Às vezes, tenho dias felizes,
Em ideias , nas palavras também,
Que naturalmente me perseguem,
Vidas de diferentes raízes,
Alinham-se-me todas na mente,
Sem uma só razão aparente
E grudam-se ao céu-da-boca,
Como a pastilha elástica,
Algumas são inconsistentes
E nem por isso surdos as ouvem
S’até entre linhas se dissolvem
E n’outros dias gregos, nem me tentes.
Às vezes tenho dias cinzentos,
Saídos dos contos, em remendos
D’ era uma vez e, ás duas por três,
Dou de caras com as mesmices
Alimentadas de bazófias,
Banhando-se nas pantanas brumas
Dos dias pretos do tanto me faz
Ser refrão d’alcatrão ou alcatraz
Às vezes tenho ditos fetiches
E dias rascas de sangue frio,
Outros nem em mim acredites,
Tenho dias que nem em mim confio
Tive outrora dias fieis,
Que regressam felizes nos sonhos
Em dias festivos delicados,
Mas dias feios foram mais.
Às vezes tenho seis dias f’ lizes
Com os céus sem pontas de ventos,
Outros uivos, matilhas de lobos
Ós’montes,irados ,sem estrofes.
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