Sofro por não ter falta ,




 
Sofro por não ter falta,
Ausência se faz sentindo
A mesma falta, a partir
Do que não é preciso,
E só dói ao principio, 
Eu sofro por não ter falta,
Medito a sós comigo, 
Repetindo o mesmo “mantra”,
Vezes e vezes sem conta,
Ausência só faz sentido,
Quando há em uma parte
Do corpo, transição.
Eu sou um quarto do caminho,
Desconheço os fins
E a distância, a atitude
É uma doença contagiante, 
Congénita, tal como a má morte,
Estou morrendo de conteúdo,
Como morre mudo um pato,
De desmérito, pode ser fraca
E inoportuna ou tamanha, 
Sofro por não ter falta,
A felicidade é rara e falsa, a alma não
É minha …nem é dada à sorte.
Sofro por não ter falta,
Finjo, ignoro, sou feliz
Como quando se nasce,
Ausência se faz sentindo,
A morte não se sente,
Embora faça parte do que sinto,
Falta-me do voar a asa e a verdade,
Os deuses não me deram uma,
A outra não a quero,
Não me cabe escolher qual delas minha, 
Sofro de não ter falta,
Sofro de ser agora, já tarde …

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