Tenho medo de tornar pó
Só porque pó é feito
De infinitos e defeitos eu
É só o que sinto ser,
Visto o que não existe
O tamanho do fato e o sapato,
são doutrem, exagerados
os punhos e a alma se fosse real
Igual ao dó que tenho
De mim próprio, todo falso
Eu e ele até à raiz do cabelo,
E eu o defeito que janta comigo
Tenho medo de virar pó
Sendo dois o trigo e eu agora,
Confessou-me à tardinha,
Lembro-me tão bem, fosse ontem
Seara que o vento leva,
Do mesmo mal que me dói,
Amei tanto de tanta coisa,
Lancei flores como tanta gente,
Ao vento a ilusão também,
De ser perene eu aqui ou vagar
Pra ser estrela de manhã à noite,
Passei sem ser, não vou ficar
Visto que não existo,
Só o medo de virar pó
Eu, quem pensou ser pessoa-una
Da manhã, de tarde confundo-me
Com o disfarce que uso
Carnavalesco (um nada-ser)
O tudo-eu alheio, falso
Xerox-cópia.
Tenho medo de tornar pó,
Só porque pó é feito do que sinto,
Sobretudo raízes e signos, instinto ...
Jorge santos (02/2017)
http://namastibetpoems.blogspot.com
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