OUTONO
Furioso, Odin levanta a vara que o ampara
E lança o feitiço apontando o espaço
O ar cresce de negro, rastilha o trovejar disparando raios
Em todas as direcções, às cegas.
Nas pregas da serra arde a urze e ilumina a cena
Que orquestra o mago.
Na recôndita vila maldita cantam os galos pretos
A lenha crepita e irrita os olhos defumados
E ajeitam-se os alhos em galhos e varais nos vãos portais.
PRIMAVERA
Amainado o vento, Odin pousa a vara que o ampara
Faz refulgir os pântanos infectos, derrota os vândalos
E os profetas da desgraça, dá asas alegres às borboletas
Harmonia às trombetas de guerra.
No castelo de Montsegur ressuscitam os bonshomens
Tudo é verde no mundo dos Cátaros
Odin regressou no ramo verde e no rumo dos bravos, dos pássaros e dos patos
Que grasnam e voltam sempre ano a-seguir a ano.
Pr’a ficar furioso de novo no Outono
JORGE SANTOS
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