Como paisagem ao morrer o dia,
Tudo se esconde em sombra e erva esguia,
Assim parece o tacto e o chão ermo
E falto, que me larga a mão e parte
Tudo se esconde em sombra e erva esguia,
Assim parece o tacto e o chão ermo
E falto, que me larga a mão e parte
Na passagem do fim, para o norte fundo,
A chuva não vem longe, vem de través,
Me segredam os dedos, ralos os cabelos
Que penteio, por dentre dez mil deles, redondos
A chuva não vem longe, vem de través,
Me segredam os dedos, ralos os cabelos
Que penteio, por dentre dez mil deles, redondos
Como a paisagem, o horizonte e a morte
A chuva não vem longe, acredita profundo,
Acredito nos homens que não morrem de vez,
Acredito que o “Homem” não morre hoje,
A chuva não vem longe, acredita profundo,
Acredito nos homens que não morrem de vez,
Acredito que o “Homem” não morre hoje,
A Terra está doente, não me embala
E eu sofro pelo mar em volta e em luto,
Pla Terra, pla flora e a chuva não vem,
Nem chora, assim padecem meus olhos doendo,
E eu sofro pelo mar em volta e em luto,
Pla Terra, pla flora e a chuva não vem,
Nem chora, assim padecem meus olhos doendo,
Doente, eu e tudo, tudo se esconde
Em sombra e erva podre,
Como paisagem ao morrer o dia, o mundo
Enfermo, tal como entre duas espadas
Em sombra e erva podre,
Como paisagem ao morrer o dia, o mundo
Enfermo, tal como entre duas espadas
E o punho, a parede de ferro e brasa,
O feno, o funcho, o abrunho, o ouriço…
O voar do ganso mudo.
O feno, o funcho, o abrunho, o ouriço…
O voar do ganso mudo.
Jorge Santos 08/2018
http://namastibetpoems.blogspot.com
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