As manhãs de manhas.
Do torso e de meu poleiro sou manhoso e
de nuvens me escondo,sou traiçoeiro,
infame até ao peitilho,
nem de conto sou,(valho quanto valho)
e do velho herege e falcoeiro nem vê-lo,
invejo ninfas e vejo pombos sou d'tombos
mas inspiram-me e pronto,todas e todos
mesmo os mortos,
no inferno deste tempo longo
vejo um braseiro plano piano
e o travesseiro bolero bolano
não tem de pranto igual
por ond'ando vulgo eu e dano
e dano o mote suevo e forte
em noite mundana de faena
minha pena rasgada de meu flanco
na carreira curta e em de fim-de-ano ,
a minha'avena
é ser termo ,fiquei aí sem poema
e se m'apagarem a vela
e se m'desenterram em noite inverna
de lua-cheia.
nas vastas terras de rua
em que declaro ser musas todas ,todas
as que minh'alma crua persegue
sendo tuas são todas todas minhas musas
sendo tantas são poucas sempre ,
são minhas manas,minhas manhas
e sendo tuas são belas ,(elas ,as blusas)
porque sao ventos sao tempestades
as cavalgadas por onde me insurjo e fujo
do meu ego se me persistem e perseguem nos trotes
seja em brisa ou cavalos de vento
ou voos de aves rasantes
mas é alma minha sempre e não a vendo
nem que me paguem nem que o garrote m'esmague
o farol o saleiro e os dedos por inteiro.
Jorge Santos
O que sei não sou
Sei-o- nem como nem sei-
Do ser que sou e prevejo
D’um vulgo e curto bocejo
No ser fiel de mim mesmo
Não no eu e que escrevo
Se de meu não suporto
Certo enigma do desejo
Tanto e tanto do que sei,
Sonha com o pior vento,
E causa de tudo q’temo,
Ser narrado, a propósito,
Do’eu ter fome no infinito,
Seja vencedor, ou vencido
Nos planos da derrota.
Tanto e tanto do que sei,
Foi ser, do medo, carcereiro,
Quando m’sonhei infanto,
Encarnando o ponto q’traço,
Mas, sendo curto, o braço,
E o seixo, pesado, nã’não sei
Se vida, é ilusão ou, se sonhei
Eu, mais uma vez, acordado.
Jorge Santos
Me & Sophy
Nunca os deuses capazes de os viver
Néctar Sabido, de soro e luar sorvidos,
Julgamos saber amar, depois, em rubor,
Crescemos, em escritos, a escritor
E banidos dos jardins dos Bacos.
Mas em secretos tomos eles vêem,
O céu da luz ,morrer em seus braços,
Apagarem-se ,vícios in descritos,
Originais ,como só eles bem o sabem
Nas Boreais auroras , eles tomam
Os mantos de Deuses e fantasmas,
Banham-se nos corredores Olimpos,
Felizes , no só serem , e apenas humanos.
Jorge Santos
O Homem destituído
Prevendo a Destruição dos Templos,
O Homem acordou, d’espada e teso,
Foi nesse exíguo ensejo que, o Senhor,
Carregado no semblante e no olhar,
Se acometeu no enfarpado d’humano.
E era vê-lo, criança, titubeando no Aral Mar,
tribos Desmontando, curvando muralhas
D’Israel e taças de graal d’últimas jantas.
Rembrandt d’mil e tal Magdalenas,
Despertou sorrisos no Seu caminhar,
Aos tropeções tropeçou confusões,
Cruzados d’San Terra, negados, sufocados,
Buscou no corpo d’amante o Seu desatino.
Mas a ânsia do despertar começou a palpitar
Apeteceu-lhe mergulhar no crucifixo,
Sem parar, deixando transbordar tudo,
O que queria proferir, viu-o , acordado.
Mas o Homem, acocorado, teve medo
Do que viu, teve pavor de se perder. E nesse sangrento rumor intestino E úlceras apostolas, Julgou-se d’Israel.
O poeta transgride na fábula c’os verbos
Mas é mais d’ele o Cristo da verdade
Navega na crista, na Santidade prevista
Defraudado até no sentir, na palavra “solitude”
E navega no sonho de “d’avenir” e no medo de naufragar.
Mas, rosto de centos é este ser poeta,
Nos todos Pessoas que somos
O fingimento, por medo D’Ele , não envolve,
Quem sente, num repente ,dissolve a vontade
De experimentar , de frente o prazer,
Assim nEle s'envolva o sonho.
O poeta é aquele ser que só
Não sabe que real é comer
De Mecenas , vísceras e as mãos
E guardar d’ultimo fôlego a causa,
·Sentir, o praxis clandestino d’outros,
Roubados ao malho d’adros e igrejas.
Distraidamente avanço d’entre
Os poços de palavras,
E caio no meio de mudos
Chamamentos, levanto o copo
E corro de testemunhos
Para dentro de mim,
Bem lá para o fundo da memória
Sem Índico, nem mendigo, ou nada.
Totalmente cru, sou velho e fluí do cárcere,
Sou singular, inglório, inconstante,
Sou generalista desta casta
De assumidos que, na busca,
Ouviu da sereia meus cantares.
Seu’speranto ,de esperar
Pelos beirais amargos alardes,
Queiras ou não, aludes
Em um lagar ou monumento,
E ninguém me cale no falar.
Ainda que aqui d’esta Gaya ,
Acresça poeira e pregue na boca,
Se ela no poeta reconhecer guarida e for
Buscando poisos, desatentos e falas
Em casas de qualquer Thora.
Vai a poesia d’ampulheta,
Aliviando a dor d’ ancorado
Melhor seria d’olho tapado
O penhor teria a boca calada.
Adoro imaginar que sinto
Ou apenas d’onde vem
Para que possa encontrá-la
Naquela rua que não mereço
Por onde me oculto nas palavras
Nem a casa enxergo
Nem afirmo se lá morei
Contudo foi lá que começou...
A essência do Homem destituído.
Joel Matos
expiração
Inspiração
Tenho s’critos nas paredes,
Inúmeros versos, não meus,
Nem m’importo dos dramas,
Serem pequenos, nem as lendas,
Serem d’outros, em mentiras
Obscenas e promessas tidas.
Nã’m’importo, s’o poema
For’o meu, só o direi, apenas
Se for plagio, mudo de tema
E s’esganar, d’agoiros teimo
E istmos, às avessas controversos
Feitos de nadas e vulgos.
Se persigo, no estalar dos dedos,
As siglas, que me revelam,
Lisas, lisas como penedos,
Não de segredos m’impregnam
E coabito nos regos d’ouvidos,
No fisgo, no nó da garganta.
Se mudo de opinião, no despojo
M’amocho sem tesão e coaxo e finjo,
Como rã no pântano debaixo do junco
E no fosso malcheiroso, nas brumas
On’dantes jazia discreto e branco
E vinha de lá na luz q’aspiro.
Jorge Santos
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