Põe flores no meu quarto,
Nem só as casas geram ruas,
Ao passar destruí-as uma a uma,
Duas a duas, nenhuma resta
Durmo a céu-aberto, m'embala
A alma, não preciso de tecto,
(Põe flores no quarto ou não,
Não ponhas nada por enquanto)
Vivo sem querer, sonho sem sentir,
Caminho, não para passear em ruas,
(Falsa idéia essa de serem casas)
Onde ando concerteza não é certo,
Nem só as casas geram luz,
O coração humano é um universo,
Não o ver é estar dentro ou perto,
Procuramos e não vemos nossas casas,
Contemplamos a distância com timidez
De vaga-lume, usamos guarda-chuva
Aberto quando a alma não precisa
D'tecto, nem o arame do trapézio
É fixo, a giz se desenha e altera,
Há que não fechar duas a duas,
As janelas das ruas, uma a uma,
Quarto a quarto, certo no Homem
É o génio, esferas serão casas,
Nós os anjos...
Jorge Santos (05/2018)
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