Às vezes mesmo a mim pergunto,
Que é feito do paraíso tão falado,
Tão só, sem mim, que sentido tem,
Terem as casas tantos lugares vagos,
Carros caros, paredes caiadas,
E tão poucos bares no paraíso,
Pra beber absinto e um numero, cada vez
Menor, destes poetas malditos, ébrios,
Dum peso nas asas, não só carrego
De penas, mas todas desta humana
Indigestão, que é ser poeta rasco,
De poucas dezenas e um pouco
Menos que papel higiénico cagado,
Pra usar na sanita dos Homens,
Mesmo desses soldados rasos, rudes
E parvos, como o crude de casco,
Que impermeabiliza navios de chumbo,
De cor de mastros tricolores de guerras
Perdidas,às vezes pergunto a mim,
Que é feito dos lugares maravilhosos,
Que havia no mundo e eu no fundo
Deles, fazendo parte de mim esse
Mundo de verde azul e alaranjado,
Que é feito do fundo da garrafa,
Donde via o paraíso como astrónomo
Da alquimia, da natural alquimia,
Minha mesa com flores e frutos,
Meu Deus que é feito disso tudo,
Responde, se és mudo, porque me deste
Penas e não me fizeste mudo, cego
E carrego de carroça burro, burro besta,
O tal sem lugar vago no paraíso
Dos humanos, nem na gruta do menino,
Às vezes mesmo a mim pergunto,
A razão dum carro de bois qualquer valer,
Mais que um tratado sobre perucas,
Ou verrugas de pensadores, feias
Disformes ou de diarreicos escritores,
Psicóticos como eu, os louros...
Jorge Santos (01/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com
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