Chove ,mais nada...




Chove, mais nada...

Venho da chuva, porque a chuva, como eu,
Não faz sentido, não tenho sossego,
Vejo a chuva cair, como se fosse meu ego,
E eu cego de ver e a chuva se solta do meu ser.

Nego o parentesco que com chuva pareço
Eu ter, nem na alma, suposto era ela
Molhar-me, tão devagar… tão bela. Padeço
De chuva, que cai no meu ser e me esquece.

- Me espera chuva…

Faz esquecer quem sou, chuva que cai
Chuva que soa e cheira a terra e molha,
O que em mim sinto intempestivamente
E não faz sentido sentir em mim.

- Me espera chuva…

Senão morro, num desejo sem limites
De partir com a chuva, rio acima.
Sei que depois lá, nada sentirei
Porque será verão e Estio eu serei.

- Me espera chuva…

Não farei nem ruído, como a chuva
Que em mim cai sem vento, sem tecto.
Venho da chuva invicta, não pesada
Dividida entre o que em mim cai

E a enxurrada, chove, mais nada...
Chove, mais nada,,

Chove certo e linha recta,
chove por bem, por bem chovesse eu
também

Me espera chuva …me espera
 …



Chove em mim, Nada mais


Jorge Santos (09/2014)

1 comentário:

  1. chovemos sempre
    por nós
    pelos outros
    quando nos dizemos numa nudez que só quem escreve sabe

    Muito Tudo

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