Sem estar, s'tou ...








Sem es’tar es’tou,
Eis quanto e comum
Eu sou, ao ponto de ser
Peculiar em mim o ridículo, 
Sem estar estou, apenas
Cansado de estar cansado,
Sorrindo sem estar contente,
Sem estar s’tou noutro lado,
Diferente e igual, sem estar
Me vou sentando entre gente,
Sinto-me pensar sem querer,
Perdido sem me perder, a ideia
De me perder é um desejo,
Um compromisso que assumo,
Tal como sonho o espaço
Sem o ver, sem í’star, sem o ter
Como quem conheço desd’início,
Apenas plo sorriso 
Que podia ser d’alegria ou não ser,
Afinal que sorrir’alma tem,
Apenas cansaço eterno, 
Minha ilusão terrena, efémera,
Nem outra coisa é preciosa
Mais pra mim qu’esse alguém,
Nesta ausência total de gente,
Eis quanto e comum
Eu sou neste triste circo,
Que tão pouco vida ou fera tem,
Procurando o que não encontro
Sonhando o que não existe,
Sorrindo sem vontade a tud’isto
E a quem está cerca, sem estar,
Apenas um esquivo e disto, pretenso,
Ridículo, “snob”.
Eis quanto e comum
Eu sou, tal qual o ar tíbio
Em que, pra sempre me vou …

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tradutor

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