Ou o mau barbeiro casado com a tesoura...




Criei um beco e multipliquei por três o incómodo
Vivo das expressões mais básicas do pensamento
E a renúncia não é mais que um omnipresente fardo.
Desloco-me constantemente ao quadrado, consinto

O exílio dentro destas quatro paredes. A súplica
Não é mais temível que a incerteza de um caco
Em voltar a ser vasilha ou calçada pública;
Consequentemente não reajo e aqui me fico,

Inconsciente ao facto de haver real vida lá fora.
Tenho um hábito que se pode considerar prazer,
Fingir não haver hoje, nem aqui nem agora,
Cansei-me de tudo, até de não entender

O gesto automático e uso a função de negar a tesoura
Como uma figura de estilo do que não quero ser,
Um lugar fracassado no deve e haver,
Ou o mau barbeiro casado com a censura. 

Jorge Santos (2012/11)

3 comentários:

  1. Aprecio demais teus poemas, como este! Poeta assim jamais será fracassado...mas poetas são poetas, e sentem demais a vida. Grande abraço.

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