Cada um de todos nós é todo'mundo,


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Cada um de todos nós é todo'mundo,
Arcaicos costumes me preenchem, cultos
D'outros nomes, em todos nós ocultamos Ex-
Votos quotidianos de quem agora me não sei ser,

Nem todos ou cada um e um só outro,
Cada no mundo sou só eu, inédito y
Grego, incubado Inacabado de alma,
Falso devoto de mim próprio, permanente-

-Mente descalço, infecundo, feito mudo face ao
Que me falta, não me termino, me completo
Nos outros, os outros não me prolongam
Por fim, lastimo não ser eu todo o mundo,

Se todo mundo meu me ignora ou não ser
No fundo eu quem desconhece ser outros
Nesses outros modos, estados d'alma duros,
Quem me dera não ser eu apenas, um só

Eu, todo eu e em tudo e em mais ninguém
Nesta terra pouco larga, redonda achatada
E defunta, morta para não dizer ferida de morte,
Rachada a chamas, sem sorte a chamada veio

Do bailéu e eu preso no veio da poita funda,
Fundido em cobre, quem nasce em signo
D’ pobre jamais se aceita nobre, caduco
-Pleonasmo da má sorte, assim como

Cada um ser um mundo e não aquilo
Que se espera do tamanho com que
Cada qual faz e conta, a noção de pouco
Ser menor que nada, ou que outros.



















Jorge Santos (11 Dezembro 2021)
















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Sou minha própria imagem,






Sou minha própria imagem,
Continuo sendo um outro …











Sou a própria passagem do metro,
O mestre do desapreço, a estação final
É o que escrevo, de mim pra mim,
De modo a parecer louco, sendo-o

Não me limito, nivelo-me pelos outros,
Mesmo os mais baixos, matreiros, ocos
Manhosos e velhacos são os mais sãos,
Eu sou a minha própria passagem, o local

Do metro, o desmérito, a paragem do desprazer,
O despudor com que observo a gare,
O Oriente, o cais da "não pertença",
O Oligarca dos feios, o ruim o torpe,

Desonra é o meu nome do meio,
Feito minha, à própria imagem, personifico
Um cego no que creio, e receio ser,
Ouço-me e uso falando, a língua deles,

Apenas às vezes, sem sossego cont'o tempo,
As estações de metro, os rostos leais desses
Com que me cruzo, o mérito próximo,
A longa linhagem dos uniformes longos,

Os Deuses do absoluto são brandos,
Brancos quanto a cal das paredes,
Nas estações do metro, no subúrbio
Suburbano, que há muitos, tenho ideia

O que eu penso não é um rio qualquer
Que se atravesse a nado ou que os homens
Possam usar para pousar os olhos, lavá-los,
Eu uso das fontes vivas, o que aconteceu,

Acontece nos nós dos dedos, que vão desaguar
Nem eu sei aonde ou quando, dos atritos
Nas pedras, dos redemoinhos, dos socalcos
Nas águas, da turbulência dos ribeiros,

Nos cascalhos do caudal é que me prendo,
I'preso eu me penso não um rio, um mar
Imenso, desses onde se pode embarcar
Pra outro universo vivo, esse onde anoiteci

Eu precoce, inúmeros apeadeiros e o metro 
Prolongando-se no meu subconsciente
Deslocando-se ao ritmo das coisas tais
As que o são não tão reais, aparenta ser

Doutrem a viagem dentro de mim próprio,
Conquanto sou a própria imagem,
Continuo sendo um outro, mais leve
Que eu mesmo, esse outro.




Jorge Santos (24 Fevereiro 2021)



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Sem nada …

 

The void in painting art




Sem nada …

O amor não tem campainha
Quando passa, é um comboio
Sem maquinista nem freio,
Despedaça-nos, destroça-nos,

Ferra-nos a meio sem avisar,
É fatal o golpe e profundo,
Mais terrível que da morte
A dor, não é religião nem

Crença, contraditório à sorte
Amar é o ter, como companhia
Da orelha esquerda a cara
Do meio, metade olhando-se

Metade se consente, a minha face
Girando sobre ela própria,
Estender um braço, ligar-me
Aos gestos d’ontem (o soar da sineta)

Atirar o tédio pra debaixo
Da mesa, dar duas palmadas
Na vida, sentir prazer íntimo
Ao ouvir disparates e a ironia

Que é ter fome, estando farto,
Ter entusiasmo desmedido,
Tendo de facto emoção por
Companhia e uma campainha

No ouvido, um comboio no
Coração, a esperança na parte
Do rosto que era só minha,
Sol posto solidão a meias,

A sineta da estação, o comboio
A dar a partida, não sei se uma,
Duas vezes ou os dois de abalada,
Um de cada vez, s/companhia,

Sem nada …



Jorge Santos (24 Fevereiro 2021)



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Humano-descendentes

 




Humano-descendentes

São concomitantes as falhas na luz nos espíritos de cada um de nós com a falta de almas evidentes e com luz que não seja intermitente, existências exógenas, sem progresso nem aprendizagem neste vago universo, tão em voga, tão falado como tema contemporâneo, o baldio rasteiro transforma-se em ambiente pantanoso e pouco sadio, pouco culto e é onde infelizmente se instalam nas lixeiras sujas as porcas seitas, deslavosas e pavorosas imundices que se propagam e propagueiam, pavoneiam com as mais rafeiras, reles intenções, se extinguem as luzes da ribalta e invertem cultas leis, cânones sagrados “per saecula saeculorum”, por tempos infindáveis, fez-se “tabula” rasa de princípios profundos, endógenos, seculares e saudáveis de coeva convivência com o nosso edificado condómino, o planeta, o sistema astral, a mãe Terra. Os fins julgados convenientes são o abastecimento de riqueza infinita a alguns em prejuízo das colossais maiorias que nem o sustento mínimo conseguem alcançar, mante-los exclusivamente focados na mera manutenção da continuidade, na fraqueza dita evangélica, seja talvez e é porventura um propósito objetivo maior e não mera casualidade ou apenas ganancia simples pelo poder, mas o perpetuamento da sujeição, da obediência cega de muitos no interesse dos muito poucos, de alguns seres “in substantivos”, nada obstante agregarem miséria e morte, ingratas ao toque mas que se palpam constantemente, consistentes se cheiram nos umbrais nauseabundos das mansões e nos portões das residências de luxo de cardeais e bispos mal ordenados, apinhados de defuntos mortos e moribundos não apenas de consciência, total é o genocídio, bárbaro, desumana perpetuação do poder maligno, perverso de algumas minoritárias e suínas seitas sobre todos nós, descrentes, pouco sólidos em nós mesmos, culpados humano-descendentes.

Jorge Santos (23 Fevereiro 2021)

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A desconstrução

 



A desconstrução



Deitemos por terra
O que nos fere, a mão
E o que nos ferra nos pulsos
E derrota, a miséria devota,

O singelo e o ignoto,
O endémico desalento,
O tempo é uma goiva, tábua rasa,
Desbasta e cinzela,

A Ingratidão alimenta
Esta sensibilidade hemorrágica, fera
E insana, assim a embriaguez
A insincera fama

É uma fábula e uma redoma
Em vidro, a savana
Do tigre, o perigo do ter e haver
Perdido o horizonte, fauna

O que persigo, me persegue sem eu ver
No mato e “o por matar”,
O predador e a presa,
A respeito da vitória,

Prefiro a derrota, tem mais beleza
Assim como no outono, as flores
Segundo os loucos, não me faz horror
A viúva realidade, suprema

A avidez extrema, a honra
Da arena e o ardor do sacrifício,
A dor, o crucifixo
Inútil, o cinismo cinzento

Da corda, a trama da veste,
O ardor do momento, o suicídio
Da borboleta-monarca no inverno
Quando chove, forte e sério, feio

O arrabalde, mordaz misticismo,
Nos sonhos dos outros,
Abstémios, paranoicos,
Secundários actores,

Partilhando impressões idênticas entre eles,
Tal e qual no parto, a ausência da dor,
Eu sou a frente de combate,
Do tombadilho do contramestre-

-À proa, o guerreiro da antiga Goa,
A má-fama, o infortúnio do escravo,
A essência vassala da Sulamita do Rei Zenão,
O Vândalo das opiniões,

O cego de Bratislava,
Antuérpia e a desconstrução,
O deitar por terra, a existência eterna,
o vogal e vulgar não…




Jorge Santos (04 Fevereiro 2021)

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Deixemos descer à vala, o corpo que em vão nos deram






Deixemos descer à vala,
O corpo que nos deram,
Deixai-o ir, com as coisas
Que se quebram, reles, usuais

E os argumentos enterram-se,
Deixai-me sombrio, morrer na terra,
Como é natural, numa concha
Onde a areia se infiltra, na campa

Se entranha, velada estranha,
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,

Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma

Nada é nosso, nem o corpo,
Mas tem de haver alma,
O corpo é uma montra,
Fixo-me a ver se o vejo,

Fico-me por tudo isso, cinza
O que não tenho, o que era físico
Grotesco mundano, insignificante
Cor de sangue, excepto

O que não nos deram,
Me revela um absurdo que não sei explicar,
E uma maneira especial, invertida de
Mágoa, mudas criaturas me velam,

Ilógicas janelas estendem-se em silêncio
Sobre campos, enterrados
Órgãos humanos, fálicos olhos, órfãos
De mãe e pai, naturais os sonhos,

A razão e o conhecimento, o instinto
Não morrem, de modo algum se enterram,
Deixem meu corpo descer à vala, comum
Como os simples, donde jamais me erguerei

Em vão, de novo …



Jorge Santos (03 Fevereiro 2021)

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Os Dias Nossos do Isolamento

 




Os Dias Nossos do Isolamento


Ainda desperto da noite mal dormida a pensar ser engano, um mau sonho ou a encenação brutal e global de uma série de horror da Netflix, “Walking Dead” ou outra bastante pior. Cada dia que acaba é mais e mais difícil, o suportar deste isolamento purgativo, de purgatório e acima de tudo o futuro, a incerteza, a falta de progresso e de promessa no que pode ainda estar para vir e virá a acontecer futuramente, se haverá e há de com certeza haver, um terceiro e quarto recolher obrigatários, aprendemos paulatinamente que tudo pode agravar-se, a ser pior do que já é, do que já foi.
Sou um rebelde por natureza, cultivei e sempre tive uma certeza, algures moldada na revolução de abril, suponho genética a minha rebeldia e insubordinação contra um sistema opressor, que era um facto genérico, teria, a meio da minha incomum vida, um inimigo comum a todos, maligno e contra o qual iria lutar sem tréguas. Para mim, combater o déspota, o fascista, fazia parte dos meus sonhos de criança e adolescente e eu dei, fui dando corpo a esse espírito rebelde e romântico dos Partisans, senti que iria lutar e lutaria pela pátria, pela liberdade se fizesse falta, faria amor barricado atrás das trincheiras, nos tijolos empilhados nas praças, desta ou de outras repúblicas, subiria audaz um estrado improvisado, às costas, nos ombros de outros camaradas e gritaria vitória, vitória ou morte. Sempre me pensei um Hemingway vindouro, nomeado, “pulitzer” do jornalismo de guerra, um revolucionário.
Nada disso ! nas idas ao supermercado sossego e sonego a minha agonia de anarquista triste, não vitorioso, um Trotsky não violento, afeiçoei-me ao rebanho da porta, atrás das grades e aguardo, como que unido a uma manjedoura, respondo à ração diária de alimento ungido por um sacerdote do destino, com uma mão na glande e outra na grade de segurança que me separa do alimento diário, do galinheiro e das galinhas, não penso muito e sujeito-me, que é o que abranda o desconforto do confinamento obrigatório, à comida, à subida do nível de diabetes, o colesterol e a tensão arterial, a falta de vontade de viver, de fazer exercício físico, de correr, à má qualidade da fruta e dos legumes que o meu bolso ainda aguenta, mas logo penso em todos aqueles que vivem nas cidades superpovoadas, em pequenos apartamentos, famílias inteiras, numerosas, partilhando uma sala de estar minimalista, têm de trabalhar “on line”, os dois sem vontade para isso ou para mostrarem algo que não seja indiferença e desamor numa relação tensa, cuidar de uma ou das várias crianças, pequenas e sempre pedindo por atenção ou a estudar e mais o gato e o cão ou cães rosnando, rogando por não sair fora de portas, cansados da voltinha diária, aborrecida e em redor do bairro, da trela presa, do açaime e da máscara de tristeza do dono por muito que ele sonhasse sorrir para a vizinha noutros tempos jeitosa, talvez até a anarquista que faria amor na trincheira, no meio da praça, outrora publica, junto aos fuzis, da revolução armada, aos barris, na barricada dos insurgentes e da granada.
A saturação do ar e das relações familiares, a promiscuidade, faz dos domicílios lugares ainda mais insalubres, tóxicos até, o inverno não atenua esse sofrimento de segunda e possivelmente terceira e quarta vaga, estarmos isolados por meses em moldes de cimento armado, moldados na nossa Augusta angústia, em quadrados e quartos brancos, a pouca luz dos dias propicia a melancolia e a tristeza, um modelo constante, predatório, pausado, sempre igual, de semanas e meses, de horas e minutos, os segundos entrando como farpas na nossa pele, dilacerando a autoestima de quem está impedido, sem poder, sem o deixarem ir ao trabalho e laborar, produzir, ganhar o sustento dele e da família e neste momento, sem conhecer o futuro, o incerto, a incerteza de como pagar as contas do supermercado, a factura da luz, da água, os detergentes, a conta do aquecimento e as propinas da faculdade dos filhos, o arrendamento da casa e de todas as outras primeiras, segundas e terceiras necessidades, para as quais não há, nem jamais haverá perdão nem confinamento, nem volta a dar por mais voltas que à sala eu dê, no dia a dia do nosso constante, severo isolamento profilático.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, “livrai-nos das nossas ofensas”, são falácia pré-fabricada, massa mal amassada e o pomo ou a maçã dos nossos pecados, criação versus discórdia, ninguém dá nada a ninguém, nem as mãos, nem a igreja é composta por santos, apenas manhosos pecadores, não assumidos aos sábados e domingos, dias de mercado de gado e até as opiniões são “à vontade do freguês ou a retalho”.
Se bem me lembro, sonhava-me um futuro Hemingway nomeado “pulitzer” do jornalismo de guerra, ou antes ainda, quando me imaginava graduado em revolucionário, tinha opiniões e aspirações tantas e diversas que não me conformo agora, não me ajusto de forma alguma, com a apatia pancreática e recente, talvez sinonimo de alguma velhice, esgotado nesta virulenta, violenta e vexatória forma de recolhimento compulsivo, predatória dos instintos mais básicos de sobrevivência, aliado ao ressurgimento de infames nacionalismos inflamados, movimentos retrógrados, regurgitados dos infernos e que advogam uma politização bastarda, descabida de uma pandemia, ignorando milhares, mesmo milhares de milhões de mortes, apenas para fruírem de algum destaque, de um panfleteiro dogma, semelhante ao “terrapalmismo” que nas redes sociais se espalham, procriam como ratos, espalham-se como a peste, por uma população semianalfabeta, carente de expressão critica, que se vê de um momento para o outro e a si mesma como protagonista e narrador, repentinamente na pele de “influencer” anónima, sem rosto, “you tubers”, alguns ainda imberbes crianças, com todo o terrível ónus desta nova estripe mental numa camada alarmada, deficiente de ideais e cultura, assustada, imbecil, a recita básica, o terreno próspero, fértil para uma temida, concomitante pandemia nacionalista, bera, perigosa que se aproxima.
Os dias do nosso entediamento… (..)



Jorge Santos (31 Janeiro 2021)

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Gostar de estar vivo, dói!



 





Gostar de estar vivo, dói!
Para quem possua crença,
Assim como treze mais dois,

Ser dezasseis, talvez seja,
Penso eu, uma regra a dor,
A real, não a supérflua,

O estar vivo, versus um
Existir fictício, nominal,
Abstrato, o pânico do tísico

Viver sem sofrimento, morte
É distinto de medo, atrás
Da emoção, qualquer certeza

É delas, a fé é imortal mas
Acaba, quando não se sacia
O predador, a perda é plural,

O ideal é viver, de resto a pressa
É apenas ter vivido um xamã,
Revelando enfim um monge,

Embora sem credo, religião,
A questão é alcançar a uva chã,
Do escanção o mérito da prova,

A vindima tem época certa,
E o parto sem dor não jaz,
Perpetua a sensação terna,

Quanto as dores do parto,
Assim a vida, quando não dói,
Não vale a pena, contudo

Tem uma hora a meio, um véu,
Em que o destino é harmónico,
Bastardo em si e a um passo

De assustar o medo, a sevícia,
Evocando, de estar vivo a espera,
O cansaço e o abster da liça, a honra,

O distanciamento do muro, o asfalto,
O salvamento dum outro modo,
Não posso afiançar genuíno,

O louro ou o deslumbre do velho,
Podre o povo, a justiça, o gostar
De estar vivo dói e muitíssimo.





Jorge Santos (29 Janeiro 2021)

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Apologia das coisas bizarras

 




Apologia das coisas bizarras

Devo um afável agradecimento a Dali e ao melómano amigo que me ajuda e obriga a repensar esta coisa magnífica, melomaníaca e dramática, que é escrever militantes bizarrices e compor toponímias em mapas gerais e cadastrais já conhecidos e mapeados interiormente por outros, para parecerem agora e doravante paisagens líquidas e diferentes, anómalas das normais apesar de geradas de uma mesma geratriz exponencial, eu mesmo .
Iniciei hoje, agora mesmo às dez da manhã em ponto, depois de ter ingerido o habitual, trivial e frugal pequeno almoço composto apenas de cereais, leite e mel, abri o computador, na internet, um estratégico tutorial de aulas experimentais sobre escrita criativa, privilegiei a inspiração, aliás o capítulo primeiro, o número “uno”, antes do “brainstorming” dos detalhes, da minúcia, a magia do inusitado das situações excêntricas que podem incutir, induzir mudança numa receita tradicional e alterar o gosto do insonso caldo verde comum que é o meu registo formatado, numa tentativa “gourmet” de fazer sorvete de cereja e banana, em vez da habitual e costumeira “Sericaia” conventual do Alentejo com ameixa no topo e doce ou adjetivação em excesso.
Nunca fui um natural arquiteto das palavras, inato como gostaria de ser, ou ter sido, como alguns outros, aspiro e respiro de uma intuição acelerada e de uma maneira bizarra, escrevo aquilo que não se pode comparar em competência e perfeição, a um tocador de harpa celestial, imortal como um Armstrong daqueles que me purificam e inspiram a ser como eles foram, nas palavras que nunca haverei de dizer ou proferir, digo-o por sua justiça e não com justificada justificação.
Geralmente surgem-me deles ideias jovens, equilibradas, sugerem-me muitas vezes coisas novas, ideias extravagantes, como quando estou correndo ou tomando banho, imprevistas e do nada, ocorrem-me por exemplo num fragmento de céu, num movimento de ramos, nalguma qualquer árvore da floresta, devolvendo ao vento a plenitude, nos gestos mais simples que a natureza consegue traduzir e produzir em nós, algo mais que simples sentimentos, um replicar de sinos, no meu caso , na minha pele , transformo-os em falas, flutuo, argumento com a própria consciência das flautas o facto e esqueço, o cansaço é uma forma de substancia benigna que me acompanha quando penso, no meio do esforço, da corrida no final do dia, fala mais forte quando todos os outros sentidos emudecem no corpo, ausentam-se deixando-me apenas algumas qualidades de ser humano funcional, assim como uma extensão da alma, uma antena ao deus pã, que não rejeita a captação dos sons mais estranhos, da plastia mais diversa na copa das arvores, na clareira das fábulas ou na água morna escorrendo pelo corpo quando tomo duche, nas extremidades nervosas do corpo, nos dedos das mãos, na revibração do planeta, quando quase morro de hipoxia e tento pôr em ordem as lembranças do ouvido, os sons da floresta, a plastia dos momentos a sós comigo mesmo.
Um amigo de alguma data, nestas coisa de escrita, afirma num magnífico texto, que adora genuinamente todos aqueles suficientemente pacientes para o lerem ainda, estou eu inda em dívida para com ele e com outros, pois o meu contributo é escasso e todavia mais fraco, frágil e eclipsado por grande parte ou na totalidade por eles mesmos, os que leio e donde retiro os “movimentos” e momentos com que me “saro” aos poucos, de qualquer barulho externo, qualquer “encalho”, de forma a parecer enigmático, geométrico e equilibrado, magnífico ou apenas atraente, diferente e não uma cópia condenada, condensada e apenas, daqueles que alcançam como eles, nas estrelas, o brilho, a subtileza altruísta das coisas belas, etéreas, singulares e plenas neste, “blue marble, dwarf planet Earth ”.
Jamais pretendi ser no que digo, o fidalgo, o debutante embrião, nem a aproximação ao irrepreensível, ao real, mais o abstrato abstracionista, o observacionista grisalho, o absoluto remate de um dos arredores mais sinápticos das artes, uma gargalhada simpática do homem da lua, não ocupa espaço terreno nem oculta totalmente o astro, vibram a zona da língua, os beiços, próximos à minha boca e é assim que me exprimo, quase como um bocejo em conclusão do que digo, um gracejo, um boneco animado o que é suposto eu afirmar, contruir por vocábulos sem encarte, afinco ou volúpia, arte de abolicionista célico, sensível à verdade absoluta do belo e à que importa.
Há a insinuada sensação de não existimos de verdade, nem termos a personalidade que pensamos e com que nascemos, quando decorre o acto ímpio e criativo e é suposto continuarmos a ter, possuir, e é lactente, não sendo esquizofrenia nem febre, é de facto consciência eólica na extensão periférica do espírito, nas pás dos moinhos de vento, nós os “Don Quijotes” investindo das planícies em riste, de lança e espada, o Dali de Fibonacci.
O nosso trono é o mundo, estou sentado no trono do mundo, não há dúvida, quando repensamos a natureza da esfera terrestre, é um universo completo, um ovo multicomplexo, novo e excêntrico que geramos, contruímos a partir deste tão antigo, arcaico à superfície, lugar que a luz toca, renova, quanto internamente, onde os mistérios são tão ocultos da realidade quanto que para quem ouve, os profetas videntes, aqueles que nossa voz roça, passa por farol, a luz do impulso, serve a nossa insurgente alma para guiar ao que importa, o espírito das gentes, ao frémito, ao toque nítido, absoluto, quem sabe à maior aspiração terrena, sermos todos realmente profetas do mundo real, reis de tudo quanto existe e do esforço para obter e ganhar, seja a arte absoluta de que falo, absolutamente arte pura, a que fala de nós para nós outros e o que importa, a apologia das coisas vivas e das bizarras coisas da vida eterna, senão houver outra mais longa que ela, aqui ou na Terra das coisas severas, o tempo.




Jorge Santos (28 Janeiro 2021)

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Na terra onde ninguém me cala

 



 



Na terra onde ninguém me cala



Na terra onde ninguém se fala,
Difícil saber se adeus é até
Logo, na terra onde ninguém

Se cala, nada é maior, eterno
Quanto a fala e a fama, o “moto”,
A chama, o amanhã e o saldo,

O sal dos sonhos complexos, ou seja,
Poder inspirar quem me inspira,
Livre de ónus ou teias, palas, moreias,

Na terra onde ninguém me cala,
Sou eu, e sou de todos um pouco,
Dos mais feios aos mais loucos,

Dos louros aos listados nas mamas,
Dos analfabetos silábicos, aos sem
Lábios, mas que falam como gigantes,

Falo dos extravagantes eu, dos tolos,
Dos amantes cibernéticos, sou estrábico
Como todos um pouco, e um livro em branco,

Imaculado, pronto a sentir algo em tudo,
O usado como novo, o amarrotado
De maneira diferente, o olhar doutro,

O que não me mente, nem “se rala”, se
É verídico ou verniz de unhas sintético,
Para agradar a um cego dos dedos,

Sendo oficial dos imprudentes, sou
Por dentro, um peixe seco, desses que
Passam a vida de azul a verde celeste,

Sem terem plo meio outras cores,
Cinzento por exemplo, amarelo veneno,
Gema d’ovo, cor de chapéu de palha fofo,

Na sala aonde alguém me “ralha”,
Não me explico pelo comum da fala,
Alastro-me como fogo em palha seca,

“Puxo” pela navalha e viro senhor
Absoluto do que afirmo, conheço-me
Bem, falo o que digo, dom de ofídio,

Iniciático segundo a visão e os crentes.
Consola-me a altura que tenho, mesmo
Que não seja célebre, tenho a alma cheia

De sensações pungentes e diferentes,
Capaz de sentir novas e ter distintas
Opiniões, segundo a hora o dia e o mês,

Não me corrompeu ainda o ind’agora,
Uma febre ligeira, chamemos-lhe
Covardia, um estágio fora da alma,

E os sentimentos que não tememos,
A apologia de um lugar diferente, digo:
-Lá fora as Carpas mais me parecem

Lírios longitudinais, mas presentes,
Legítimos como tudo o mais, Chernes,
Percas da minha rua, rua de quem

Se perdeu algum dia, não eu, pois
Eu sou dos que se não perdem, assim
Sendo, torna-se difícil dizer, – Adeus

E até breve…







Jorge Santos (22 Janeiro 2021)

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Minh’alma é uma floresta







Minh’alma é uma floresta escura, avara, negra,
Onde gosto de caminhar sozinho, um achar,
Por veredas, nunca caminhos, por outros
Usados, de preferência à luz de velas,

Figuram afastamento, não só
Do lugar, mas de algo mais fundo, audaz
Que a posse, a oposição dos dedos
Ou o sítio pra onde vou, me separa

Dos lobos, os alinhamentos de
Estrelas são como prefácios extensos
Fixos, a minha visão, prévias telas
E os espaços centos, seja do que for,

Sinto qualquer coisa cavada, um
Desatino que não é meu e no entanto
Sou eu isso tudo que liga o céu levantado
Ao mundo, sou os que aqui estão,

Os que erguem a mão ao infinito
E o sentem da copa da floresta, a direito
O “que-se-deixa-ver” versus a ideia
Que Dele se tem, o meu ser são

Apenas ramos, braços donde a natureza
Fala, falha-me a noção de imenso,
Falta-me a metamorfose adiada,
O formar parte do vazio, “performer”

Do nada, a consciência do cosmos, a folha
Em branco e o “dente de leão”, o voo
Do dragão que nos há de levar a Nimas,
Titan e além do incompreensível

Vão da porta, baloiçando sonhos velhos,
Velhos, velha a luz das estrelas e no céu
Veredas, trilhos, caminhos, sendas, gesta
É arvoredo, matéria análoga, consciente

Minh’alma eu, floresta de corpo e mente,
Agora é sempre, sempre é agora … e o
Eterno compósito que da nossa alma vem,
Detém, contém, dita e mora.



















Jorge Santos (16 Janeiro 2021)


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Pangeia e a deriva continental

 




Pangeia e a deriva continental

“Ex nihilo nihil fit”

Não minto quando me dispo do que poderia ser dito entre o dito e não dito do que realmente digo, sim “Eu jamais parti” mas não digo não, pois poesia não sai de mim, foi-me dada assim, é a minha água pura, a minha força motriz, nem se compara ao ar, infinito o que respiro, é o que a voz me diz, por isso direi mesmo depois do fim, serei futuro ou estarei realmente aqui, de alma e corpo “Eu jamais parti” … “Eu jamais parti”
Um hiato entre o que, ou por quem me tomo e o que sei sou ou sonho todavia subordinado a ser e será o eu verdadeiro enquanto o sonhei que na prática é o que sou e como me vejo, um resíduo, um suborno de sensações anteriores ao pós nas quais creio antever ou antecipar algo como se fosse o meu reflexo real ao espelho e eu espectador fictício de mim mesmo mas com relevo falso artificial e uma memória de outra espécie de elefante que abdicou de si mesmo para se tornar uma outra realidade ciente e sem substancia incorpórea apesar de humana ainda, quem sabe eu mesmo (arte e forma) pois sou aquele que nasceu sem se conhecer, pra quem tudo é estranho e diferente, performance magnífica ou repúdio caustico à boca de cena e ao palco.
Ando sentindo-me mímico e semi-“desfraseado” de nitidez de modo que não consigo equilibrar duas palavras que façam cabal sentido separadas ou uma de cada vez, nem temperar com sal sentidas palavras como cal e mostarda ou alho Francês , mascara-las e dividi-las por dúzias de compartimentos íntimos como se fosse eu do país do um Dali da intuição, Catalão (espero que passe breve,) assim junto algumas de um, dois mestres e uma mestrina regada a estouvados sonhos semivividos semi-sonhados, persegue-me a mim a sensação morfológica de jamais partir e assim retorno constantemente embrionário à ideia minha de verdade onírica de jamais conseguir alcançar a substancia líquida de que são feitos eles mesmos os sonhos e modelar os meus lexicalmente viventes em vividas catarses , depurações de uma alma imperfeita, impura, apesar de lúcida.
Meu caro, distinto, dilecto amigo e poeta, se é que o posso afirmar sem vitupério, me perdoe a demora argumentativa, pois lhe digo não há uma maneira apenas de escrever ou descrever um simples sentir nem um único e só sentido tem a escrita criativa e artística, somente por afirmar e dizer me sinto a pensar encruzilhadas por ser tão complexa a forma e tão curta a linguagem, não a mensagem e o traçado desta, tão completo quanto simples e se possa transmitir fio a fio, por sinais minimalistas como estes que usamos para nos influenciarmos mutuamente, a frio ou não, mas aludindo acerca da tradicional plasticidade pictórica nas línguas vivas como forma de provocar novas formas de “graffitagens” elípticas artísticas e provocativas, considero que a provocação lúcida, em si, já é uma arte maior, aliás penso que, sem provocação higiénica e higienizante ou o erro consciente e racional não existiria arte, no sentido carismático do nome e morreria de pragmatismo a lucidez, por insuficiência renal orgânica, há que ser magnífico para provocar desordem gráfica e conceptual e gástrica com artifício e sabedoria, conhecimento, e não abraçar o erro geriátrico, reles e parabólico, a imbecilidade simplória geralmente enviesada e grosseira, muito embora não devamos domar qualquer critica ou criticismo, como um acto particular e de lesa-divindade postular ou sinonimo de perseguição, apenas simples, vermículos Dantas e incultos “Crassos” Caios, se refugiam em ingratas divisórias caves, insalubres porões, em lugar de ocuparem os salões nobres, os Grão Mestres não decretam e jamais decretarão infalibilidade nem afirmarão como sofismas, misticismos decadentes a propósito da independência moral e mental de cada um, mas à parte isso “a minha pátria é a língua …” e não querendo parecer um papel normal copiado e copiando o “gosto de dizer” de outros garanto-vos,… garanto-me um intrínseco pecador verbal, pois nem que para isso tenha de infringir raízes hierarquias ortográficas e heráldicas para firmar uma tese que seja pancreática e criadora. Antes de dizer, há que merecer humanamente e hemorragicamente o que se diz, e eu digo, bem alto , bom som para deixar de ser escravo submisso de degeneradas formas de dizer e pensar unissonantes, insonsas, insignificantes e banais, libertar-me intimamente da “estabilidade relativa” sendo eu um diletante dos subúrbios subconscientes da escrita, tenho o propósito máximo como autor, como qualquer autor, de dirimir argumentos e especulações funcionais ou disfuncionais utilizando a toponímia semântica que me é dada já preenchida para posteriormente a esmagar, como chouriços e encher de fitas, fintas e outros subterfúgios de uso particular, desses de usar e pendurar ao fumeiro e nos lustres do salão de festas , na minha campa e na própria árvore de natal, nos gerânios, com outras cores, com uma diferente epistolaria geométrica, quiçá mais ousada ou curiosa, mas apesar de tudo destinada a morrer como eu, na noite seguinte ao ano novo, como é normal em todas as espécies semivivas , assim é, são as línguas vivas, a semântica e a própria arte, universal e feita de números primos e integrais complexas e belas contradições lúdico-genéticas, gerúndios de forma continuada e evolutiva pois que, nada surge do nada “Ex nihilo nihil fit”.
Fulgurante sensação esta quando ponho a ouvir-me pensar, alucinado e fora de mim, nisto de passar para a margem menos segura, coisa que o persigo dias sem fim, tentando salvar o pensamento da poluição sonora, talvez por não ter valor o que digo nem a imensidão da minha alma tenha força para abraçar com ardor o rio de pensamentos que fluem e morrem num discurso insosso como o meu é e foi sempre.
Não irei falar das formosas trilobites, nem fugirei das águas impuras da criação de vida na Terra embora polutas em que provisoriamente, faz tempo a esta parte, me tenho banhado, não por acidente ou defeito amoral e trágico, mas por hábito enraizado de escrita e pela sensação de pouca limpeza, a areia tã’necessária à escrita criativa, porquanto particular e “sui generis” me impressione “in immensum” e a sinta di-dimensionar-me, empertigar-se ante os meu olhos e os outros sentidos e aí sinto-me, ou talvez me sinta, semântica e magnificamente asseado a ponto de criar nitidezes e não ser um outro terrível ponto, desgraçado, amovível couraçado de outras guerras, ancorado a letras gordas e esperando ser desmantelado de cima a baixo por corjas de impostores auto intitulados zeladores da escrita pura quando nem escrito têm nem coisa alguma.
Elegi a emoção como opção primeira e privilegiada do meu pensamento e, na minha escrita não permito, nem permitirei, nem a febre dos fenos, nem do contágio decadente que polui de través, é e será o que constituí na minha interpretação de espaço, livre, comum de critica criativa e construtiva, excentricidades são bem vindas aos meus olhos, desde que não rocem a imbecilidade expressiva e a rudeza, as expressões poética querem-se, quero-as eu e todos nós humanos, vazias de exterioridades egoísticas, assim como a caixa onde o gato defeca diariamente se quer limpa de dejectos para que a verdade da agua pura flua e escorra por entre as vistosas pedras em cascata numa montanha livre de doenças parasitárias, malignas e esterilizáveis de pensamento e ideias, que o som das águas nos acompanhe e não o cárcere da infâmia e a lâmina da ignomínia com que muitas vezes sou reclamado a cooperar e reitero desde já um voto pelo bom funcionamento desta incivilizada civilização postuma, que posso e devo chamar assim, para que não se abra a tampa e pandora invada as nossas oníricas quimeras e as transforme em terríveis sensações decrépitas bem acima da linha do cabelo, bem hajam poetas verdadeiramente amantes da escrita…
Por fim luz ao fundo do túnel, não quero incendiar nem demais nem de-menos os ânimos, apenas desejo e apelo ao bom funcionamento de algo que pode e deve ser belo, a partilha de palavras e o desejo, egoísta mas louvável de ser ouvido e partilhado por tantos ouvido, dou as minhas toscas palavras, emprato-as, exponho-as e exponho-me em brancas paredes, no meu pensamento são úteis para me despertar e provocar outros e a exporem-se também e, ou a expressar ideias novas, e aí sim, há momentos em que temos de apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos valemos suficientemente do inconsciente, nem justo seja o que for a consciência sabemos, dela não pudemos duvidar, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir faculdades mágicas e fantásticas que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas, pois as mensagens são eternas como as imagens, para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros, empratadas e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos q.b … Longa vida aos geralmente poetas,
“Não sei ser útil mesmo sentindo”, posso dizer que sinto, nem que seja porque é essa a única, minha e verdadeira causalidade, (“esse o problema de beber”), o sintagma basilar do que me resta de real, a liberdade magnifica, magnânima, mergulhada em ácido ou caustica como uma traição, a de tecer em contos fábulas e contar o que realmente é prosaico e por demais gasto, o que reside inconsciente na” consciência da passagem do tempo”.
Lembro-me da menos valia de Augusto, de Magno, César-do-mundo-anterior ao meu e do desgaste do tempo que conheço, do padrasto desgosto de não compreender no rosto a mãe da pitonisa das dores, maquilhando-se de mar e coragem à medida que se afunda no Egeu Atlântico a oeste da ilha dos Amores antes da deriva continental para poente …
Os vocais e sílabos constroem-me como se fosse eu um puzzle, uma historia desfocada de “nitidezes”, sinto-me evidente e focado face aos sírios e pálpebras de todos, que de outra forma não me concluo, nem me concluirei de facto, “nem me dá gana” continuar sustentando o insustentável, o imponderável que é, como se sabe, criar contradições e complementos a partir da bílis e do esperma e a propósito de coisa alguma e do nada mais, pois que é disso que se trata quando se constrói, destrói-se o útil e o apenas, fica o transversal, a nossa pseudo alma, o pseudónimo exuberante e vital de quando se entorta um prego, a realidade numa outra forma também básica, prosaica e de metal / ferrugem mas quiçá mais real que esta agora e de sempre que, não por se honesta, me basta.
E é isso mesmo na atitude, o escrever simplesmente, ele mesmo, o mito qual nos transforma em crianças “incompreendedoras” crónicos filósofos da graça e da descrença, ínfimos promíscuos até nos crermos inexistentes como flutuantes aliados ao infinito na forma de alheamento alado, somos maravilhosos enquanto bons pensadores e/ou escritores desafinados, assim o desejo endógeno, também ele poético.
Por palavras minhas dou hoje o sempre o que digo e escrevo, escravo das cores que não tenho, doem-me as crostas nas minhas toscas e roucas palavras, compactuas, emprato-as, exponho-as e exponho-me em francas paredes, brancas, singelas no meu pensamento, tão úteis para pensar como para me despertar, pra desertar de mim próprio e provocar noutros o sentido de intimidade exposta e a exporem-se também e/ou expressar ideias novas e há depois momentos em que temos de apagar, apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos símios, q.b de bravos gloriosos e valentes tanto quanto fracos e indecisos.
Por palavras minhas e não d’outros parto à bolina num trem sem carruagens e com um semi-talento atrelado , eu sentado na esquina da maquina de escrever, (chavões à parte e às paginas tantas), algo que não controlo pleno é uma locomotiva a pleno vapor no Tejo ou no Sado eu não cometo abalroamentos quando navego à bolina , planto e dito assim mesmo, como que ao vento, também ele mau conversador, faço de bruto, um pouco menos ou mais que conversa cúmplice de maus presságios, vou de faca afiada nos dentes e já que de palavras lidas está o molhe cheio e o bote transborda aqui e acolá, por vezes vai ao fundo, as palavras são o que me fazem ser e querer ser tal como formiga d’asa.
Serve para dizer por palavras que ouço como se fossem minhas, eu próprio na musicalidade em Oboé das ramagens dos carvalho gigantes e velhos e nas coisas como fosse o som da caminhada que é conjunta e sagrada, estamos juntos nessa estrada longa que é escrever, pois escrevamos …
E viva a poesia
Não sei ser útil mesmo sentindo
“Caminho, por não ter fé …”
Uma corrente humana não passa disso mesmo, de um mega-elo verbal e metafísico e a exposição ou predisposição pretensamente panteísta desse elo, podendo ser ortodoxo ou heterodoxo (embora tente convencer-me do contrário) pode ser balizado por argumentos não actuantes, distintos da função onde assentam os meus princípios e a missão humana que serve de orientação das minhas emoções funcionais vitais mais primárias e dominantes. Essa subjacente emoção, traz consigo o que se pode considerar um selo empático, se o individuo puder explicar-se pelo pensamento e não por acções que redundam a realidade de um mal social maior, que define determinado paradigma, como amoral entre entes imorais, em que uma palavra define outra e outra, assim por diante, como um ser se define definitivamente e infinitamente como inferior ou superior, pela educação ou a irreparável falta dela, se aplicada irracionalmente, com todas as consequências. Justifico-me plenamente pela religião, pelo que ela comporta mais que pela verdade evidente, reduzo-me até ao mínimo absurdo, mas primo pelo direito de conservação da minha racionalidade espiritual e conceitual, excluindo os outros, a partir de um certo ponto, apago-os da minha existência, da minha condição de residente nos elevados subúrbios, embora viva a simplicidade das flores no quintal que cultivo. O que me distingue e á minha tese panteísta, é a função de esgaravatar buscando por almas humanas também elas na busca de outros desses eles, nos locais mais recônditos e isso implica abdicar de determinados conceitos estéticos, que vejo sendo abduzidos e reduzidos, a uma trama sem carácter, à qual não tenho outro remédio, senão disciplinarmente me afastar e conscientemente denunciar a coartação de pensar -liberdade e o direito inalienável – de me conspurcar de todos os desmandos possíveis e imagináveis á luz da verdade, liberdade, excepção e bom gosto. Sou contra quem me erguer defronte um muro, em nome da liberdade, senão contra mim que seja, e não procurar um eclectismo intelectual, talvez ilusório e teatral, revoltar-me contra mim até, se for o caso e sair deste marasmo em que me sinto tolhido e sem argumentos aumentativos, confinadamente assentes e com sentido, é este o primeiro passo para o meu progresso mental poético e argumentativo. Sempre criei poesia de base zero, anuindo natureza a dois números primos, com a hipótese de, dentro do meu espírito, o colorido tinte uma polícroma dimensão, não digo geométrica, mas volumétrica que pode ser tocada por quem do-lado-de-fora também tenha uma designação não convencional, para as duas linhas separando os olhos, servirem de interlocutor lúcido ao queixo em baixo. Sobra-me finalmente uma tristeza que é não ter eco de vozes incógnitas, ou quórum de querubins sem sexo, fazendo piruetas, mas porque havia de ter, sendo de única via a estrada que trilho e o tino igual à distância que me separa deles, externos a mim, salada em geral insone, insonsa e genericamente incomoda, que não gosto de ver nem sentir, tudo depende da minha marcada objectividade, mascarada de manufacturadas realidades, por não precisar de melhor e, deixar de escrever, não é deixar de escrever, já que o meu “phatus”, ou sentimento de imensa paixão não é feito de papel pardo ou faca, nem é jornal de forrar parede de caixote de lixo.
De facto, não me merece respeito quem não me respeita, nem os meus sinais e até rejeita esta grainha rejeitada e a relatada redacção, é a básica matéria-prima que possuo, nesta cara fria por fora e por dentro limão, e é-me tão ou mais cara que o preço de um café, sorvido apressadamente ao balcão. Falta-me qualquer argumento que qual, ainda não sei qual, mas dou-me por satisfeito e retiro-me com estas divagações redigidas à pressa, para que a vossa desatenção ou a atenção parcial não desbote, já que sobriedade não tenho, nem peço aos periféricos deuses por tal, pois perfeito é desumano e eu não desconsidero a aproximação ao sublime. Adoramos o que temos e o que não podemos ter, e eu ouço a respiração da natureza como um Endovélico Dom, ou um efeito alterado de percepção imaginária, não como uma vantagem de quem mora um andar mais alto e elevado, mais que a maioria dos inquilinos desta cidade parida dos mortos, mas que deixou de ser refúgio sacro para mim. Os pensamentos surgem-me nas mesquitas, às esquinas, nos cotovelos presentes em mesas, cadeiras e chávenas de café quente e quando menos reparam em mim, em nós outros, passageiros das passadeiras brancas e pretas, olhando no fixo do olhar vazio dos nossos semelhantes, de quem nem vê quem lá anda, quem lá passa de manso. Sinto uma inveja profunda na realidade e nas imensas coisas que tornam monótona a contemplação do mundo exterior a mim, como uma paixão visual, manifesto-me pela escrita argumentativa e na poesia não decorativa, o que diminui ainda mais o efeito ilusório da realidade, sensação congénita em mim. As coisas que procuro, não estão em relação a mim, quanto eu em ligação a elas; encolho os ombros e caminho devagar, por não ter cura para este mal-entendido com a realidade e retiro-me com o pressentimento de não voltar eu próprio, por via de me ter tornado outro mais puro e poroso, por fim magnânimo, ao ponto de nada ser igual ao que era, quando volto a cabeça e olho para trás, sobre o ombro. A propósito de charlatãos, desses que não merecem o meu respeito, antes o desprezo, servindo servis propósitos pseudo-mediáticos ou esquemas sociopáticos ainda mais obscurantistas que eles próprios conseguem conceber numa confrangedora confraria de simplórias bestificações da miséria alheia a que se associam de candeia acesa, insinuando-se beatos estudiosos com uma maior-luz dentro que os ratos de que se rodeiam, também eles roedores buscando migalhas de dispensas pobres em orfandades imundas. “Não sei ser útil mesmo sentindo”, posso dizer que sinto, nem que seja porque é essa a única, minha e verdadeira causalidade, (“esse o problema de beber”), o sintagma basilar do que me resta de real, a liberdade magnifica, mergulhada em ácido ou caustica como uma traição, a de tecer em contos fábulas e contar o que realmente é prosaico e por demais gasto, o que reside inconsciente na” consciência da passagem do tempo”. Lembro-me da menos valia de Augusto, de Magno, César-do-mundo-anterior ao meu e do desgaste do tempo que conheço, do padrasto desgosto de não compreender no rosto a mãe da pitonisa das dores, maquilhando-se de mar e coragem à medida que se afunda no Egeu Atlântico a oeste da ilha dos Amores … Os vocais e sílabos constroem-me como se fosse eu um puzzle, uma historia desfocada de “nitidezes”, sinto-me evidente e focado face aos sírios e pálpebras de todos, que de outra forma não me concluo, nem me concluirei de facto “nem me dá gana” continuar sustentando o insustentável, o imponderável que é, como se sabe, criar contradições e complementos a partir da bílis e do esperma e a propósito de coisa alguma e do nada mais, pois que é disso que se trata quando se constrói, destrói-se o útil e o apenas, fica o transversal, a nossa pseudo alma, o pseudónimo exuberante e vital de quando se entorta um prego, a realidade numa outra forma também básica, prosiaca e de metal / ferrugem mas quiçá mais real que esta agora e de sempre que, não por se honesta, me basta. E é isso mesmo na atitude, o escrever simplesmente, ele mesmo, o mito qual nos transforma em crianças “incompreendedoras” crónicos filósofos da graça e da descrença, ínfimos promíscuos até nos crermos inexistentes como flutuantes aliados ao infinito na forma de alheamento alado, somos maravilhosos enquanto bons pensadores e/ou escritores desafinados, assim o desejo, ele também. Por palavras minhas dou hoje o sempre o que digo e escrevo, escravo das cores que não tenho, doem-me as crostas nas minhas toscas e roucas palavras, compactuas, emprato-as, exponho-as e exponho-me em francas paredes, brancas, singelas no meu pensamento, tão úteis para pensar como para me despertar, pra desertar de mim próprio e provocar noutros o sentido de intimidade exposta e a exporem-se também e/ou expressar ideias novas e há depois momentos em que temos de apagar, apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos símios, q.b de bravos gloriosos e valentes tanto quanto fracos e indecisos. Por palavras minhas e não d’outros parto à bolina num trem sem carruagens e com um semi-talento atrelado , eu sentado na esquina da maquina de escrever, (chavões à parte e às paginas tantas), algo que não controlo pleno é uma locomotiva a pleno vapor no Tejo ou no Sado eu não cometo abalroamentos quando navego à bolina , planto e dito assim mesmo, como que ao vento, também ele mau conversador, faço de bruto, um pouco menos ou mais que conversa cúmplice de maus presságios, vou de faca afiada nos dentes e já que de palavras lidas está o molhe cheio e o bote transborda aqui e acolá, por vezes vai ao fundo, as palavras são o que me fazem ser e querer ser tal como formiga d’asa. Serve para dizer por palavras que ouço como se fossem minhas, eu próprio na musicalidade em Oboé das ramagens dos carvalho gigantes e velhos e nas coisas como fosse o som da caminhada que é conjunta e sagrada, estamos juntos nessa estrada longa que é escrever, pois escrevamos … Viva a poesia Não sei ser útil mesmo sentindo, detesto dizer “geralmente”, não falo por falar de generalidades nem assumo o papel sagrado do mérito que me cabe por evidencia e “ipsis verbis” por excelência ou incumbência criativa, “Ipsis factus” não falarei de trilobites nem da minha própria natureza, das grandezas homéricas, mas da deriva genésica, do afastamento e da náusea limítrofe adjacente e léxica mas sim do que chamarei de “alegoria da ignorância”, da mediocridade, da cretinice genérica e genética, da “burrice mediática” e mediúnica, insalubres quanto estas águas pobres em que me banhei e teimo tal qual um Santo António tagarelando aos peixes. Defino-me como o Orfeu lúdico e lírico ou mais prosaicamente o homem que nunca existiu, a singularidade do Peloponeso telúrico, daí a sensação de deriva contínua e uma mão cheia de sísmicos argumentos para me afastar da escuridão da caverna e das trevas dos falsos líricos, dos entrincheirados leprosos que coabitam ciumentos estes canais estreitos e corruptos assumidos de antemão assim como uma assunção de indignidade assumida. Apesar de excepcionais orelhas curvas e magníficos desproporcionais probóscides estomacais vestidos a quase tudo quanto podemos ingerir e conseguimos defecar sem dificuldade por aí além mas com elevada mestria, como oleiros em potenciais olarias familiares/tradicionais, temos largos e apurados esófagos, descendentes de afegãos sorumbáticos e pagãos, somos depurados e dependurados pelos órgãos genitais por crime de divergência existencial por estrambólicos eunucos circenses, sacrificados fiduciários nas fogueiras dos maldosos e malvados argonautas do desprezo e por decreto, nem sempre presentes fisicamente mas omnipotentes, esquartejadores de consciências, somos desqualificados, silenciados, apedrejados por símios seminus e estrábicos orgânicos, expomos-mos servilmente aos mais baratos, feios, básicos escrevinhadores seminais, monossilábicos e somos agredidos das formas mais vis, humilhantes, baixas que se conhecem apesar da diarreia verbal destes ser completa, corrupta e gástrica, de refluxo semi-animal, enjoante, enojante e maldoso, maliciosos carroceiros animalescos a caminho do mercado de gado bi-semanal, sem causa básica nem amalgama que não seja escrota, repolho e feijão preto, apenas desgosto, má língua e mácula ao repasto, sem bom gosto, nem pá de porco, nem afago de vizinho naturalmente sempre bem disposto. Assumo com responsabilidade monástica e monogâmica, a desordem no feminino, como transformadora natural e dinamizante de uma sociedade recticulada e gesticuladora, naturalidade é dignidade na dimensão do humanista e “Partizan” e é minha a de conspirador, às sextas feiras á noite na mata dos medos solitários, não traio as minhas convicções nem que me deem alpiste, são tal forma humanas de maneira clara e magnânima nas minhas opiniões , sou magnífico e valente nas minhas partes genitais e magistral nas artes que ofício depois da cinco da tarde, os meus atos mais brandos bradam e ardem como se fossem fogo de artificio nos céus ao domingo de ramos, na aldeia da Piedade (que não tenho). Ponderados quanto honrosos os palavrões e chavões, os impropérios que grito aos quatro ventos, não me calo, quantos mais e ilegais e violentos estes sim, servirem a defesa da liberdade e da plenitude, sou condescendente desde tenra idade ao ponto de arrotar um obrigado mesmo que palavras Ad.Hoc me firam, sou educado q.b.. e como bolacha maria de agua e sal ao lanche, não faço dieta, nem bem nem mal faço em jejum apesar de estar disposto a tudo e até à guerrilha armada e à guerra santa como um bom Filisteu e ateu de renome que se borrifa de agua benta ao sábado se for disso o caso, dou vida aos caos aniquilador e completo se a causa for justa e a calmaria suprema no fim do embate, a bonança depois da tempestade violenta provocada pelos drusos negros “sem orelhas”, Pechenegues beligerantes e pouco afáveis ou fiáveis das florestas Andaluzas de ind’agora, franco-atiradores disfarçados, cobertos de ramos embora de chinelas suásticas gastas, suavos castanhos e pretos. Ajo para fora de mim embora a agilidade espiritual seja bem lá dentro e por fora quer seja benevolente quanto á desordem material e sem cura ou me incline pelo pacifismo beligerante em roda dos testículos escuros e pretos, sou pragmático, considero em todas as minha palavras escritas o suborno a alguém e ao além bem mais profundo e profano que a Pietá de joelhos, prostrada ou sentada com um santo indefeso e defunto ao colo com sinais de arrependimento no rosto e uma chaga no peito, presumo que em assunção da dignidade finalmente assumida por ti por mim e por todos vós outros… Não há maneira sóbria de descrever o sentir nem único o sentido, somente por eu o afirmar e dizer me sinto a pensar por ser tão complexa a forma e tão curta a linguagem não a mensagem. Fulgurante sensação quando ponho a ouvir-me pensar alucinado nisto de passar para a margem segura que persigo dias sem fim tentando me salvar talvez por não ter valor no que digo nem a imensidão da minha alma tenha força para abordar com ardor os rios de pensamentos que fluem e morrem num discurso insosso como o meu é e sempre foi…será !
Uma corrente humana não passa disso mesmo, de um mega-elo verbal e metafísico e a exposição ou predisposição pretensamente panteísta desse elo, podendo ser ortodoxo ou heterodoxo (embora tente convencer-me do contrário) pode ser balizado por argumentos não actuantes, distintos da função onde assentam os meus princípios e a missão humana que serve de orientação das minhas emoções funcionais vitais, mais primárias e dominantes.
Essa subjacente emoção, traz consigo o que se pode considerar um selo empático, se o individuo puder explicar-se pelo pensamento e não por acções que redundam a realidade de um mal social maior, que define determinado paradigma, como amoral entre entes imorais, em que uma palavra define outra e outra, assim por diante, como um ser se define definitivamente e infinitamente como inferior ou superior, pela educação ou a irreparável falta dela, se aplicada irracionalmente, com todas as consequências.
Justifico-me plenamente pela religião, pelo que ela comporta mais que pela verdade evidente, reduzo-me até ao mínimo absurdo, mas primo pelo direito de conservação da minha racionalidade espiritual e conceitual, excluindo os outros, a partir de um certo ponto, apago-os da minha existência, da minha condição de residente nos elevados subúrbios, embora viva a simplicidade das flores no quintal que cultivo.
O que distingue a minha tese panfletária, é a função de esgaravatar buscando por almas humanas também elas na busca de outros desses eles, nos locais mais recônditos e isso implica abdicar de determinados conceitos estéticos, que vejo sendo abduzidos e reduzidos, a uma trama sem carácter, à qual não tenho outro remédio, senão disciplinarmente me afastar e conscientemente denunciar a coartação de pensar -liberdade e o direito inalienável – de me conspurcar de todos os desmandos possíveis e imagináveis á luz da verdade, liberdade, excepção e bom gosto.
Sou contra quem me erguer defronte um muro, em nome da liberdade, senão contra mim que seja, e não procurar um eclectismo intelectual, talvez ilusório e teatral, revoltar-me contra mim até, se for o caso e sair deste marasmo em que me sinto tolhido e sem argumentos aumentativos, confinadamente assentes e com sentido, é este o primeiro passo para o meu progresso mental poético e argumentativo.
Sempre criei poesia de base zero, anuindo natureza a dois números primos, com a hipótese de, dentro do meu espírito, o colorido tinte uma polícroma dimensão, não digo geométrica, mas volumétrica que pode ser tocada por quem do-lado-de-fora também tenha uma designação não convencional, para as duas linhas separando os olhos, servirem de interlocutor lúcido ao queixo em baixo.
Sobra-me finalmente uma tristeza que é não ter eco de vozes incógnitas, ou quórum de querubins sem sexo, fazendo piruetas, mas porque havia de ter, sendo de única via a estrada que trilho e o tino igual à distãncia que me separa deles, externos a mim, salada em geral insone, insonsa e genericamente incomoda, que não gosto de ver nem sentir, tudo depende da minha marcada objectividade, mascarada de manufacturadas realidades, por não precisar de melhor e, deixar de escrever, não é deixar de escrever, já que o meu phatus, ou sentimento de imensa paixão não é feito de papel pardo ou faca, nem é jornal de forrar parede de caixote de lixo.
De facto não me merece respeito quem não me respeita, nem os meus sinais e até rejeita esta grainha rejeitada e a relatada redacção, é a básica matéria-prima que possuo, nesta cara fria por fora e por dentro limão, e é-me tão ou mais cara que o preço de um café, sorvido apressadamente ao balcão.
Falta-me qualquer argumento que qual, ainda não sei qual, mas dou-me por satisfeito e retiro-me com estas divagações redigidas à pressa, para que a vossa desatenção ou a atenção parcial não desbote, já que sobriedade não tenho, nem peço aos periféricos deuses por tal, pois perfeito é desumano e eu não desconsidero a aproximação ao sublime.
Adoramos o que não podemos ter, e eu ouço a respiração da natureza como um Endovélico Dom, ou um efeito alterado da percepção imaginaria, não como uma vantagem de quem mora um andar mais alto e elevado, mais que a maioria dos inquilinos desta cidade malparida, mas que deixou de ser refúgio sacro para mim.
Os pensamentos surgem-me nas mesquitas, às esquinas, nos cotovelos presentes em mesas, cadeiras e chávenas de café quente e quando menos reparam em mim, em nós outros, passageiros das passadeiras brancas e pretas, olhando no fixo do olhar vazio dos nossos semelhantes, de quem nem vê quem lá anda, quem lá passa de manso.
Sinto uma inveja profunda da realidade e de imensas coisas que tornam monótona a contemplação do mundo exterior a mim, como uma paixão visual, manifesto-me pela escrita argumentativa e na poesia não decorativa, o que diminui ainda mais o efeito ilusório da realidade, sensação congénita em mim.
As coisas que procuro, não estão em relação a mim, quanto eu em ligação a elas; encolho os ombros e caminho devagar, por não ter cura para este mal-entendido com a realidade e retiro-me com o pressentimento de não voltar eu próprio, por via de me ter tornado outro mais puro e poroso, por fim magnânimo, ao ponto de nada ser igual ao que era, quando volto a cabeça e olho para trás, sobre o ombro.
A propósito de charlatães indesejáveis, desses que não merecem o meu e o nosso respeito, antes o desprezo e a náusea, dizem eles (ou ele) que editam 150 milhões e mais, de livros, pobres livros jamais lidos, servindo servis propósitos pseudo-mediáticos ou esquemas sociopáticos ainda mais obscurantistas que eles próprios conseguem conceber numa confrangedora e antipática confraria de simplórias bestificações da miséria alheia global e globalizante a que se associam em sociedades maléficas de candeias mal acesas, insinuando-se beatos estudiosos com uma Maior-Luz central dentro do que aquela estripe de ratos de que se rodeiam, também eles roedores buscando migalhas de dispensas pobres em orfandades imundas, pobres e indigentes, cabe-me a mim e a todos denunciar a falta de argumentos argumentativos destas seitas que se dizem a luz da verdade.
Liberdade, excepção e bom gosto são estandartes nobres que não quero , não queremos ver “por terra” enquanto vivos e sediados neste mundo digital cada vez mais brutal e desumano, ladeados dos incapazes mais pequenos e sujos, subjugantes parcos e ignorantes , suínos de pocilga lembrando tristemente o “Triunfo dos Porcos”) ….
Dou livremente asas às minhas moucas palavras, ouço-as na mente, emprato-as, exponho-as e exponho-me em brancas paredes, no meu pensamento são úteis para me despertar e provocar outros e exporem-se também e ou expressar ideias novas e há momentos em que temos de apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos q.b …

Longa vida aos realmente poetas





Jorge Santos, (aliás Joel Matos)

(Dezembro 2020)

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tradutor

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