Cai a chuva do nada,
Constante, tecida,
Cai a chuva na face,
Como que s’oferece ,
Resignada, leve.
Cai a chuva do nada,
Nesta face breve,
Neve adormecida.
Cai a chuva na face,
Como que s’oferece,
Resignada e leve,
Cai a chuva do nada,
Tolerada e leve,
Flutua numa claridade
Ímpia, embebida
Num suave doce.
E eu, que choro
Inúteis rios,
Mortos de sede,
Soro escuro,
Atravessado de vazios
Desenhos na parede,
Em estuque sujo, frio.
E eu, se pudesse beber,
Deixaria de ser raiz
Soterrada.
Jorge Santos (02/2011)
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