Sei
bem que todas as águas vão parar ao fundo do oceano,
Porque
não bailarei eu sobre a espuma dos mares da China,
Como
uma nave de rolha, perdida ao sabor do vento morno,
Mas
prenha, nas velas de pano, do sal dos mares de cima….
O
meu corpo é um pego fundo, onde estrangeiras paixões nascem,
Quanto
mais intensamente as sinto e mais de dentro
Do
espírito vêm, mais vertiginosa se torna a viagem,
Mais
intensos…os momentos, mais cheio…o mundo, mais claro…
Deixei-me
zarpar incógnito num coração sem timoneiro,
Incólume
e fresco com aragem na face, nu como nasceu,
Sem
satisfação falsa, sou filho prodígio dum feiticeiro
Banhado
por um rio, da mesma cor dum qualquer ardido céu,
Venho
velejando, na volta do mundo, um esquálido navio,
E
trago profunda, a minha alma cheia a espuma branda,
É
tod’um mar de sal e vida que corre lá dentro, rio
Passageiro
que sacrificaria em alguma simbólica enseada,
Será
ele eternamente pó verde nas estrelas e no pensamento,
E
uma vertigem azul dourada sobre leito de calhau e barro,
Mas se todo o resto será vestígio, permanecerá o olhar gravado no porto,
Ancoradouro
em qu’inda moro e me demoro,
Bem’sei
que a magia do fundo dos oceanos, mora no fim dos meus olhos…
Jorge
Santos (03/2012)