(Não hei, porque não tento)

 




(Não hei, porque não tento)

Coragem,

Não te-hei, porque não te tento,
E eu tenho do que não há, tendo
Não me-hei, porque não entendo
A mim mesmo, embora eu tente

Ter tanto mais do que não tenho,
De entendimento, ou de humano
O receio pelo que nem tento criar
Novo, invulgar, arrojado-corajoso,

Não me-hei porque não me tento
Ou não tenho voracidade, talento
Habilidade, equilíbrio de acrobata
Circense, “lata” vulgar pr’afirmar

Que possuo um pouco por’engano,
Temendo jamais ter valor qualquer
Coisa d’que penso escrevo a índigo
(Não sei, porque nem pouco tento)

Daqui prá frente não falarei d’mim
Mas d’outros, dos bravos da força
“bravo” dos quais eu sou desertor,
Embora não m’considere covarde

Fraco, ou gordo frouxo, que acuse
De crueldade as dores de ouvido,
Ou o ruído do público que pateia,
Finalmente da plateia ao 3º balcão,

Confundem porventura abdicação,
Com falta d’argumento, manifesto
De pura ficção e o actor complexo,
Versus alucinação, lucidez integral

Mas desconecta, descrentes são em
Maior número, não sei porque tento
Trocar o tom na escrita pela dúvida
Indiscutível e essa sim, só minha

Valente e meia, a mística dos deuses
É dita e escrita a forte, encardida
E em índigo, imunda, indigna e feia …
(Não a hei porque não a tento)

Jorge Santos (Novembro 2022)

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Incêndio é uma palavra galga

 




Incêndio é uma palavra gasta

Mas que permanece, pelo que
Devemos limitar as horas da cólera
Ao fora delas, como coisas graves
Que se rejeitam, a respeito

De labaredas, estas não me
Dizem nada, crepitam apenas,
Os outros sentidos, tão carnais
Quanto basta no que me toca,
Incêndio uma palavra banal, falsa

Quando morta de grandeza
E de facto palha, faísca acesa
Incenso, papel jornal centelha,
Nada me dizem apenas indicam
Estados de alma, movimentam

Os lábios, “um-tudo-nada” chamado
Desassossego, Inquietação detrás
Prá frente, enredo ficção em negro,
Incêndio é uma palavra, basta descer
Os olhos pra ignorar da narrativa

A linhagem que simula e a facilidade
Do fogo na origem do mundo, eu me
Expresso pela vista, nunca pelas
Paixões que me dão vida, assim como
O fogo eterno é solene, permanece

Como que passando por mim mil
Vezes sem que me cure do prazer
Que é estar vivo, talvez a última
Versão seja essa, dar a outros ilusão
De ter na alma verdes labaredas

E no coração os mortais desejos
De quem dorme quieto, assim como
Uma vela acesa ou o silêncio branco,
Incerto e sem os galgos argumentos
Possuídos por todos e tantos outros

Cegos…


Jorge Santos (Janeiro 2022)

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“Mea Culpa”

 




É possível ler na paisagem urbana

Aquilo que é difícil, impossível ver
No meu rosto, o esgar sem esforço
Que nem todos entendem, provo a

Loucura a trepar por igrejas frias, nuas
Pra ver o tísico universo, paciente
Responder a um cego mudo brando,
Eu sou o resultado de algo que nego,

Consequente à minha própria
Inconsequência mecânica,
Por conseguinte exponho na pele
E exponencio na consciência sobretudo

O privilégio régio, magnânimo
Como se fosse vício, delinquência
Galga, quiçá consciente a noção do crime
De pungente mea-culpa,

O aborto métrico, sintético,
O desacato mental genérico,
O pensar mais baixo, mais rude, mais duro,
Resinoso, oscilante e menos pragmático,

Eu sou o mau exemplo, o mau futuro
De tudo aquilo que julgam acerca,
A insanidade mental perfeita,
Com mais defeitos que qualidades,

O pé de atleta, o carbúnculo, o seboso,
O obstetra cego, o nado morto, o gordo,
O gago, enfim o geneticamente cru e cruel,
O amargo na boca, o rabo torto da porca …

Jorge Santos (06/2022)


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Meu mar eu sou

 



Teu mar eu sou, igual a ti

Jogo em bruto parábolas dentro, no fundo
Dou ao mar a dor a meias, sou/nasci
Da solidão q’vem em rocha e cisão

Dentro dele, no cais das
Redes de há-de-mar-sem-rumo
De-haver mar, vou ou fujo sério
Se mar cão houver, não vou.

Sou quem de mar sujo
Se veste, cego eu jogo e afundo
Palavras nele, o voo
Me devolve ao mar, fuga

Ou paixão ou só mar, em volta
Mar sou, blindado peixe morto
Do mais profundo e negro/gordo
Que ianque vão/ingrato, porco

E desse outro modo que não eu,
Eu meu mar sou e a falta
Me sabe a sal a meu o mundo,
Mal é ter gaivotas algas pretas, gosto

Na língua de orar, ciumenta a
Areia quando me peso de ideias cheio
Do que do mar é mar caiado
E meu, me falta murar o que penso

A mar e em volta e eu cayac, infame a
Perca de mar lavado, impresso
Meu berço a sal embalado … exilado
Embala-o as ondas vagas largas,

Meu medo a ser lavado em falso,
Hoje amanhã cedo, trovão galgo
Quando do mar, grego o fogo,
O cenário da guerra, óleo sujo e a terra,

Vermelho azul “inhaque”, cimento
Ou o branco escorço da proa
Lança, “bivoac” ou chapéu canário
De palha aceso e eu ingrato, inchado

Descanso no mar que aqueceu, acendeu
Inflamado o mar Egeu, amargo de
Cianeto, castrado o Santo, o Sapo
E os Infantes prisioneiros das balsas

Dos servis, jangadas de Pedra e ossos…


Jorge Santos (Março 2022)

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Nada, fora o novo ...







Nada, fora o novo,
Sempre o mesmo,
Digo de mim pra
Mim, sem sentido.

Não é tragédia,
É a vida em que
Sentado vivo, quotidiana,
À nona dimensão

Dum outro, tendo
A consciência como
Escarro curvo, apenas crosta do
Que se sente, do que se crê

Que se vê, se conhece, se viu
Como crivo obstruído
De um lado apenas,
Presente amargo,

Simbolismo decadente,
Continuar o que não
Tem efeito nem sentido,
Pelo menos pra multidão

De vida suposta, suposta
A minha que imita sons
Incoerentes, mais prático
Seria ouvir que reconhecer

Útil o piano da boca,
O equívoco pouco casto,
Poluído, em que me equivoquei,
Sem tacto no queixo, presa fácil,

Mal definido nato em novelo de rato,
A única verdade minha é aquela
Que admito espessa por esparsa
Que a alusão me seja, aja solta

Ou presa …




Jorge Santos (Março 2022)




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E eu deixei meus olhos




E eu deixei meus olhos
Sobre a mesa, que são
Doze, a contar do centro
Os meus dedos que dizem,

Quem sou não, pauso
A minh’alma na pele
E admito ter deixado
De morar em mim

E morro no que deixei
Por entre os dedos
Ou seja um amor inteiro
Por habitar, suponho

No centro que a mesa
Tem, um céu doce…
Doze olhos meus
Que deixei no campo,

No entanto a contar
Me perco e na pele
Dos seios teus serei
Boca, Onde deixei

Meus olhos não ando
Nem mando este
Coração lá passar, passeando
O que sinto

Por uma outra,
Uma-outra-mesa…
Preciso separar dos meus,
Pois olhos são estados,

Dois p’las minhas contas,
E eu a olhar procurando
Explicar o que vejo a quem
Quer quer seja

Mais olhos que boca ou tenha
Sentimentos vulgares,
De farsa ou
Habilidade de acrobata,

Cor de rocha, rosto meu …




Jorge Santos (Fevereiro 2022)




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Tudo em mim,

 




Tudo em mim, é lento e tardio

Por isso é bom que façamos
O que há a fazer,
E Já …

Alio ao gentil e brando,
Meio metro de força bruta,
Louca, que duvido tenha dentro,
(Por Ieramá)

De verdade nem um metro
Sinto, aí entro eu, no meio tempo,
Em hora de mola e ponta,
Muito mais em frente,

Junto os cotovelos em forma de aríete,
Brado e avanço de rojo
Para o oponente com parte touro,
Quanto serpente,

Mais perigosa a calmaria,
Que a afronta, Deus vive
E é imundo, eu parto quebrando
Quem se atravessa,

Que venha o bando,
A remessa de sabujos,
E o nojo que faz parte da orgia
De fazer parte,

Da infâmia, da calúnia,
Do engaço,
Sendo Deus virgem,
Não é deste mundo,

O arcanjo pra mim é o muro
E o silêncio me ensurdece,
Lamento muito, lamento
Muito, lamento muito …




Jorge Santos (Fevereiro 2022)




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Sou tudo quanto dou e devo …

 



Sou tudo quanto dou e devo

Sei d’tudo quanto dou e devo,
Sou o que entrego tudo dum todo,
Ainda que não seja a verdade,
Essa é entre mim e esse outro,

Que bora seja ele, nem tud’o
Que digo é propriamente seu
Ou sequer meu, esse outro que sou
Sendo gora ele, a esse devo a edição

De mim mesmo, disparatada
Absurda que duvido alguém
Possa descrever d’outra
Forma sentindo igual modo,

Alternando o contrário com
O oposto, vazio com cheio, velho
Com novo, passado com futuros, vários
Súbitos e não calculados são

Apenas e só os outros, não
Aquilo que sou eu, único e eu só
Que me reconheço como sendo
O outro a quem dev’o mundo

E outros muitos, insólitos num
Dos lados, no outro a mesma
Pegada minha, nem verdadeira
Nem falsa ou variada, ausente

Entre outros que me estranham
Quanto eu me estranho a mim,
Esse mesmo, aquele que esconde
E mostra nada menos que coisa

Alguma nova, ousada, amêndoa
Amarga, aragem que vai e vem,
Eu sou aquele que não está lá, nem
Enquanto o outro, atento vinha, vai-

-Vem …




Joel Matos ( 17 Dezembro 2021)




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Não me substituam a realidade




Não me substituam na realidade
A ideia de verdade por base nula,
Jamais abdicarei de ser eu próprio,
Nunca me vergarei ao opróbrio, ao jugo,

Nem ao blindado de guerra, ao genocida.
Todas as minhas causas são justas e vivas,
Consciência não é uma circunferência,
Mais profunda é minha casta, meu mérito

E não a desonra, sigo linhas puras,
Não substituam realidade por outra,
Por outra coisa obscura preta, negra
Sem decote, como se fosse arte crua,

Carne viva é o meu mote e dura
Minha sentença, a morte é regalia
Que dou aos vis, aos insignificantes
E aos fracos, aos tímidos, a timidez

Me irrita até fazer dor nos punhos,
Quebro qualquer muro, parto até
Uma faca que me vire o gume,
Se vir alguém humilhar um outro,

Não me troquem a verdade, estou
Farto de hipocrisia fútil de “gang” e do
“Agir” pra dentro” como quem esboça
Um aceno, um gesto, minha glote

E traqueia são um exército, uma fauna,
Minha fala não mais será humana,
Não faço uso de anéis de damas,
Sim de espadas e catanas nuas, centenas

Puras e escuras, duras aljavas
Otomanas …



Jorge Santos (17 Dezembro 2021)



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Cada um de todos nós é todo'mundo,


.







Cada um de todos nós é todo'mundo,
Arcaicos costumes me preenchem, cultos
D'outros nomes, em todos nós ocultamos Ex-
Votos quotidianos de quem agora me não sei ser,

Nem todos ou cada um e um só outro,
Cada no mundo sou só eu, inédito y
Grego, incubado Inacabado de alma,
Falso devoto de mim próprio, permanente-

-Mente descalço, infecundo, feito mudo face ao
Que me falta, não me termino, me completo
Nos outros, os outros não me prolongam
Por fim, lastimo não ser eu todo o mundo,

Se todo mundo meu me ignora ou não ser
No fundo eu quem desconhece ser outros
Nesses outros modos, estados d'alma duros,
Quem me dera não ser eu apenas, um só

Eu, todo eu e em tudo e em mais ninguém
Nesta terra pouco larga, redonda achatada
E defunta, morta para não dizer ferida de morte,
Rachada a chamas, sem sorte a chamada veio

Do bailéu e eu preso no veio da poita funda,
Fundido em cobre, quem nasce em signo
D’ pobre jamais se aceita nobre, caduco
-Pleonasmo da má sorte, assim como

Cada um ser um mundo e não aquilo
Que se espera do tamanho com que
Cada qual faz e conta, a noção de pouco
Ser menor que nada, ou que outros.



















Jorge Santos (11 Dezembro 2021)
















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Sou minha própria imagem,






Sou minha própria imagem,
Continuo sendo um outro …











Sou a própria passagem do metro,
O mestre do desapreço, a estação final
É o que escrevo, de mim pra mim,
De modo a parecer louco, sendo-o

Não me limito, nivelo-me pelos outros,
Mesmo os mais baixos, matreiros, ocos
Manhosos e velhacos são os mais sãos,
Eu sou a minha própria passagem, o local

Do metro, o desmérito, a paragem do desprazer,
O despudor com que observo a gare,
O Oriente, o cais da "não pertença",
O Oligarca dos feios, o ruim o torpe,

Desonra é o meu nome do meio,
Feito minha, à própria imagem, personifico
Um cego no que creio, e receio ser,
Ouço-me e uso falando, a língua deles,

Apenas às vezes, sem sossego cont'o tempo,
As estações de metro, os rostos leais desses
Com que me cruzo, o mérito próximo,
A longa linhagem dos uniformes longos,

Os Deuses do absoluto são brandos,
Brancos quanto a cal das paredes,
Nas estações do metro, no subúrbio
Suburbano, que há muitos, tenho ideia

O que eu penso não é um rio qualquer
Que se atravesse a nado ou que os homens
Possam usar para pousar os olhos, lavá-los,
Eu uso das fontes vivas, o que aconteceu,

Acontece nos nós dos dedos, que vão desaguar
Nem eu sei aonde ou quando, dos atritos
Nas pedras, dos redemoinhos, dos socalcos
Nas águas, da turbulência dos ribeiros,

Nos cascalhos do caudal é que me prendo,
I'preso eu me penso não um rio, um mar
Imenso, desses onde se pode embarcar
Pra outro universo vivo, esse onde anoiteci

Eu precoce, inúmeros apeadeiros e o metro 
Prolongando-se no meu subconsciente
Deslocando-se ao ritmo das coisas tais
As que o são não tão reais, aparenta ser

Doutrem a viagem dentro de mim próprio,
Conquanto sou a própria imagem,
Continuo sendo um outro, mais leve
Que eu mesmo, esse outro.




Jorge Santos (24 Fevereiro 2021)



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Sem nada …

 

The void in painting art




Sem nada …

O amor não tem campainha
Quando passa, é um comboio
Sem maquinista nem freio,
Despedaça-nos, destroça-nos,

Ferra-nos a meio sem avisar,
É fatal o golpe e profundo,
Mais terrível que da morte
A dor, não é religião nem

Crença, contraditório à sorte
Amar é o ter, como companhia
Da orelha esquerda a cara
Do meio, metade olhando-se

Metade se consente, a minha face
Girando sobre ela própria,
Estender um braço, ligar-me
Aos gestos d’ontem (o soar da sineta)

Atirar o tédio pra debaixo
Da mesa, dar duas palmadas
Na vida, sentir prazer íntimo
Ao ouvir disparates e a ironia

Que é ter fome, estando farto,
Ter entusiasmo desmedido,
Tendo de facto emoção por
Companhia e uma campainha

No ouvido, um comboio no
Coração, a esperança na parte
Do rosto que era só minha,
Sol posto solidão a meias,

A sineta da estação, o comboio
A dar a partida, não sei se uma,
Duas vezes ou os dois de abalada,
Um de cada vez, s/companhia,

Sem nada …



Jorge Santos (24 Fevereiro 2021)



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Humano-descendentes

 




Humano-descendentes

São concomitantes as falhas na luz nos espíritos de cada um de nós com a falta de almas evidentes e com luz que não seja intermitente, existências exógenas, sem progresso nem aprendizagem neste vago universo, tão em voga, tão falado como tema contemporâneo, o baldio rasteiro transforma-se em ambiente pantanoso e pouco sadio, pouco culto e é onde infelizmente se instalam nas lixeiras sujas as porcas seitas, deslavosas e pavorosas imundices que se propagam e propagueiam, pavoneiam com as mais rafeiras, reles intenções, se extinguem as luzes da ribalta e invertem cultas leis, cânones sagrados “per saecula saeculorum”, por tempos infindáveis, fez-se “tabula” rasa de princípios profundos, endógenos, seculares e saudáveis de coeva convivência com o nosso edificado condómino, o planeta, o sistema astral, a mãe Terra. Os fins julgados convenientes são o abastecimento de riqueza infinita a alguns em prejuízo das colossais maiorias que nem o sustento mínimo conseguem alcançar, mante-los exclusivamente focados na mera manutenção da continuidade, na fraqueza dita evangélica, seja talvez e é porventura um propósito objetivo maior e não mera casualidade ou apenas ganancia simples pelo poder, mas o perpetuamento da sujeição, da obediência cega de muitos no interesse dos muito poucos, de alguns seres “in substantivos”, nada obstante agregarem miséria e morte, ingratas ao toque mas que se palpam constantemente, consistentes se cheiram nos umbrais nauseabundos das mansões e nos portões das residências de luxo de cardeais e bispos mal ordenados, apinhados de defuntos mortos e moribundos não apenas de consciência, total é o genocídio, bárbaro, desumana perpetuação do poder maligno, perverso de algumas minoritárias e suínas seitas sobre todos nós, descrentes, pouco sólidos em nós mesmos, culpados humano-descendentes.

Jorge Santos (23 Fevereiro 2021)

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A desconstrução

 



A desconstrução



Deitemos por terra
O que nos fere, a mão
E o que nos ferra nos pulsos
E derrota, a miséria devota,

O singelo e o ignoto,
O endémico desalento,
O tempo é uma goiva, tábua rasa,
Desbasta e cinzela,

A Ingratidão alimenta
Esta sensibilidade hemorrágica, fera
E insana, assim a embriaguez
A insincera fama

É uma fábula e uma redoma
Em vidro, a savana
Do tigre, o perigo do ter e haver
Perdido o horizonte, fauna

O que persigo, me persegue sem eu ver
No mato e “o por matar”,
O predador e a presa,
A respeito da vitória,

Prefiro a derrota, tem mais beleza
Assim como no outono, as flores
Segundo os loucos, não me faz horror
A viúva realidade, suprema

A avidez extrema, a honra
Da arena e o ardor do sacrifício,
A dor, o crucifixo
Inútil, o cinismo cinzento

Da corda, a trama da veste,
O ardor do momento, o suicídio
Da borboleta-monarca no inverno
Quando chove, forte e sério, feio

O arrabalde, mordaz misticismo,
Nos sonhos dos outros,
Abstémios, paranoicos,
Secundários actores,

Partilhando impressões idênticas entre eles,
Tal e qual no parto, a ausência da dor,
Eu sou a frente de combate,
Do tombadilho do contramestre-

-À proa, o guerreiro da antiga Goa,
A má-fama, o infortúnio do escravo,
A essência vassala da Sulamita do Rei Zenão,
O Vândalo das opiniões,

O cego de Bratislava,
Antuérpia e a desconstrução,
O deitar por terra, a existência eterna,
o vogal e vulgar não…




Jorge Santos (04 Fevereiro 2021)

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Deixemos descer à vala, o corpo que em vão nos deram






Deixemos descer à vala,
O corpo que nos deram,
Deixai-o ir, com as coisas
Que se quebram, reles, usuais

E os argumentos enterram-se,
Deixai-me sombrio, morrer na terra,
Como é natural, numa concha
Onde a areia se infiltra, na campa

Se entranha, velada estranha,
Igual toda a espécie humana,
Deixem-me descer comum à vala,
Ridículo, mesquinho, profano,

Infra-humano sem futuro,
Falso Profeta, obscuro e cigano
Réu d’minha própria fama,
Como manda a lei e a norma

Nada é nosso, nem o corpo,
Mas tem de haver alma,
O corpo é uma montra,
Fixo-me a ver se o vejo,

Fico-me por tudo isso, cinza
O que não tenho, o que era físico
Grotesco mundano, insignificante
Cor de sangue, excepto

O que não nos deram,
Me revela um absurdo que não sei explicar,
E uma maneira especial, invertida de
Mágoa, mudas criaturas me velam,

Ilógicas janelas estendem-se em silêncio
Sobre campos, enterrados
Órgãos humanos, fálicos olhos, órfãos
De mãe e pai, naturais os sonhos,

A razão e o conhecimento, o instinto
Não morrem, de modo algum se enterram,
Deixem meu corpo descer à vala, comum
Como os simples, donde jamais me erguerei

Em vão, de novo …



Jorge Santos (03 Fevereiro 2021)

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