Sei apenas, valer isto,
-Uma criatura de relance,
Crendo-se frade ou monge,
Não passando do Ex. Tio,… Ausente
Num romance de Dumas Filho,
Que ninguém leu ou viu.
Sei valer apenas isto,
(Sem reenvio depois d’ido)
Sobrevivo nulo, goro
E ridículo, na versão
De gordo-cachorro-vadio,
Sinto-me perdido, anão,
Vazio, um sem talento,
Pra empreitada alguma,
Penduro-me 100 %,
Em realidade refractada
E planto plátanos num ilusório palco,
Sonho inútil até para mim,
Estou cansado do café, da bica
E dos bicos dos pés que a cabeça
Não alcança, nem noutra valência,
A minha maior coragem,
É no levantar dos ditos,
Como se um Cristo dissesse,
"Anda" - e ele andou
Não admira, “pau-mandado”,
Confuso e estúpido, ele andou
Sem sentido, despido, nu…
O meu destino é a demência
2oo mil olhos me mirando
Na jaula dum zoo, distante…
No oriente…nenhum lado
Nem pensar, nem olhos nem janelas,
Banal triste
forasteiro
Preenchido de nada e ar,
Não aguardo o regresso de Cristo,
Nem explicar tudo isto, escapulir
No silêncio do mundo interno
Incurável covardia,
Estafeta vulgar, incompetente
Sem sonho nem frete...
Sei valer, apenas isto.
Jorge Santos (02/2014)
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