Talvez não devesse ter eu emoções sequer…






Se certas emoções quase que me convencem
Outras vêm aos poucos comigo, (sem querer) acabar.
Deem-lhes os motivos dos presos -se os tiverem-
Pois preso quero eu ser, condenado est’meu sonhar.

Dos dias atado, perdi o quando, das horas o conto
E a fé de quem espera por nada, de ninguém,
Das honras nos livros que não escrevo, nem tento.
Das estrelas que migram no céu e mingam também,

São o símbolo vivo da renúncia, em que vivo,
Pois se, até elas, pra mim, perderam o encanto
E o dever, então desta pensão, nada vem de novo,
Nem a aragem nos quartos soprando e tanto.

Será emoção bastante pra que parta sem coração
Pra outro mundo, não me motivam as preces
Ou evocações possessas de voz, com entoação
Satânica, podem ser emotivas pra outros, talvez.

Não sonha sonhos em saldo e ao desbarato,
Esta alma que não faz parte de lugar nenhum,
Mas que magoo, corto, retalho e reparto,
Em iguais porções, por este magro “quórum”.

Certas emoções quase que me convencem,
Outras convêm-me, mas mais vale não as ter,
Pra não saber por que razão as perdi e pra quem,
Talvez não devesse ter eu emoções sequer…









Jorge Santos (09/2014)

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