Um buraco enorme em mim.



Um buraco … 
A barraca encarnada,
Sem saudade não é nada,
Como quem perde o destino,
Pesa-lhe a vida passada,
Ainda a julgo habitada,
Pela passagem do tempo,
Esse barraco, era a morada
Do meu sonhar em tempos,
Contará amanhã o vento,
Dentro d’paredes caídas,
Imitação d’Stabat Mater,
Como quem se dá ao inútil, fútil
E sem titulo, de uma vida
Apagada do que fomos,
A barraca abandonada,
Não resistiu ao culto
Do novo, no panteão
Do firme da obra feita,
Do estorvo, mas eu 
Nada sou fora dela,
A barraca é o meu mundo,
Encarnando eu a parte 
Bela dela, barraca,
Barraco encarnado, 
Desgraçados e iguais somos,
Eu a ele, buracos e pregos,
Mais nada. Sem fim,
Um buraco enorme em mim.

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