Chuvas de Verão



Na tua gaveta
Estão as coisas simples
As pétalas e os orvalhos


Na minha
Estão as coisas dela
Juntos ao meu vaguear


No teu tapete
Estão as minhas pegadas
Fugazes


Nas pegadas dela
Odores de flores
De Maios


No teu castelo de areia
Passo devagar
Para te não acordar


No meu forte
Sou o teu troll
Bem real


Na tua gaveta
Estão os aguaceiros
Na minha
As enxurradas.



Jorge santos

Mar Salgado...Lágrimas de Portugal.


Urgente é inventar, outra forma
De voz, de pensar forte, alto,
Mais que em outra revolução,
Mesmo a de pernas para o ar,
Sacudir o pó da bandeira,
E seja sem aquele futebol.


No Salgado profundo verter,
Menos lágrimas por Portugal,
É pensar urgente num novo poema.

Jorge Santos.

Passageiro do Tempo.



Fui Amanhecido de lençol madrugado,
Junto ao rosto, amanhado com suavidade,
Candeeiro de petróleo e "Petromax",
Sons feitos de luz mais ventos em salgueiro.


Não nascera ainda “Ali” o génio da lâmpada,
Na pequena casa feita de mãos e estórias,
Onde o Toiro ainda era muito Azul,
Aqui ele tirava-a sempre de uma orelha
E estendia-a à sombra da torre do castelo,
Era uma toalha de mesa, já com banquete.


Em "vespa" e "Datsun 1.200" viajei de amarelo,
Odisseias,por Alentejos de serras
Próximas e cheiros,de varios fumos.


Em frescos Chãos de terras batidas,
Casas grandes,de uma divisão e chaminé,


Fui,mais um,passageiro dos tempos.

Jorge Santos

Irra.


Irra, que é demais
Um gato no telhado
Perseguindo dois pardais,


Irra ,que não aguento,
O cão do vizinho,
Pequeno e barulhento,


Irra, que estou farto,
De eloquência gratuita,
No beiral e no prato,


E o gato fedorento,
No telhado de zinco,
Dois pardais piando,


O falar por falar,
E o fazer fita,
Da criança ao colo,


Irra, que não aguento.
Faltar pedra na calçada
E conversa desenfiada.

Jorge Santos

Firenz a zura.


Toscana Bella
Todda , Dantte
Vaidoso,Payss age pintallgado,
Nada Toscca ma bella,
Livre colina rolada,
Flor,essa aguarella,
Médicci Renasc ida,
planíccie D’Arno
Vecchio Ponte.




Jorge Santos

Ser...



Como eu gostaria de ser...poeta,
Pintar com os
pincéis da indignação,
Louvar os Homens com devoção.
Como eu gostaria de ser...apaixonado,

como só os poetas o são,e
Tornar d'um sopro,a imaginação
Num vento desenfreado,...
Como eu gostaria de tocar
O vazio que em mim sinto e respiro
E transforma-lo em ouro puro
Apenas para vos dar..dar..


Jorge Santos

Miopia ...


Balthasar de Hirabia

Para ouvir o som dos desertos
Ele Deixa para trás de si
O inferno das cidades cinzas
Vê , as estrelas imensas nos

Cosmos , calmos ou violentos,
Balthasar sente,de Hirabia
Constelações de cimentos,
Sucumbirem, noite e dia,

Perante os olhares abertos,
Plenos de paz e sabedorias,
Céus, de azuis ficar cinzentos,
A cor das Humanas miopias

Mas morre velho e feliz porque
Viu estrelas com que sonhou
E partilhou naturezas despidas
Com as livres raposas famintas

Balthasar de Hirabia
ouviu o som dos desertos.


JORGE SANTOS

Esta arte...

Esta tarde, tarda,que me enfraquece,
Este Corpo cansado,que me amolece,
Esta Mancha de sal teu,que me esmorece,
Este Vento morno,que me adormece,
Esta Noite lenta,que me não amanhece,
Este Zunir zombo,que me não desaparece,
Esta Causa injusta,que me vence,
Este Amanhã malhado,que me não esquece,
Esta Mão fechada,que me não quer,
Este Vazio gelado,que me enlouquece,
Este Rosal lavado,que me não floresce,
Esta Exclamação brotada,que cresce e me enfurece,
Estes Silêncios de tudo e nada que mexem e
Estas Dunas e esses corpos em que me sinto rebolar e
Essas Malícias onde os meus olhos vão namorar,
Nesta Tarde que tarda,nesta arte....


Joel Matos

Esta arte...

Esta tarde, tarda,que me enfraquece,
Este Corpo cansado,que me amolece,
Esta Mancha de sal teu,que me esmorece,
Este Vento morno,que me adormece,
Esta Noite lenta,que me não amanhece,
Este Zunir zombo,que me não desaparece,
Esta Causa injusta,que me vence,
Este Amanhã malhado,que me não esquece,
Esta Mão fechada,que me não quer,
Este Vazio gelado,que me enlouquece,
Este Rosal lavado,que me não floresce,
Esta Exclamação brotada,que cresce e me enfurece,
Estes Silêncios de tudo e nada que mexem e
Estas Dunas e esses corpos em que me sinto rebolar e
Essas Malícias onde os meus olhos vão namorar,
Nesta Tarde que tarda,nesta arte....


Joel Matos