Papagaio de cana, papel e gente





Pobre fera,

Aquele que ama
De verdade, sem saber,


Aquele não


Preparado pra morrer,

Como fera morre,


Fera cujo coração
Derrete quanto 
O céu arde,

Fera fiel ou mito,
Da garganta ao umbigo,
Maldição e sombras,

Pobre fera,
Onde se deita mora,
E toda gente que vai'bora,

Com medo da onça,
Feras de zoo,
Feras sem esperança,

Pobre fera,
Sou eu sem ser
Onça,

Papagaio de papel e fita,
Que se lança
No vento contra,

Obediente
Que nem fera mansa,
Fera de zoo, fera sem esperança

Papagaio de cana 
E papel
À onça meia e gente.





Jorge Santos (02/2016)

Não ser eu "toda-a-gente"












Não ser eu toda-a-parte, em toda a gente
Sentir bastante perante o que me comove
E o que é pasmo, não fazer eu parte maior
Do a seguir a mim, de um modo natural e leve
Quase como se fosse instituído por plena lei,

Congénita, a tranquilidade ter a orgânica
Lunar e desse mar o êxtase, a ambição doce 
De acariciar a erva alta fofa e as faces dóceis 
Em toda a parte e toda a gente nas breves
Coisas, essenciais ao que alma minha sofre

E sente igual a essa surpreendente gente 
Não sendo trás e frente tod'essa gente eu,
Faça o que faça pra que me não demova ter
Dos sentidos os extremos destes e o excesso
Próximo dos sentir passar como camião 

Desgovernado ou comboio de excessiva carga.
Não ter eu metade a que agrade a mim mais
Que à outra parte de gente de que faço fraca
Parte, não ser eu toda a gente e toda a parte
Que emociona os sentidos dessa alegria única.

A paixão de ter algo, é uma pipa sem fundo,
Ter sossego, é outra coisa e tem a ver
Com o fogo que herdámos da mãe Terra
E não do estômago que motiva a fome
E a miséria de querer tudo e mesmo

O que não empresta felicidade às rosas
E o perfume às açucenas de chão de terra,
Não ser eu toda-a-parte, em toda a gente
Sentir bastante perante o que me move,
E o que eu pasmo ...










Jorge santos (02/2016)






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O Santo sobrou









Santosobrou


Tento sobrar-me dia-a-dia 
Sonhando-me, mas não sei
Que sonho ter, em que sobre
Essa premissa d'eu ser o sonhar
Meu,

Acabarei por não passar disso,
julgando-me vivo num sonho,
Morto que mais vale nem outro
Sonho ter se do sonhar meio
Digo, cansei

Do'ver, símbolos onde existem
senão maus ladrilhos, despregados
Roubados da paroquia do Santo
Sonhar dos despertos supérfluos,
(O Santosobrou)

Tentei segurar-me dia-após-dia,
Ao corrimão da torre do relógio,
Como é lógico, pra quem quer 
Olhar olhos-nos-olhos a glória,
Sem chamar por ela. nomes feios,

O campanário é do tamanho certo 
Para ver-frente-a-frente, 
Hora-a-hora, o estranho que sou
Por ter, ao andar uma volta, um fuso,

-Ou por prometer ao sonhar novo uso
Do sonho e crê-lo sonho meu... 



Jorge Santos (02/2016)
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Coração de boi





Não tanto como me corrói 
A poesia por dentre outras
Dores como que doem como
Não sémen, mas areia

Da que corre nas veias
Com que me disfarço e faço 
Meu o prazer de sentir a
Vida em mim bem viva,

Tanto me corrói grão a grão
Bago a bago, bem
Dentro do coração boi
Q'inda trago ao peito

Embora inchado, 
Não tanto como doi,
Porque um coração,
Não doi nem parte,

Se fica no que estou
A sentir e no que senti,
Quando me aperta
Ele como se fosse

Uma outra mão,
Não quente, não minha, 
Mas dess'outro mundo,
Que corre e rói estas veias

D'veludo táctil ...


Jorge Santos (0272016)
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Encanto teu





Encanto teu, engano meu 
Úlcera, pus, com sorte terei podre
E comum raiz com o meu nariz
Torto, quanto mais do público

Tão lírico quanto apaixonado
Pela voz deles, branda e minha
A ideia de ser a fala desses
Em falta, qual sulipa de linha,

Férrea antes do descarrilamento
Do trem de ferro e lata cobre,
Engano o teu, te cresce a barriga
Do Conforto e no decote meu

Urtigas, Garopas e outros peixes
De menor importância, na saliva
Do meu cachaço de Hebreu
Herege,ateu diminuto do meu útero

Ulceroso falso, poesia com pus e
Melaço...



Jorge Santos (02/2016)
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Menor mundo






E eu deixei o ponto onde me digo,
Por outro monte de meu invento,
Cerca do sítio que na minha visita
Alcanço e consente a noção de voz,

Que tenho mal no queixo embutido,
Prezo o que contém dentro o hálito
Pouco esclarecedor, em todo’caso
Deixei o ponto onde me digo Molière

Do palco mais alto, nem por isso
Preciso anunciar que me mudo,
Com três pancadas redondas
No chão-palco do menor mundo

E sem enredos de mil e uma noite
Ou arrelias de actor bêbado, de 
novo e a cada sessão da peça.






Jorge Santos (02/2016)
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Inteiro e completo







Ainda que o ar me sufoque não
Ainda a coragem de enfrentar
O mundo, seja senão no sentir
Mais, maior e mais profundo,

Ainda que o sentir mate não
Aquele que o não tem nem
Sabe que perde em vida por quase
Não morrer da emoção de sentir

Mais, maior e frequente face aquele
Monógamo sujeito vão que respira
Embora mal, por abafar no coração
A coragem de dizer sinto, a tudo

E não ao tal sentir Humano total
De gentes em cores distintas e das
Dele, mesmo inté onde alcançar
A vista. Ainda que o mar em frente

Me baste não, hei de construir
Uma nave grande onde caibam 
Os sentimentos de todos quantos...
Partir e ir embora pra sempre,

Pra sempre cheio, inteiro e completo.











Jorge Santos (02/2016





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Continuarei ...




Continuarei a sentir sem coração nem veias,
Continuarei a ouvir o coração nas orelhas
Sem tê-las na cabeça, ambas e parelhas,
Continuarei faça o que faça pra acabar
O arder desta fogueira que arde sem queimar
E sem me acabe de vez o ardor que é viver
Sem ter o coração atrás da orelha bamba,
Nem ouvir meu respirar através da cabeça,
Sem nas dos outros todos encontrar o coração
Que me falta ou que não sinto, a meias como hoje,
Continuarei a sentir o preço preso ao colarinho,
Como um ritual colado no rosto prolongando
A parede branca do sentir que não tenho 
Nas veias, nem remédio pro que sou e sirvo,
A meias com todos em pensamentos e expressões
E no meu íntimo…

Grandes eram os tempos e os céus, gigantes.






Lembro bem de olhar o céu fixo e ficar contente
Era pequeno e brincava ao berlinde e ao pião
Fazia na areia castelos, fossos e o oceano pensava-o
Infinito como tudo do que era eu íntimo no verão

Como o céu de tom pastel e o meu tempo de menino
Contente por haver mundo e ver tudo que fosse
O lado bem do sonho, lembro também de olhar
No céu o limite e ter o tempo a durar pra sempre,

Parecendo grande, grande assim os meus desejos 
De menino contente por ser do pino do verão dono
E do céu o vigilante era eu das muitas estrelas
Que caíam na minha imaginação como os berlindes

E um pião, pião sem guita rodopiando como o mundo,
Inconsciente eu, dele e do meu rumo de gente
Grande, grandes eram os tempos e os céus gigantes ...
Lembro bem de olhar o céu e ficar contente



Jorge Santos (01/2016)
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Acto supremo






O acto supremo da simplicidade
É o ser capaz de sentir a natureza
Exaltar-se quando meia primavera,
Amadurecer no verão ,paliar

No Inverno o coração com o cetim
Dos sonhos pra o sentir tranquilo
No bocejo da seiva, simples como
Fui eu toda a vida e ainda as mãos

Dessa tranquilidade vêm salpicadas
De gotas e da idade, tento de facto
Sentir a natureza e quando estou
De bem comigo próprio as árvores

São o que ma faz parar para respirar
Grande e talvez o mar o luar e o vento
O facto supremo é o que faz a alma
Ao talento distar menor e isso acalma

Da natureza as folhas e a erva quanto
Mais a minha pele salpicada de gotas
De água de todas e das muitas fontes
Minhas e frias rios cenários decerto ilhas

Mil e estradas em Abril Maio Junho...




Jorge Santos (01/2016)
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Olhos conta-gotas





Olhos de conta-gotas

Colasse as gotas de onde as tiro,
Deixaria o mar de ser baixo tanto,
Mais do que mede aos olhos
Da gente, mesmo daquela miúda 
Que passa no cais e nem eu conheço,

Mas não diferente do mar en'frente,
Onde colo os olhos e conto as ondas
Todas...todas reconheço da cor,
O céu que fazia, quando no mar nasci
Eu,por isso do mar as tiro

Com conta gotas, plo prazer
De ter olhos da cor do mar-palheiro
E não o cinza d'ondas gordas,
Esse não cabe mais em mim dentro,
Nem no frasco caça-gotas,

Ou em qualquer eu inteiro...



Jorge Santos (01/2016)
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Donde venho





Donde venho, velho
Nem o tempo tenho
Tudo se renova e passa
Excepto o querer, o poder

E o Desejar ter, pudesse
O meu sentir perpétuo
Tornar-me para não me 
Sentir perdido aonde estou,

Sem o onde ou o ontem
Ou o engano do tempo
Que me confunde e mata,
Tudo o que valho, é sendo

Tudo o que sinto, nem mais
Nem menos que barata
Que não se deixa ver
Mas se persegue e pressente

No lixo e na lata bolorenta
Deste sentir semelhante 
A ferrugem ou a fuligem
Mas que mata igual

Ao ranço e à doença da velhice,
A esperança não alastra
Como o óleo e é pra mim
Um permanente mistério

A minha existência como ser
Pensante e donde venho,
Passando do tempo ao espaço
Tempo, lento ...


Jorge Santos (01/2016) .
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A missão dos céus




Chego onde hoje habito,
Por uma escada de ar e vento,
Sou ligado ao precipício,
Por uma missão que é ser visto

De todo e qualquer lado,
Menos d'onde estou,
Talvez por ser esse lugar
Medido plo ar que farejo,

E não plo dar em troca 
O que seria natural, 
- Maresia de mar e gaivota
A voar junto a falésia,

Chego por perto d'onde habito, 
Por uma escada de corda
E ferro, ao passar as nuvens 
Sinto o hálito de Deus no braço, 

Mas na verdade 
É confusão a coisa podre,
- Os dentes feios e meus 
Ligados à língua pela garganta

Oca ,não seria a troca justa
Nem humana ou então 
A missão, não era bem esta...



Joel Matos (01/2016)
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Chove







Chove "per si" como em mim em silêncio,
Quando tudo se esquece, isso é chover
E é silêncio por si só e uma sensação 
De esquecer que nos sossega, muda

Como se o chover fosse o que sinto,
Quando não tenho assunto pra sentir
Ou esta coisa que pesa nos sentidos
E é tudo e o mais que sinto e raras 

As que fujo, do sentir que a chuva traz
No bojo que até prefiro não despertar
Dum todo pro silencio que se aprende,
Não deste que me prende numa falsa

Mensagem de chuva, em silencio mudo
Que tudo me faz esquecer mas do modo
De sentir que uso, quando quero sentir
Vasto, quando visto os sentidos todos

Que tem o mundo, de baixo deste mundo.
Chove por si como em mim, em silêncio
E ouro, revela-me a outra margem, alcanço
E persigo essa sensação que sossega

O desejo de mais e mais sentir tudo
A bordo deste meu sentir sentido, cujo
Uso trago e trajo e calço e não mudo...



Jorge Santos (01/2016)
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Sendo eu outro




Num poema vão as passadas
Comigo e o retrato meu que
Toda a gente conhece mas
Não (como um confessionário

Onde o frade ouve e não sente) 
O poema enfrenta o tempo,
A natureza e quem o lê...
Por vezes estremeço ao ler

Um poema meu e sinto 
A ansiedade do momento
Em que pari e a dor do facto,
Como ninguém mais, mas

Dessa maneira sinto o meu 
Pensar passado um tempo,
Como se fosse o auto-retrato,
Doutro que conheci faz tempo

Como sendo, eu outro ...



Jorge Santos (=1/2016)
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Aos pássaros acresce o voar...







Os pássaros crescem
A voar, nossa alma
Nasce pra depois voar
Ou não, voando.

Os poemas que amamos,
São pássaros que chegam,
Não se sabe d'onde e pousam
No livro em que lês o auto

Da alma e do amor, sem autor
Ou pagina marcada,
Um dia todos voarão em bandos
Como pássaros,

Autores anónimos, nós outros
Pássaros de prisão,
Cresçam e voem, deixam-me 
Sonhar cada dia mais só,

Cada dia mais sou,
Cada dia mais solto...



Jorge Santos (01/2016
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Não sei se sei, se não....







Tenho sofrido,
Quer solidão e leveza
Quer de vazios,
Dizer o que sei,

Eu não sinto,
Nem vontade
E contar cura
Não. Tenho sofrido

Independente
Da razão e do
Sítio que liga,
O estômago à mão

que escreve,
Dependendo
Do coração um terço
Que solto,

Solto, faz tempo
Não ....
Tenho sofrido
De esquecimentos,

Mas o que sinto
É que não sou eu
Que esqueço
Onde estou,

Mas tantos outros,
Que me não acham,
No incerto caminho
D'onde venho,

Perguntam à névoa,
Que foi do tolo
Que se perdeu
E esta responde:

-Quem por aqui passa
Com coração à solta
Não precisa guia
Cão, nem tem medo...

Venho sofrendo
De infinitos dispersos
Por tudo quanto vejo,
Unidade na alma,

Esta não vejo,
Estilhaços de azul e céu,
Que agarrei para um uso
Que não sei, se sei,

Se não...

Jorge Santos (06/2016)
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Cidade País...






Das cidades feitas País,
Conheço umas tantas,
No valor e na significância,

Perguntem à alma dos 
Nacionais o que importa,
Nas cidades feitas País,
Como esta, à sombra
E que tanto me importa,
No valor e na significância... 

Das cidade feitas País, 
Conheço umas tantas,
Remotos edifícios e praças,
Amontoados de sonhos,
Incapazes de regressar
Aos meus,

Das cidades feitas País,
Vê-se os céus por entre as copas
Altas, nem sei porque
Não os avisto sendo meus,

Das cidades feitas País,
Como esta sombria,
Todos somos acaso e recomeço,
Ilusão e memória...

Absurda a cidade que conheço,
De sonhos feitos País meu...






Jorge Santos (13/Novembro 2015)
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Não entendo.






Tod'o sentir m'entende,
Tod'o entender se sente,
Só eu não sei explicar
Como é viver sem sentir,

Embora sinta ao passar
Do tempo, tamanha 
Nostalgia mas apenas no
Pensar, sem entender

Que o pensar não somente
Passa, como não sente
Como eu sinto, sem 
Saber explicar o que minha

Alma pensa, sem passar
Do sonho ao normal
Sentido e ao presente,
O que sente de real

E não entende, apenas
Essa sensação não some
Por nada, nem que enrodilhe
A alma de conjunto com a Terra

Toda e a dor de não ter
Nem entender o que é este sentir
Imenso dentro, onde o tenho,
Não entendo, não entendo,

Não entendo......



Jorge Santos (11/2015)
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Prazer da busca...




Parte de mim busca o prazer,
Parte do que possuo no ser
No entanto, é possuído
Por certo prazer que nem
Sei descrever ou sei se possuo
No som que procuro trazer, por escrito …
Se escrever posso possuir o dom que busco,
Porque apraz a minha vontade viva…
Parte do prazer que usufruto,
Vem da busca de mim, que o escrever me Traz,
Parte de mim busca o prazer,
Da arte que transforma em busca,
Aquilo que posso não achar
Em mim,encantar a outra parte,
Encanto que é o que puder e quero ter
E não possuo,
A arte de descrever
Tal busca, que busco sem saber qual parte,
E quanto possuo,
Embora parte de mim busque
O que outra arte que encanta diz fazer parte
Da vontade de ser eu
E me procurar,
Do lado, onde me encanto
E me iludo, como nesta escrita
Sem arte, onde nem sempre me encontro,
Com quem nem sempre me cruzo…

Porque falo de mim...




Ninguém fala dos outros
Quando escreve para si, só
Poesia que para tantos outros,
Parece falar com eles, deles
E deles só, não sou bom
Ouvinte, nem as cidades
Aumentam a sensibilidade
De meu débil ouvir, mas respeito
A sensação de estar “de bem”
Com a Terra, ensina-me esta
A falar de tudo e do que sou
Feito e aos outros que não ouço,
Mas percebo apesar do barulho
Mudo nos reinos Este a Oeste
Do fim de tudo, onde não cresce
Hera, nem hora nem o fuso,
Nem me dá bom agouro,
Ou usufruto …Pois ninguém
Falar deve, por todos, sem com ele,
Em primeiro no fim e no fundo…

O desejo que morrerá comigo...


O desejo que morrerá comigo
É o único com que acordo e me deito,
Pretendendo ter uma supra consciência
Do que suponho ser universal ou divino,
Nada aparentado aos sonhos só meus
Que nem tenho, mas se reúnem
Como sendo, num capitulo e se resumem
Num desejo que morrerá dentro,
Das passadas que não uso, mas habito…
O desejo que morrerá comigo,
Carrego-o no instinto, inútil é ele,
Tal maquina de escrever que faço uso,
E de que sou marido, ela mulher,
Embora não sejamos casal perfeito,
Copulamos na sala de estar, no leito
No escritório e na cadeira de barbeiro,
Somos dois abismos sem limite
Tendo um céu lá em cima servindo
De horizonte e de ilusão, eu e o desejo
Que morrerá comigo, irónico, eu contente
Como um cão voluntarioso,inevitável.
O desejo que morrerá comigo,
È a memória pura e dura da criatura
Que mais mal conheço e o medo
Que coexiste neste veículo de sentir
Tudo e realmente… Triunfo e mérito
Ou o desprezo de todos eles, do destino
Que nasceu e morrerá comigo, servo
Da realidade, da obediência ao inevitável
Quanto baste, da vontade e do quinhão
De desejo eterno, de sonhar ser vida,
Mas morto esquecido e selado.

Servo Sol...




E quando me depuser o sol
Na curva o norte não serei eu,
Nem estarei na primeira fila, no monte
D’enquando se levantar novo
Lá no céu, a rebolo de ventos
E tempos, não serei eu quem rodopie ou dance, nem mote
Este poema tem pois ele não rebola com o sol quente,
Nem está em tudo o que é areal, vida
(chegada e partida)…
E quando se puser o sol,
Na curva a norte não lhe darei ” boas vindas”
Pois será inútil esperar que volte
Eu, o sol não me deu guarida, abraço,
Nem me abriga do mau tempo aqui,
Nem este poema é só meu,
Mas devido à real querença,
De voltar como vosso,
Tal qual um servo sol…
(Ele vosso porém)…

A razão do tempo...





Às vezes pareço ouvir
O tempo a passar, intimo
Do ouvido e penso como
Vale a pena ser cúmplice, não
Do tempo mas do ouvir,
Pois sei do tempo que passa
Ao passar, por ouvido e não
Pela falta de ouvir, nem de
Pauta, às vezes pareço ser
Cúmplice dos homens todos
Que passam, mas sou apenas d’um,
Com o qual passo todo o tempo
A ouvir, a ouvir o tempo que passa
Junto aos ouvidos dos dois,
Sem forma, lento e sem razão,
Tal e qual os ferros em brasa, dois
Que residem e colidem dentro
E bem fundo em mim e ecoam
A voz que emprego, o sentir profundo,
A fantasia e o sonho, irmãos cativos
De meu coração que não sente, nem cansa
De emitir o que interessa,
Bastava buscar na esperança ouvir
A substancia que o reveste,
Mesmo que ele nada contenha,
Sob a pele o sangue e veias,
A imaginação do contentor,
Será o papel de parede deste
Coração que não sente, mas lê e ouve
Todos os dias na paisagem, a mudança
E a ser indiferente a tanta e à tal dor
Falsa, fictícia, desinteressante, baça
Da mesma cor do aço, que não contém
Sob a pele, sangue e veias mas teima
Tal e qual badalo com pressa do sino
Que parece ouvir-mos na cabeça
E nos foge pela boca, às peças…

Jorge Santos 10/2015)
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tradutor

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