Protagonizar o que me acentua...









Passo do exacto à exaltação,
Por amor ao estar aqui,
Que me faz ligado a mim,
Como a um rio quando corro,

Ímpar é o meu sonho atento,
Sem igual em nenhum outro,
Quanto mais o seguro,
Mais ele confirma vir

De ser verdadeira a poção
De sonho que bebo
Eu ao deitar, pra me
Sentir desperto e futuro, de

Manhã quando acordo
E penso que  não serei

Eu, se não sairá do
Mar chão, o meu pensar
Veleiro, a passar
Passageiro do sonho,

Ímpar e inocente,
-Como novo- ainda
Que estranho este
Sonhar, Ímpar o sorrir,

Quando me apaixono,
Pelo arrufado do prado.
Impares os sapatos
Que descalço, a camisola

Usada, a faina,
Mesmo que "dê em nada",
Impar a irracionalidade
Da consciência,

Assim as relações
Entre humanos, Impares
Quando acreditamos,
Impar o meu sonho,

De um veleiro no chão mar
Do meu passar passageiro,
Tão breve quanto extenso,
O meu amar veleiro,

Mesmo que não navegue,
Na verdade passa do amor,
O outro estado do curvado
Tempo, pra que ninguém  

O veja, no meu passar solteiro,
Uma doença que me
Vence, por vontade minha,
-protagonizar o que me acentua-









Jorge Santos (02/2015)

























11 minutos





11 Minutos

Oh! Soma de arcaico anjo, doma
Eros, térreos, cerros e demos,
Domai meus erros, Behael e Ur,
Babel cairá e seus chocalhos

Serão hinos, a Javé musical,
A fé será o oceano do fim,
Sendo pedras serei Deus/caos,
Verei, vejo meus erros nos teus,

Venero mutilo o inútil instante,
Gomorra sensível, mas meu,
Anjo de mau-barro, grés,
Arenito, tez do décimo

Primeiro minuto, manganês,
Dilúvio em cine, meu filho
De veludo, meu tudo, arnês
Difícil de prever por estranho,

Os movimentos que anjos
Fazem, do vício de serem
Humanos e líricos. Creio
No córtex, vórtice e guia,

Gaya, aguilhão, rainha,
Perdoa ter abdicado, horto
De seu pai, Zebedeu, tudo o que
Choro é Ceres, demitido Rei,

Anjo bom de barro,
Zebedeu anjo meu, seres
Filho, Arcanjo e Galileu,
Mas igual e meu, com tudo

De mau e bom qual
De Deus vem, ou tem no rosto
O teu, de mau e bom.


Jorge Santos (02/2015)

O cavaleiro da Dinamarca.





Quando eu depuser, amarga
A madrugada na Dinamarca,
Será tarde noutro continente,
Quando for eu, um dia desses

Poeira ou folha agarrada,
Na marca do tempo d’andas,
Serei um pouco do nada,
Imprevisível, cioso e portada

Desperto pra todas
As majestosas madrugadas,

Quando eu pensar,
-vai valer a pena-
Abraçarei sem medo,
A inicial loucura,

Que tinha o aspecto
Da minha cara banda,

Estou decidido a ser decidido,
Embora não saiba a diferença,
Entre o decreto e o impulso,
E qual o mais eficiente dos 2,

Contudo decidi partir pro n/sei,
Contra tudo e contra todos,
Pois o conceito de arriscar,
Não tem decreto-lei ou pulso tatuado

Sinto o impulso na veia cava,
Conto com a reacção avulsa
Do coração este e oeste,

Duvido do calor que faz,
Duvido de tudo que faz pensar,
Duvido do sábio do asno,
Duvido até do ar em Março,

Duvido ter nascido autarca,
De uma relação de humanos,
Não duvido do sonho,
Que esta canção conta,

Do mar a mar, em braços
E repete na volta dele,
O meu frio pensar, cento e tal
Vezes certos, na Dinamarca.


Jorge Santos (02/2015)

Espaço ponto.




A esparsa banalidade do estéril
É uma forma de dizer, insisto, estou
No que estas lagunas palavras geram
Do alento que nem certeza tem, sendo

Ou que o coração pudesse ter e quanto,
Esse esforço todo, pra dizer tão, quão
O nome meu, em garrafas de soda,
Vidro Cáustico em, ou mar aberto,

Com alguma mensagem rosto dentro,
Que fosse entendida plo tempo,
-Eu não sei ler o espaço linha-
Linha espaço, estéril e banal,

Ileso tanto como o original, o vago,
-Quando eu pensar sereno, lousa,
-Vai-valer-a-pena- Abraçarei sem medo,
A inicial loucura que tinha natural,

O aspecto desta minha máscara futura,
-Louca extravagância-espaço ponto.


Jorge Santos (29/01/2015)

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Sou feliz porque não escrevo...






Serei aviso em letreiro luminoso,
Serei nem sei se serei Afonso, Meireles
Serei, se nem ópera do Lopes Virei,
Serei sendo eu Miguel, Zé-ninguém

Serei, se o mínimo é igual ao mindinho
Como posso ser alguma coisa, destino,
Um hortal de couves no mercado do erro,
Colho o momento como se fosse um cacho,

Delicio-me com as uvas e fujo do perro,
E do dono que corre plo terreno abaixo,
Aviso aos que vêem sou, somos um cacho
Todos, quer sejamos Afonso Vieira Lopes,

Miguel Torga, Esteves Cardoso, Saramago
Zé, fazemos como se fosse sopa de Pessoas,
Um molho com sabor "suis genéris" Loureiro,
Tutti-frutti a estragão, pesticida legumes,

Fita excêntrica de metal, ferro QuerNunes Deus,
Sou feliz porque não escrevo poesia,
Só a verdade com que desvio, por escrito,
O que perpetuamente aperfeiçoo,

Do que me pertence eu criar de novo,
A minha cota perpetua de afeição ao Homem,
Não aos anjos doutra espécie,
Que não sendo não sou nem busco

Sou feliz porque não escrevo poesia,
Vivo ao-de-leve e com relevo de ilusão
E de sombra, essa que projecto no chão,
Nada mais me mede a não ser o meu Adereço,

Neste teatro elucido, em que mostro o que penso
Sou feliz porque não escrevo poesia,
Eu penso...



Jorge Santos (01/2015)

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Tudo isso me dói e odeio...





Estoiro-me, estoira-me a cabeça,
Dói-me a fala e a falta de ar,
A pressa, estoiro-me com a breca
Dos cantores de opereta bufa patética,

Estoiro-me com o desprezo de obra
De Otelo, estoira-me pagar eu dinheiro,
Pra editar esta obra em grego,
Estoira-me o destroço e o desdém,

Estoira o réveillon e os desejos,
As balas estoiram em Sarajevo,
Estoira o sangue sem glória, a peça
De Ionesco, o fresco de Pompeia,

Estoiro os miolos, tentando este
Mundo que me leia, antes que seja
Meia-noite e meia e a lenha apague,
Na sacristia de encastrar do cura frade,

Dói-me a fala e a falta de ar,
A placa cai-me quando como,
Sou um gnomo no outono, austeridade
Sem nome do forno do pão no prelo,

Estoiro-me sem qualquer razão,
Abençoado foi apenas Moisés
E o seu cão, estouro-me eu, de vez
Mas é, pois agora mesmo soube

Que o toiro de Noé era castrado
E a vaca estéril da arca civil,
Incrível a primavera e o florir,
O trigo amansado plo suão vento,

Incrível é que seja supérflua,
A nossa criável criatividade,
Criamos as mais bizarras obras,
Quem sabe se inventámos a lua,

Incrível que seja supérflua,
Uma contrariedade, faltam arestas,
Ângulos rectos, dizem os "experts",
Uns outros comentam, pena seja plana

Ou parecida com um queijo
Branco- estoiremos então a lua
Antes que caia na nossa cabeça dura,
Dói-me a fala e a falta de ar,

Dói-me o Adeus da verdade, do arrojo,
O estoiro da democracia verde e o Arcanjo
Gabriel,tudo isso me dói e odeio,
Mas amo…

Jorge Santos (01/2015)
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Louros de poeta...




Às vezes mesmo a mim pergunto,
Que é feito do paraíso tão falado,
Tão só, sem mim, que sentido tem,
Terem as casas tantos lugares vagos,

Carros caros, paredes caiadas,

E tão poucos bares no paraíso,
Pra beber absinto e um numero, cada vez
Menor, destes poetas malditos, ébrios,
Dum peso nas asas, não só carrego

De penas, mas todas desta humana
Indigestão, que é ser poeta rasco,
De poucas dezenas e um pouco
Menos que papel higiénico cagado,

Pra usar na sanita dos Homens,
Mesmo desses soldados rasos, rudes
E parvos, como o crude de casco,
Que impermeabiliza navios de chumbo,

De cor de mastros tricolores de guerras
Perdidas,às vezes pergunto a mim,
Que é feito dos lugares maravilhosos,
Que havia no mundo e eu no fundo

Deles, fazendo parte de mim esse
Mundo de verde azul e alaranjado,
Que é feito do fundo da garrafa,
Donde via o paraíso como astrónomo

Da alquimia, da natural alquimia,
Minha mesa com flores e frutos,
Meu Deus que é feito disso tudo,
Responde, se és mudo, porque me deste

Penas e não me fizeste mudo, cego
E carrego de carroça burro, burro besta,
O tal sem lugar vago no paraíso
Dos humanos, nem na gruta do menino,

Às vezes mesmo a mim pergunto,
A razão dum carro de bois qualquer valer,
Mais que um tratado sobre perucas,
Ou verrugas de pensadores, feias

Disformes ou de diarreicos escritores,
Psicóticos como eu, os louros...


Jorge Santos (01/2015)
http://namastibetpoems.blogspot.com

tradutor

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