Ao menos
que sobre o antes,
Se a própria
Terra ainda chora,
A má memória
das suas gentes,
ao menos q’a
minha fé nelas, não morra
Ao menos
que só sobrasse o antes,
Porque manhã-cedo
haverá guerra,
E acabemos
por colher as únicas flores,
No morro
ond’ausência de Deus já mora.
Ao menos
que sobrasse do ontem…
A liquidez do dia, a noite anuncia mau tempo, vento,
Má sorte
ao pobre que nem lar tem,
E um pote
d’ouro, á porta do nobre convento.
Ao menos
que sobrasse do ontem
Pão, quando
não havia fome de trigo,
Agora as
florestas entristecem,
Por não
morrerem de pé e inclinarem cedo, ao machado.
Ao menos
que sobrasse do inda’ontem,
O não
haver medos.
Pois dos
tempos qu’aí vêm,
Ecoam já
os gemidos,
d’outros
bem mais antigos.
Jorge
Santos (02/2012)