Deixem-me sair e ter comigo, uma conversa a dois,
Em que seja eu senhor do meu domínio, ruim dono
D'mim mesmo, Alcalino quanto o vento que sopra escuro
Quant'o vermelho duro que tenho na face severa, cara de povo,
Não interessa, que me deixem sair velado, aziago,
Ir ter comigo na liça, na clareira do mato vetado, encoberto
Subjacente ao bosque da bruxa, porque estou convicto, certo,
Qualquer coisa, em mim, benévola e residente,
Me desatina a enfrentar a morte, andar léguas
A-monte, descalço sobre carqueja e giesta, urze, restolho,
E linho, em pêlo e a galope numa besta roubada, folhas
De couve e bolotas, curcuma, azia e diarreia, sede,
Deixem-me sair comigo e que me não bata, porca
A suavidade, a um portal, é lugar de cativo a derrota,
É um vício, e o meu desejo é sentir-me livre, varejo
Quando mijo torto no souto quer pra esquerda,
Para a direita ou em solfejos irregulares, efeito
Borboleta, para o ar ou pra uma greta, deixem-me,
A substância essencial à vida é um mistério, mas
A busca, o lusco fusco eterno é o que me faz rugir,
Fujo dos escolhos da maré-vaza e do chá morno,
Da casa, em pêlo e a galope, mais ou menos às cinco,
Cinco da tarde, da tarde mansa e me lanço no sublime
Trilho que é pra mim estar vivo e fugir por'í "ao vivo",
A galope e em pêlo ...
2 comentários:
Tantas vezes nos procuramos dentro de nós. Tantas vezes nos encontramos sem nos esperarmos... O poeta desnudado a confrontar-se consigo mesmo. Belo poema introspectivo.
Uma boa semana com muita saúde.
Uma braço.
Com uma pequena introdução de Bernardo Soares, muito obrigado
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