o desassossego é tanto,
que rasgo de pronto , as maquetas
e pinto com os dedos besuntados
nas paletas os botões ,as rosas 
e os oceanos de emoções
que não consigo descrever,
por estas letras.


trago em mim a percepção do caos,
mas é nas flores iguais que o meu coração
aquece e esquece os momentos maus,
riscos e mais riscos não se me apagam da mente,
nem me embebedam ,diferente das planícies verdes,
essas desprendem-se-me da mente , como papagaios
de papel ,soltos do cordel e o rapaz
que corre ao longo do floral 
não me agarra,não me apaga nem me vê mais
sou todo eu todo feito todo vaio 
de flores de maios...


Jorge Santos
03/2010
http://joel-matos.blogspot.com

Alma d'espantalho

Esparto com imensos pardais,
De pano,nem por ser espantalho
Podem ser menos humanos seus ais
Seus sonhos papeis e coração de chocalho

Oco até ao pau que o sustenta
Não sente?,é ele próprio "a tormenta"
e o esteio,quem chora nas manhãs,
solitárias e tardes certas.



Jorge Santos
03/2010 http://namastibetpoems.blogspot.com

Barbearia

Barbearia

Não sou nada dentro deste muro,
Nunca serei nada do lado de  fora dele,

Não posso mais do que querer ser, 
Parte dos sonhos e de todos os lugares.


Sou filho comuna do vazio e cantoneiro
De estrada sem berma, barbado,
Viajo sentado na loja do barbeiro,
Lendo, desatento, o jornal amarrotado

Estou vencido, (como se só o vencer
Fosse lícito), se estivesse para morrer 
Teria lápide “ toda uma vida sem lealdade”
Mas também ela, uma (meia) verdade imitada

Das filosofias que não apalpei, sem euforia
Arderam, de resto, como a multidão
De versos adaptado, em esquadria.
O meu feudo é ter do real o convicto “ senão”

No fundo, estou desiludido nas certezas
E nem vejo na luz, o sol ou ouço,  d’ouvidos,
Sons que cruzam, na barbearia,  as vidraças,
Aquele assobiar, das ondas nas conchas dos búzios.

Mas hoje o universo reconstruiu--me…

Joel Matos
03/2010

http://joel-matos.blogspot.com 

Quero...



Quero as suavidades pequenas e leves,
De poder sentir as brisas, soprando mansas
E nelas , leves , voem penas e esperanças,
Absortas em saudades de gestos suaves.

Quero sonhos flagrantes, madrugados,
Cores e horizontes fardados, como amantes,
Quero ter de volta os bandos migrados,
De aves vestidas e nelas beber como dantes.

Troco tomos e tomos de obras de artes,
Pelos sentidos tombos, suaves, do vinho,
a alegria de viver ,os caminhos e os enterneceres
Quero dançar de novo feito dançarino.

Jorge Santos
http://joel-matos.blogspot.com

assim assim...

(eu bem quis ser assim)
Eu quis ter um desses dias "assim assim"
Montei o monte claro que foi Olimpo
E foi quando voltei de querubim,
E virei costas aos sinais do tempo.

Eu quis ser um desses dias totais de vento
Com estandarte xadrez,armadura e tudo
Mas tudo o que consegui foi ficar mais tonto
E correr com o furor desfraldado

Se o meu sonho de ser tão alto
Fracassou foi porque faltei ao encanto
Cansei do contador de contos não fui coerente
Nem agarrei pela frente o elefante da sorte

Se trafiquei causas vesgas , foi por assim haver
Contrafeito todas as "merdas" e fazer de travesseiros,
As fraldas do monte Vesúvio, fiquei a feder
Por dentro e por fora tresandava , de maus cheiros.

(Fui eu sim ,num dia assim/assim)
Jorge Santos

tradutor

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