Eu sou o oposto,





Eu sou o oposto de tudo que é nítido, sonho déjà-vu,
Que não procura factos verídicos no seu conteúdo,
Desejo e Sonho a sequela do sonho que detesto,
Sou aquele que procura semear em terra alheia
A discórdia por deuses que não tiveram seguidores,
Sou o engaço de mim mesmo, margem de rio-
-Meio. Sinto-me um contabilista ilógico
E contar ouro, não sendo importante,
A bem da verdade não conto, faltam-me números, 
E os axiomas que afirmo, meus não são
Mas d’outros, assim como a opinião, pouca
Tenho, creio no que conheço por simpatia,
Mas principalmente se tiver “patine” preta, 
E um pouco mais que eu, em altura ao peito,
Flutuo sobre cidades e serras ao jeito de um mago. 
Acima delas me inspiro ainda que poucos percebam
O sentido que é imperceptível a olho nu, o buraco
Da agulha e o palheiro, não existiriam fábulas
Sem mim, nem lugar pra Aleister Crowley no cais
Dos Infernos. O paradoxo é um sufismo com 4 vias,
Todas elas escolhas adequadas, explicam a criação
Do bem e do mal, do real e do sonhado, do mistério
Ancestral dos anjos terem asas nas costas e voarem
E os homens pés, meias e botas que prendem ao chão,
Cientes das estrelas s’acharem supostamente fora
D’alcance …

Escolho fugir de mim,


Escolho fugir de mim,

Escolho fugir de mim,
Mas se fugir não terei pra onde ir,
Meu destino é solidão,
Escapar é outra coisa,
É o instante e só a sombra bate em retirada,
Quando nos vamos
E abandonamos nós mesmos.
Escolho fugir “na mesma”
E assim só a sombra é que segue viagem
Não a meu lado mas ficando parada
Ficar é ir, ir é ficar, fugir é desertar,
Escolho fugir a amar…
Pra não deixar saudade,
Nem nada de sobra pra que me chorem,
Como fosse doença,
Escolher é também caminho,
Destinos remotos, sem remorsos,
O que efectivamente faço é respirar fundo,
É suspeitar de tudo que da sombra vem,
Respira ao meu ouvido,
Sorrindo quando eu sorrio, por isso fujo,
Escolho outro caminho, é certo…

Colossal o Oceano,




De colossal o oceano,
Imortal o sono,
Os sentidos belos
E a magia de todos que me inspiram; inspiraram-me
Inclusive os ventos, as tempestades, as ondas e o iodo,
De verdade minha ânsia é de naufragar no azul do mar,
Colossal o oceano, profundo.
Serei eu o lastro fundido mais fundo deposto
Quando da criação dos inquietos 
Mares deste e doutros mundos,
Imortal o sono nos rostos, profano o Mar-Morto.

No bater de duas asas​ ...




No bater de duas asas
Solto, meu coração não bate certo,
Céleres, soltas as borboletas que haviam nele
Pararam de bater asas duras
Ou sou eu que não as ouço,
Ando distraído,
Anda distante minha audição,
Sussurras e não entendo,
Nómada ando eu, meu ouvido
Deserto, lamento não ouvir,
Preciso de ser arranjado
Mais lamento não ver nem falar tampouco,
Sonho é um canteiro que separa
Do mundo imaginário o real que é agora
E o estar longe não é cenário
Que se enrola e desdobra ao contrário,
Tal é a minha facilidade de sentir outro lado
No lado de cá onde meu coração não está,
O celeiro das borboletas sem asas,
Celebro a facilidade de sentir o absoluto,
O armistício sem a salva de balas,
No bater de duas asas o voo
E o azul não é cor nem é dor, 
Solto, meu coração; já disse 
-Não bate certo – precisa de ser amarrado,
Antes que o roube de mim, a morte e a derrota.

JOEL MATOS

JOEL MATOS
por
Jorge Santos
Capítulo 1




Conhecemo-nos numa certa tarde de outono, no caminho do Liceu de Oeiras/Paço de Arcos, chamava-se Sebastião “Silva e mais qualquer-coisa”, perto de Lisboa ou seja entre Cascais e Lisboa, sou muito mau a fixar nomes de sítios, pessoas e coisas; creio que foi numa área de residências de luxo muito antigas, típicas casas senhoriais do antigo regime, pintadas de amarelo e branco; lembro-me que não era muito longe do quartel militar onde Joel Matos, como mais tarde vim a saber o nome; disse que cumpria serviço militar, nessa altura de 1982, em outubro, era um dia já tardio, igual a outro dia qualquer, realizávamos a pé, desde Paço de Arcos a Oeiras, o mesmo trajeto, já nos tínhamos avistado noutras alturas mas nunca tínhamos começado conversa; aparentou-se-me despretensioso e tímido, vestia farda verde seco demasiado larga e ainda maiores as botas, davam um ar cómico de pinguim andante ou Charlie Chaplin sem bengala nem bigode, a boina mal ajeitada e o sentimento de haver sido deslocado no espaço e no tempo que quase todos os soldados do serviço militar obrigatório aparentavam por mais que o tentassem esconder quando perseguiam com olhar e mãos, as raparigas da terra, fartas de soldadinhos imberbes mas atrevidos dentro das cómicas fatiotas esverdeadas, vazias.
Lembro-me particularmente desse ano por uma situação singular, foi aquando da visita do Papa que nessa época era João Paulo II a 12 de maio no Santuário de Fátima, dia em que foi vítima de tentativa de atentado por membro de uma outra religião; saiu ileso dizia-se na altura – por milagre “divino”. O papa perdoou-o em visita à prisão onde se encontrava detido, poucos dias depois do inconveniente episódio. 
Assemelhou-se a algo assim estranho também aquele encontro, mas prefiro usar a palavra invulgar como adjetivo para uma ligação que ainda dura mais de vinte anos depois e para alguém tão pouco comum tal como o Joel Matos, surreal até.
Germinámos parceiros e parecidos no mesmo ano de 1961, temos a mesma idade, embora Joel tenha surgido em mês e dia par e eu em impares ambas as datas, dia e mês.
Nessa noite as aulas passaram tão rapidamente que nem dei por terem acabado, tão determinado estava em desenhar o mistério deste personagem que parecia conhecer irmãmente ou assim como a mim próprio, mas que, por algum motivo de desassemelhava em tantos e importantes aspetos comigo.
Era sombria a áurea que nos rodeava, quase esquisita, e o Joe, pensativo dava aquela aparência de quem não quer receber visitas fosse a que horas fosse, de dia ou de noite. Falámos sem trocar palavras e entendíamo-nos como os mudos se entendem, sem dizer palavra, diminuindo as sílabas vocais. 
Corrosivo e caustico, acabava sempre por pedir desculpa apesar de conscientemente sentir que usufruía como certas as opiniões que tinha além das oportunidades mais honestas deste mundo.
Os dias passaram e nós dois também passámos mais ou menos discretamente de afeiçoados um ao outro a confidentes íntimos, inseparáveis até ao osso e à medula óssea.
Eu podia ter parado, sentia que deveria parar este influenciar mutuo, tive a sensação de proximidade com Joel por diversas vezes antes desse dia e ao longo dos anos embora sempre rejeitasse e repelisse semelhante ideia pois a achava sintomática de esquizofrenia ou loucura, mas ali estava ele finalmente; nós frente um ao outro como irmãos apenas separados por hélio e formas diferentes de ler o nosso próprio conteúdo.
Capítulo II
Incomoda-me ainda hoje, decorridos tantos anos, o nome que atribui a si mesmo esta personagem que sempre e esporadicamente me povoou e se desenvolveu em mim, perante mim e se desenrola agora na minha expressão dramática sem ser necessariamente distinto ou distinta, mas seguindo um instinto separado, não paralelo. Incomoda-me a facilidade de argumentos e o “dark soul”, o modo impulsivo explosivo e compulsivo com que raciocina e a compreensibilidade lógica subjacente e independente, par.
Disse-me um dia Joel em nome de um grande homem que admira “Basta existir-se para ser completo” tomando como princípio que existe ele mesmo e ao qual eu respondi olhando-o nos olhos verdes, lembro-me tão bem, sentados na guarita da Arrábida no Sírio de Maio, 
“Tod’a fraqueza é possível quanto dura for a pele, tu não és fraco, és puro Joel, nada te coíbe de ser inteiro”
(cont)
Jorge Santos (Namastibet)

"Sinto"



“Atravessa-me o vento, meu sonho de ser paisagem voltou, sinto-o dentro”
J.S.

Escolho ...

 



Escolho
Fugir da translação do trapezóide q’gira
Para um universo paralelo, imaterial 
Antes que aos domingos me culpem 
Da desgraça humana e da oca terra,
Mais funda que o ser de sombra sou,
Sou um ser de vidro verde fosco, roxo
Nem a respiração na cara uso, o oposto
É um acto de humildade de que fujo
Deste pra esse outro mundo, doutor
No repúdio e nas estacas dizendo frouxo
Pois não muito a pleura do rosto deixa e dá
Que a sensação de algo mais que de mim
Sou, cópia de “Orc” imundo, “Ogre” russo,
Óscar do indulto a mim próprio, o insulto 
Me delicia como numa contrição curva e fujo 
Da exterioridade absoluta como o Cristo
Sumido da Cripta cova depois do sétimo dia
Ao lusco-fusco, íntimo da dor, a sova uma 
Carícia mórbida e o sorriso um falso esgar 
Que usa ao Sábado na cara e no Carnaval
Se deita fora, oxalá o crepúsculo dos deuses
Não seja adiado e eu não tenha privilégio 
De escolha por via de ter um resfolgar
Divergente do resto dos rostos criados
Do barro e na boca torta donde me vem 
Impuro, poluto o ar … a mão e a terceira
Falange completa o eixo, pai, filho e espírito-
-Santo, âmen … 



Jorge Santos (05/2018)



Conduz-me a razão.




Conduz-me a razão
E a razão me desvia
por múltiplos motivos,
Por fora eu sou todo eu,
Por dentro, debato-me
Entre a variante forma
De mim mesmo, funda
E abismo, tão falsa
É a vulgar crença
Que o universo gira
Num disco plano
E com que objectivo,
Mas dentro de mim,
Em ângulo aberto,
Eu fechado; um pobre orgulho
Me conduz, cadinho
Do sentir inferior, 
Mitigo inconsciente 
Um outro mundo,
Escapo aos sentidos,
Como caroço de cereja,
Na glote duma velha,
Necessito acreditar,
E parte nenhuma do corpo
Me provoca isso,
Crio razões tal como o Hebreu
Do crucifixo,
Estimo o que não conheço.
Pelo que tenho visto.
Conduz-me à razão,
Morrem no meu peito opiniões,
Assim é o vício do sacrifício
E a comunhão com os fantasmas,
Dos místicos.

Li berdade ...



Liberdade …
Lê verdade , depois “vota” …
Me convenço que sou livre,
Pois voto, sei ler quase tudo,
Vejo mal ao perto,
Li berdade em algum lugar
do “Shopping Center”,
De seguida m’iludem
Não sei ao certo se
Com a mentira ou com 
O erro grosso e descreio
Que sou livre tendo
Realmente acesso vetado
Às Egrégoras e Concílios,
Apenas vejo vulgares montras
Sendo eu de baixa estatura,
Pouco largo de pensamento, 
Receio – minha escura rua, a pele,
Vejo mal ao perto,
Li berdade em lugar de amor,
Não sei onde ao certo,
Se convencem que sei 
Ler o que escrevem, mal escrito,
Mas corro risco de ser preso,
Por delito de opinião,
Quando copio o que leio ou tento,
No muro dos menos loucos,
Pois leio de perto e mal
E nada ao longe vejo,
Que esteja certo,
Nem ontem li berdade,
Me gritava de cimo do muro,
Outro mais louco que eu…
Tsé-Tung / Lenin / Brecht/
Mein Kampf ! Pol Pot …


V de Vitória - Revolução -



Trabalho digno
ou 
V de Vitória Revolução
Julgo que não sou potente 
Quanto um rinoceronte,
Nem inocente é esta voz,
-Motor de explosão-aparento
Reacção em cadeia. Basta!
Sejai pirotécnicos, pavios
E não estrelas d’Hollywood
Decadentes, gastas, mortas.
Napoleão tinha um sonho,
Que não era um sonho,
Na verdade a mão nem era ao peito
Mas na glande e na barriga grande,
Não pode ser inocente a arte de
Quem sofre, nem impotente o lorpa,
Gamela-pote de merda-mixórdia,
Boca pode ser cão d’espingarda,
Não sou escasso quanto o bisonte,
Nem Geronimo acreditava, 
Haver prado pra toda a gente,
Sou potente e é de pólvora
Que vos falo tb. (boa gente qb),
Sejamos, sejai pirotécnicos, gatilhos
Da morte, Revolução é forja,
Ferro e fogo é o mote, o aguilhão. 
Nem mansa é a arte desta glote,
Não pode, nem podem dar-me voz
De prisão, gado gordo é gado morto,
Cavalo bravo é golpe, é galope,
É bairro de pobre, é Maio onde vivo,
Primeiro eu digo -Viva o trabalho
Depois grito – Viva o trabalho 
Digno, derrota não dá escola,
Nem pensão é esmola de preto,
Cinco dedos tem uma mão,
Dois juntos -V de Vitória, acção
É pão …

"Je ne dis rien, tu m'écoutes"



Somente à poesia é que se aplica
A convenção mnemónica de amar sem volta.
Como qualquer fenómeno meteorológico,
Pra ser compreendido, há que ser estudado,
“Je ne dis rien, tu m’écoutes” é o axioma
De ser poeta e eu não consigo alterá-lo,
Mas isso não me explica, nada se explica
Sem ser tocado, somente me reconheces,
Eu não creio em nada, qualquer coisa amo,
Um relógio é uma mesa, igual a beleza 
Dos ramos de uma mesma giesta, tudo
Será esquecido ou apenas eu record’o passado,
Pra ser compreendido há que ser estudado,
Ramos buscam ramos, que seja eu esgalhos 
D’abeto gigante, nada indica que sim, nada se 
Deve achar, a dúvida é em si mesmo um fim,
Somente à poesia é que se aplica, ao agnostico
O tampo da mesa e ao agiota o tempo 
Que se retira a quem se for, mesmo a mim…
Sou conduzido por acidente a um sonho
Sem cura, culpa da memória que divide 
Os erros entre mim e eu infiel, infiéis os líricos,
É a maneira de dizerem o que pensam,
Sem largarem das mãos o céu, só meu,
Sou eu …”Je ne dis rien, tu m’écoutes”


Um buraco enorme em mim.



Um buraco … 
A barraca encarnada,
Sem saudade não é nada,
Como quem perde o destino,
Pesa-lhe a vida passada,
Ainda a julgo habitada,
Pela passagem do tempo,
Esse barraco, era a morada
Do meu sonhar em tempos,
Contará amanhã o vento,
Dentro d’paredes caídas,
Imitação d’Stabat Mater,
Como quem se dá ao inútil, fútil
E sem titulo, de uma vida
Apagada do que fomos,
A barraca abandonada,
Não resistiu ao culto
Do novo, no panteão
Do firme da obra feita,
Do estorvo, mas eu 
Nada sou fora dela,
A barraca é o meu mundo,
Encarnando eu a parte 
Bela dela, barraca,
Barraco encarnado, 
Desgraçados e iguais somos,
Eu a ele, buracos e pregos,
Mais nada. Sem fim,
Um buraco enorme em mim.

Peixes ...




Não me livro desta sinistra coisa, feia,
Que se nota e depois esquece, sou fútil, inútil
Até no que consigo descrever, as sensações
Apenas decoram a minha crença e delas não me livro,

Às vezes dou por mim a pensar,
Se terei nascido do lado errado do mundo,
Pois tudo o que faço, já foi feito 
E mesmo que rasgue este peito,

Fazendo o que mais sei, não surte efeito,
Se é que é um feito, fazer o que tento,
Se o mesmo foi feito por todos,
Nascidos do lado certo de tudo.

Se tive sete minutos da vossa atenção,
Foi o mais íntimo que vivi em vós outros,
Não o tempo que gastámos juntos, não
Somos dois ouvindo, mas um falando só,

Falar queria eu falar, na língua dos peixes,
Pra discursar sobre o equilíbrio
E me livrar daquilo que é ter peso
E não ter nada pra dizer aqui na Terra

Que seja novo ou verdade, mas aos peixes,
Ah, os peixes sinistros, feios,
Deuses me livrem ... não me livro desses
Peixes.






Jorge Santos (05/2018)
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Sou pasto de fogo fácil



Sou pasto de fogo fácil e melancolia dessa 
Que passa depressa mas acho que sou, 
Provavelmente o mais alegre dos homens à Face
Do mundo, não sou um optimista, 
Espero que o fogo por mim se propague 
Sem que eu o atice, nem protagonista sou
E não conto com a chuva pra que se
Extinga um fogo, um pessimista é alguém
Que não confia na ajuda divina,
Penso que provavelmente faço da
Melhor poesia do mundo na língua que me Deram
A entender e me cumpre engrandecer,
Assim me ajudem os deuses.

Pode ser poesia outra coisa senão
Sensações sensíveis, emoções emocionais,
Intimidades intimas, experiências
N/experimentadas, temperamentos n/ 
Temperados, frases inesperadas, 
Manifestação de descontentes,
Pensamentos como de quem pensa
Valer a pena sem deveras valer, 
Sentir arder, sofrer, sangrar sem nada disso
Ter, seja alegrar o doer, depressa o devagar, 
Lento dentro dentro dentro ...

Pode ser poesia o luar,
A ciência dos astros, também pode ser
Um eucalipto a arder e o verão no verão;

Dizer é peculiar, Deus é deus,
Pode ser poesia o luar acrescido
E o prazer que tud’isto me dá,
Que outro não há na terra,
Tão imortal como este,

Sem ser dos Deuses e o meu
Mar, pode ser a poesia,
Outra coisa senão sensação
Emocional, manifestação
Do pensamento ou fenómeno externo,
Extremo e inteiro ...




Jorge Santos (05/2018)
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Minha alma é um lego





Minha alma é um lego


Minha alma é um lego aos bocados,
Pena eu não os saber montar certo
Nem direito, sobram sempre peças
E o mais difícil é montar as palmas

Nas mãos e na ponta dos dedos, as 
Unhas e o encantamento na floresta
De cabelos, não recordo cada um dos
Pelos ou a ordem por que são postos

Os cotovelos, apostos ao torço,
Não sei desmontar palavras,
Sinto-lhes a angustia de sentirem
Presas a mim, tanto que não posso

Definir o que sentem ser amor ou 
Ódio por serem presas e não guelras,
Que nos pregaram na boca.
Minha alma é um leque aberto q-b.,

Minha alma é um lego e os pedaços
Pensam não os saber montar, nem certo
Nem direito, falta sempre o pulso no braço
E o mais difícil é montar as palmas

Em pleno voo, abertas quando.bato.asas,
Fechadas porque as celas tem grades,
Querendo eu escrever meu nome no
Espaço Em Letra Grande Gigante, Maior

Que o Maior Monte, Lago ...





Jorge Santos (05/2018)
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Quero o beijo antes que seja boca,






Quero o beijo antes que seja boca,


Quero o beijo antes que seja boca 
A íntima delicadeza do fazer amor !!!
A sensação de grandeza ao cantar o hino
A agudeza do orgasmo e a cor dos sonhos

Um flor e uma ponte ligadas por um arquitecto
Louco, quero sobretudo o beijo antes que a boca
E as orgias de tudo o que me é exterior 
Pra que possa ver do outro lado, 

As coisas sonhadas do lado de cá de tudo,
A íntima delicadeza do fazer amor !!!
A agudeza do orgasmo e a cor dos sonhos,
A sensação de grandeza ao cantar o hino,

A certeza de uma boca meio-aberta,
O movimento com que cinjo a tua cintura
E a aperto contra mim em linha recta,
Tal como a intercessão de pensamento

Que tento e não consigo, não sou mágico,
Não sou magnífico, o que digo é o que sinto
E o que a alma deixa cair no chão, se parte
Numa sucessão de pedaços que não é carne,

Não é sangue mas dão a sensação de ser boca,
Perdida enfim a fé no beijo antes de ter vida, 
Mas não neste meu ritual que é falar despido,
Sentir que te aperto contra mim por puro gozo,

Não por estética, efémero o beijo, a troca
Da dor pelo amadurecer, da serra o amarelar
Do chão ... 









Jorge Santos (05/2018)



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(Demente em contra-mão)





(Demente em contra-mão)



Pra mim o inferno
É onde toda'luz é rara,
Dispersa a névoa,
Suspensa no dia,
Em que tud'é pó
E no que me fizer então,

Pra mim o paraíso
É aí e só falta beber
A ira d'est'alma torda,
Que me conjura e dói,
Como o instinto aceso,
Dum louco no verão,

Pra mim o inferno
É onde me sento,
Timoneiro de cento
E um torpedeiros e penso
Se amanhã serei eu pó
Em contra-luz, eu não,

Apenas céu e vento lento,
Minh'alma sem ralho,
Bocejo de "gajo" manso,
Disperso, infeliz "à sorte"
De fruta podre e tão só...
(Demente em contra-mão)







Jorge Santos (05/2018)
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Como rei deposto numa nação de rosas ...





Como rei deposto numa nação de rosas,
Tenho palavras sem futuro, sem álibi
Nem provas, a recordação é um mito
Tal como o universo é infinito, as rosas, flores.

Coroai-vos de espinhos e tereis ares de rei,
Coroai-me das mesmas e renunciarei nesse dia
Ao trono temendo que elas aí murchem,
Tal como a maioria dos homens que sonham

E não podem ter, sensibilidade é aquilo que
Não se pode possuir, digamos que é
Preciso sentir pra ser leal à ideia do príncipe,
Ser vencido é abdicar dessa realidade de

Dimensão divina como rei deposto numa
Nação de rosas, vê-las é o sentimento desfraldado,
desfeito o pau da bandeira, do Império,
Como um rei deposto numa nação sem rosas,

Um testemunho antigo acrescenta à razão
Não só o que me faz, mas o que traz meu
Coração súbdito do rei, do reino longínquo
Que é onde a utopia é estrela e a coroa é de farsa ...






Jorge Santos (05/2018)
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Põe flores no meu quarto ou não, nenhuma ...



Põe flores no meu quarto,


Nem só as casas geram ruas,
Ao passar destruí-as uma a uma,
Duas a duas, nenhuma resta 
Durmo a céu-aberto, m'embala

A alma, não preciso de tecto,
(Põe flores no quarto ou não,
Não ponhas nada por enquanto)
Vivo sem querer, sonho sem sentir,

Caminho, não para passear em ruas,
(Falsa idéia essa de serem casas)
Onde ando concerteza não é certo,
Nem só as casas geram luz,

O coração humano é um universo,
Não o ver é estar dentro ou perto,
Procuramos e não vemos nossas casas,
Contemplamos a distância com timidez

De vaga-lume, usamos guarda-chuva
Aberto quando a alma não precisa
D'tecto, nem o arame do trapézio
É fixo, a giz se desenha e altera,

Há que não fechar duas a duas, 
As janelas das ruas, uma a uma,
Quarto a quarto, certo no Homem
É o génio, esferas serão casas,

Nós os anjos...




Jorge Santos (05/2018)
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Matéria é escuro e o ouro...





A matéria é escura ...



Leve, leves as sombras almas,
A ciência aos espíritos não importa,
Em analogia a luz é a ribalta,
Aos olhos do oculto, do mistério,

As minhas visões são mero limo,
Ideia abstracta e nua o que penso
E vejo como velas, se não houver
Luz e vida agora, minha alma será

Apagada de vez, mais valia estar
De olhos fechados, vendo a sombra
De meu mestre, que assistir do
Alto da torre do sino ao fim do dia

Breve, breve a sombra das almas,
Vieram para louvar a ânsia de viver,
A ciência aos espíritos não importa,
A arte é o outro lado, a dança eterna,

A vida escura que nem o meu
Respirar interrompe e onde os
Sentidos meus se movem como fumo,
Em analogia a luz é a ribalta 

E o ouro... matéria é escuro.











Jorge Santos (04/2018)
http://namastibetpoems.blogspot.com

tradutor

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