O mar que não tem a Lua,
É real não tanto quant'eu,
Nela me vejo, aquando prenhe
Ou Luar-meio e aí perco a dimensão
Do real da Lua, que praias
Nem tem, nem areal serei eu,
Sou alguém que se esconde nela,
A pluma e o medo do lado-escuro,
Que presumo teve algum
Cosmonauta num fato preso,
Tanto me pesa ser súbdito,
De um Mundo em que "à vista",
Nada tem que se diga ser meu,
Ou só minha, quanto a maré
Da Lua é, em toda a volta eu e
Só eu, um Mar sem Lua é breu,
O mar que não tem a lua,
É porto-seguro pra nau d'fumo
Em que viajo sem nau, nem partida
Do areal onde fundeei meu reino-em-
-Meia-Lua, defunto me acho, seu
Lugar comum, bora iníquo,
Líquida a Lua, que mar não tem,
Julgo eu temer a conclusão "de-fundo"
-O Mar não ter Lua, a Lua não ter mar,
O luar ser só meu ...
Jorge Santos 12/2018
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