Um buraco …
A barraca encarnada,
Sem saudade não é nada,
Como quem perde o destino,
Pesa-lhe a vida passada,
Sem saudade não é nada,
Como quem perde o destino,
Pesa-lhe a vida passada,
Ainda a julgo habitada,
Pela passagem do tempo,
Esse barraco, era a morada
Do meu sonhar em tempos,
Pela passagem do tempo,
Esse barraco, era a morada
Do meu sonhar em tempos,
Contará amanhã o vento,
Dentro d’paredes caídas,
Imitação d’Stabat Mater,
Como quem se dá ao inútil, fútil
Dentro d’paredes caídas,
Imitação d’Stabat Mater,
Como quem se dá ao inútil, fútil
E sem titulo, de uma vida
Apagada do que fomos,
A barraca abandonada,
Não resistiu ao culto
Apagada do que fomos,
A barraca abandonada,
Não resistiu ao culto
Do novo, no panteão
Do firme da obra feita,
Do estorvo, mas eu
Nada sou fora dela,
Do firme da obra feita,
Do estorvo, mas eu
Nada sou fora dela,
A barraca é o meu mundo,
Encarnando eu a parte
Bela dela, barraca,
Barraco encarnado,
Encarnando eu a parte
Bela dela, barraca,
Barraco encarnado,
Desgraçados e iguais somos,
Eu a ele, buracos e pregos,
Mais nada. Sem fim,
Um buraco enorme em mim.
Eu a ele, buracos e pregos,
Mais nada. Sem fim,
Um buraco enorme em mim.
Jorge Santos (05/2018)
http://namastibetpoems.blogspot.com
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