O que é emoção e o que o não é...



Nada mais me provoca emoção, cansei-me da vida que levo,
O fardo que carrego é uma âncora, assim como outra tralha,
Que não se vê mas sente-se, como um estorvo…
Esta vida ausente, este navegar à tona, sem escotilha…

E a gente vulgar que germina onde sente que há bolor,
Mas o pior é quando o céu se tinge de igual cor
E não me deixa ter noção do que há nas flores,
Nos lagos, nas montanhas e bosques com espaços interiores…

Ah,… os poentes que dão vontade de beber de um fôlego,
A sensação e o gozo ao penetrar um corpo de mulher,
A chuva branda, caindo em cordel e a lembrança que albergo,
Do fogo crepitado da lareira, amadorrando o crer…

De tudo isso abdiquei eu, da subversão, do voo,
De exércitos de estrelas suspendidas, dos prados parados
Saindo dos rios e dos peixes, vestidos de quem sou…
Nada mais me suscita a vertigem dos passados tempos,

Assim uma espécie de faina mas com os barcos presos
No cais, visitando ilha após ilha, maré após maré,
Até que a última estrela caia do horizonte leitoso
E eu não precise mais apartar do que é emoção, o que não é…

Jorge Santos (01/2013)

3 comentários:

Teresa Teixeira disse...

Jorge, o que é emoção, pode nem ser emocionante... mas é Poesia - a tua poesia.

Um gosto.

Vanda Paz disse...

Soberbo!

Abraço

FAZENDO ARTE disse...

GOSTEI MUITO...
PARABENS
LEILA

tradutor

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