Qualquer brisa de ar me serve,
Mas balouçar no trigo o olhar,
Minh'alma não consegue,
Nem este obedece ao qu'digo,
O mistério são as fontes,
E o que penso a sós comigo,
Sopra-as "Ítalo", o vento grosso
Ou a sombra rente ao chão,
Minha catedral é uma
Caverna escura, loucura
A crença que nem a religião
Daquela forma suspensa,
Sem vestes me veste, largo
Um coração que trago,
Amargo, amarrado junto
Ao crâneo que não é mágico
Quanto o de "Shakespeare",
Evoco um Rei deposto oculto,
Certo que voltarei um outro
Rosto, aposto à luz ou ao luar,
Qualquer brisa breve serve,
Meu sonhar amarelo-pálido
Trigo, leve minh'alma sofre
Um sofrer que não vem só,
Mas obedece ao castigo divino,
Assim seara ceifada a foice,
Como fosse erva da mina,
Ou de uma velha seca fonte.
(Meu lar é uma taberna)
Jorge Santos (04/2018)
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