A oliveira torcida


A oliveira.


Retorceu-se e revirou-se,
Tinha Consciência do pressagio,
Tão só ficou no monte vazio,
Longe da villa e das gentes,
As terras eram lavouras grandes,
Os campos transformaram-se,
Veio então torcido o vento grosso,
Empurrou-a pelas folhas,
E pelo tronco outrora forte,
Abanou-a como vassoura,
A raiz teimosa gemeu,
Mas não cedeu,
A chuva pesada veio, levou tudo,
Os grandes trigais por ceifar,
E as oliveiras com ela,
A terra ficou mais cinzenta,
E as noites nos lugares de casas,
Mais negros, negros nos rostos
E nos pratos rasos,
Sem mais azeite,
As candeias às avessas,
Com as oliveiras nos montes.




Jorge Santos

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