Estou só ou não existo, só Deus sabe e eu menos,
Quão pouco sinto, neste coração, vida
Pus tudo quanto havia, em copos vazios,
Sonhos, gaudio, paisagens de terra ardida
Por minhas mãos, que vida, não são
E antes que vença o medo de não me achar,
Onde só Deus sabe e eu mesmo, não.
Desejo acima de tudo não mais pesar
Na minha alma o mau e o bom,
Como se fossem mercadorias,
Ou zelar plo’trigo, que se desfaz em pó,
Já pra não falar de matérias simbólicas,
Metafísicas., gordas. Estou só ou não existo,
Sirvo a angústia numa travessa fria,
Como só poderia ser servida no magusto,
Mas a minha atenção prende-se na taça vazia,
Que faz lembrar a minha outra vida, apenas.
Perder e ficar é desencontro sem o encanto
Da eterna taça cheia de harmónicas e simetrias,
Eis quão pouco, neste coração, vida eu sinto.
Sei que existe lá fora um intruso que, sendo eu
Me distrai da viagem, não sendo, tanto se me dá,
-Se viaja comigo um Deus homem, -se sou de mim ateu
Mas o mais fervoroso dos discípulos, que a mim ora.
Estou só ou não existo? só Deus sabe e eu menos,
Não me cabe a honra da margem nem o pacto
Com o canto dos Deuses ou dos cisnes, assinamos…
Eu e ele, eu e Eu Outro. Estarei só ou nem existo?
Jorge Santos (09/23/2014)
Às vezes só nos perdemos dentro de nós mesmos...
ResponderEliminarUm poema muito belo.
Abraço.
obrigado
ResponderEliminar