Obrigado e Adeus ...







Querido amigo, acresce por milhão e meio
O singular abraço que o humano
Tem de alguém por igual e ele,
Quando nos miramos ao espelho
E vemos Deus saindo do ouvido
Esquerdo zunindo singulares sons,
Sou eu e tu unidos no significado
Que o humano souber ter das palavras
Amizade, obrigado e adeus ...





Jorge santos (01/2017)

Enfim livre...




Apetece ser livre e natural
O instinto não quer prisão,
Assim como uma criança,
Quando olha pela primeira

Vez o céu, larga a mão da
Mãe e ganha a noção de si,
Apetece ser homónimo da
Paisagem e do pertencer ao

Solo que me viu nascer, ao
Enigma que é ter vida, lugar
No movimento dos astros,
Apesar de não os vermos,

Acontece olhar o céu parado
Em mim e sobre, ao lado,
Consciente do meu fim,
Começo por isso a existir

Livre,natural espontâneo
Espantado e criança,livre enfim...




Jorge Santos (01/2017)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Redentor Rei-Cristo ...






Será Jesus Rei-Cristo,
Quanto mais vivo,
Mais singular sinto
Minha alma desigual,
Semelhante ao Cristo
Rei do Pão-de-Açúcar
Espantando turistas tolos,
E passarinhos pombos,
Quando comem alpista,
Das mãos e bochechas,
De Jesus Cristo-Rei,
Do alto do Açúcar-Pão,
E um povo sem ter,
Ao vivo quanto muito
Igual a uma migalha
Na palma da mão ou o rosa sal, 
Dos donos destas Nações
De mansos tal esta
Alma Lusitana, singular
Igual na mansidão e uso
Eu digo não ,eu digo não
Eu digo um não profundo
E a isto…
– Será Cristo-Rei Jesus da dor,
Quanto mais vivo,
Mais singular sinto,
Minha alma “inigual”,
Semelhante ao Cristo,
Rei do Pão-de-Açúcar,
Espantando turistas 
E passarinhos pombos,
Quando comem alpista,
Das mãos e bochechas,,
Pouquíssima gente
Sabe disto …
Será Jesus Rei-Cristo

Palavras nuas





Há palavras que são nuas como ferimento
Em carne viva, irreconciliáveis com o ar frio,
Como a ciência e a alquimia, lido com todas
Em determinados períodos da vida, 

As significâncias são as que emprego,
E não aquela que vem nelas expresso
Por defeito e o que for preciso nem digo,
Toco no cabelo, esboço um sorriso 

E sigo ...


Jorge Santos (01/2017)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Fácil é sonhar, repetindo ...






Fácil de sonhar,
De gostar fácil,
Difícil encontrar
Na lua o curvo

Da terra azul e frágil,
Fácil é de gostar
Difícil é redesenhar
O sol na terra, ao cubo,

Táctil o mundo,
Mas não tudo
O resto, o mistério
Do pensar ser eterno,

Fácil o sonhar,
Dizer é vago, falácia
E o pensar é nada,
O difícil é despertar

Dum sonho repetido...



Jorge Santos (01/2017)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Dá inveja, a gaivota a gritar.





Dá inveja, a gaivota a gritar
A inércia e o voo, grita no meu corpo
A consciência do que sinto deter-me,
O ar, acaso sonhasse ser outro

E fazer deste corpo parte, o voar 
Qu'inda não é tarde pro voo suave
Ter lugar neste peito publico
De feijão-frade, verde-frio e vácuo, 

Que seja ele bíblico ou não, sossego
E prossigo, persigo a inércia do voo
Quero-o comigo e melhor que o sonho
É o sonhar do ir e vir do vento.

Dá inveja, a gaivota a gritar
Fio de prumo sobre-o-mar, o cais,
A tempestade e a bonança, 
Ousarei eu voar até onde ind'há 

Esperança e ar se'inda não é tarde,
Suave o corpo d'ave espírito da voz,
Inércia do voo, sofro da condição
Que sirvo, servo de um chão duro,

Não me alivia, oprime saber e vida voa
Independente de obra minha,
Palavras são vento em cabelo.
Consciência o que sinto, persigo-me dentro ...









Jorge santos (01/2017)







Monção




Não digas coisa alguma, 
Apenas que é tarde, o resto
Só metade é dizer, a outra
(Os meus sentidos poucos)
È falso e o falar está gasto
Ou é coisa nenhuma,

Não digas apenas alguma 
Coisa, a vida é chuva e o vento
Corre corre sem alcançar coisa
Alguma, sem alguém que
O siga pra onde se diz q'vai
E não volta,

Apenas é tarde pra quem 
Diz que saudade é ficar,
Supõe que o dia é sonho fixo
E a forma de acordar é sonhar
De novo como se não passasse
Dum pequeno sonho 

O nosso dum outro em uso,
Não digas coisa alguma, 
Apenas é tarde e dorme dentro
A parte de mim que é nada,
Nem a outra é toda desta Terra
Amarga,

Mas lá cima atada, toda chuva,
Alma é vento seco e monção
O oficio que tem esta é o inútil e o vazio,
A que outros têm é tudo
Quanto eu desejo ou quisera ser,
Sonhar é o engano, o logro e o nada ...







Jorge santos (01/2017)




"Deo-ignoto", Ateu




“Deo-ignoto”
Sendo dos que na força de irem tudo põem, 
Não inspiro nem acho o sítio onde ir e estar,
Sala ou quarto de Lua ou penhasco, tudo é
Falso, andaime ou lusco-fusco o que me fiz
Ser, quanto ao sítio, figuro que não existe
Nem desejo há, de tê-lo ante mim tendo-o
Onde não chegarei mais. nem estes covardes 
E estéreis cotovelos, castrado eunuco sou
Eu, sopé do mundo, rude-hebreu, “Deo-ignoto”
Ateu, consola-me conviver com a chuva-triste
E a sombra do que não existe mas se admite
Como sendo silêncio físico, crepúsculo e magia,
Sendo dos que na força de irem tudo põem,
Comporto-me segundo a intuição e não a ciência
Como instituição palpável probatório fixa
E o ir faz parte da descontaminação e da educação
Do fugir ao vulgar e à vulgaridade do sítio a fingir,
A fuga cria a diferença entre o criador e o incriado,
Invisíveis mas pares na arquitectura íntima
De todos os sonhos que tenho na beira do mundo.


Jorge Santos (01/2017)


tradutor

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