Expiração


Inspiração


Tenho s’critos nas paredes,
Inúmeros versos, não meus,
Nem m’importo dos dramas,
Serem pequenos, nem das lendas,
Serem d’outros, em mentiras
Obscenas e promessas tidas.


Nã’m’importo, s’o poema
For’o meu, só o direi, apenas
Se for plagio, mudo de tema
E s’esganar, d’agoiros teimo
E istmos, às avessas , controversos,
Feitos de nadas e vulgos.


Se persigo, no estalar dos dedos,
As siglas, que me revelam,
Lisas, lisas como penedos,
Não de segredos se m’impregnam
E coabito nos regos d’ouvidos,
No fisgo, no nó da garganta.


Se mudo de opinião, no despojo
M’amocho sem tesão , coaxo e finjo,
Como rã no pântano , debaixo do junco
E no fosso malcheiroso, nas brumas
On’dantes jazia discreto e branco,
Eu venho de lá , no truz-truz d'luz q’aspiro.


Jorge Santos

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