A lucidez na loucura ou os cabelos de Berenice




( A lucidez na loucura)
Tenho pensamentos quasi’venais
Nos beiços, na língua, no queixo, em braille 
Nos cotovelos, nos quasi’brancos cabelos
Com’a Berenice tem, belos…belos,
Pudesses tu vê-los,sabes… se
Soubesses do que falo, dito 
Deixariam d’ter segredos,
Os maciços de nebulosas distas
Das alamedas de lata podre, 
Lar das princesas feias, Ogres
Alimento infinito de orgias, vaginais
Meus sonhos de imenso e magias,
Tenho pensares tais e diversos,
Quantos os beirais das vielas sombrias,
Vagas quanto das veredas de terra greda,
As estrelas que avisto no espaço,
Pudesses vela-las tu p’las 
Frestas da lona suja, verias fábulas
Dum crédulo, à luz de luz incerta,
Roto e sonhando-me do cosmos,
Mago majestoso em Terra-finda,
Vejo em tudo que brilha,
Ouro, só sal ódio e erva-minga,
Destroços de qualquer cometa,
Bairros de trolhas, imundice
Ratos, puxadas ilegais de luz
Tal e qual cabelos de Berenice,
(A lucidez na loucura)
Não passamos de minhocas, 
Que brilham a preto no escuro, 
Na textura do espaço/tempo,
Explica-mo-lo a ouro e sinais
De néon no vácuo que ficará
De nós depois do circo ir embora,
Erva gasta e podre, lixo
E um hino de horror à vida
Na Terra nossa gémea, dos cabelos 
Verbais que Berenice tem,
Soubessem eles que, realmente 
Falo da lucidez na loucura .

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