Sou um homem mau,
Uma criatura vil, doente
E a malvadez não se trata,
Desmente-se (no dizer de Dostoiévski)
Tenho uma raiva espetada,
Bem no fundo de minh’alma,
Em força bruta e ruim culpa,
Que não apagarei do carácter.
A razão, também ela me culpa,
Corta-me tal vidro liso, com a raiva
Dos diamantes rijos,
Mas não me trata…não me trata
Nos poros goros da minha alma
Sem regra, se esta nega a lapidação e é negra,
Como o diamante que a corta,
(Tanto melhor se o mal piora)
Corta fundo e rude,
A minha garganta secreta, seca, cortada à faca,
Segregada a raiva que venho colando à face
Que envolve minha inteligência infecunda.
Não é razão suficiente ou profunda,
Nem ela tem a culpa toda,
Pra minha garganta, pouco culta, sangrar
Da raiva q'esta alma mea-culpa segrega.
A culpa rasgada é do meu esforço,
Que não brota diamante melhor,
E a razão bruta, é ter a
Raiva pegada ao nó do arcaico cinto
E no circulo desta boca…
-Sou um homem mau-
Jorge Manuel Santos (10/2014)
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